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GRACILIANO ROCHA, de SALVADOR
18/06/2012 - 17h43
A sucessão de greves de
servidores públicos da Bahia se transformou no principal foco de desgaste do
governador petista Jaques Wagner e alimenta a artilharia dos adversários do PT
na eleição para a Prefeitura de Salvador.
Pesquisas por telefone
encomendadas pela pré-campanha de Nelson Pellegrino (PT) já detectaram
potenciais estragos eleitorais da greve dos professores do Estado, que já se
estende por mais de dois meses.
Segundo o
sindicato, é a paralisação mais longa da categoria no Estado.
O PT teme que o passivo
político do governo contamine a campanha municipal ao enfraquecer o potencial
de Wagner como cabo eleitoral e, por tabela, elevar a rejeição ao candidato do
governador.
Professores querem reajuste de
22,22% neste ano e o Estado ofereceu 14%, escalonados até 2013.
Em fevereiro, policiais
militares pararam por 12 dias, abrindo espaço para uma onda de violência em que
ocorreram 176 assassinatos em Salvador e na região metropolitana (o triplo do
normal).
Enquanto o impasse permanece,
opositores do DEM e do PMDB indicam que os problemas do governo com os
servidores serão explorados na campanha.
"É inevitável que o PT
pague o preço porque o eleitor vai comparar o que o partido pregou nas
campanhas e o que está fazendo no governo", disse o deputado federal ACM
Neto (DEM), pré-candidato à prefeitura.
Nos últimos dias, o governo
veicula publicidade em rádio e TV com apelo aos professores pela volta às
aulas. Wagner subiu o tom e acusou os docentes de prejudicarem os estudantes
por intransigência.
"É uma situação incômoda,
mas o governo está buscando uma solução. Eles [DEM e PMDB] não têm legitimidade
para criticar porque sempre trataram trabalhadores como caso de polícia",
disse o presidente do PT-BA, Jonas Paulo.
Procurado, Pellegrino não
respondeu aos pedidos de entrevista.
"ANGÚSTIA"
Estudante do terceiro ano do
ensino médio, Maria Moura, 17, se diz "angustiada" com a greve que
mantém sua escola fechada há dois meses em Salvador.
Além do temor de não concluir o
ano letivo, ela diz sofrer com a defasagem no aprendizado. Moura espera obter
nota alta no Enem e cursar medicina em 2013.
"Estou fazendo cursinho e
está muito complicado entender conteúdos que não aprendi porque não teve aula."
O Sindicato dos
Estabelecimentos de Ensino da Bahia registrou aumento da procura de pais de
estudantes de escolas públicas por matriculas em colégios particulares, mas
eles estão ouvindo sucessivas recusas.
"Nos últimos 15 dias, mais
de 50 pais vieram tentar matricular os filhos, mas não pudemos absorver esses
alunos porque não temos como retroagir no conteúdo", diz Fátima Franco,
diretora pedagógica do Colégio Análise.
O governo informou que irá
anunciar na próxima semana um plano para retomada das aulas e reforço escolar a
estudantes do último ano, mesmo que a greve continue.
Fonte: Folha
UOL
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