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Sérgio Domingues*
A aliança entre Lula e Maluf
não deveria surpreender. É consequência natural da história mais recente do PT.
Mais precisamente, desde que o setor dirigente do partido decidiu governar “com
responsabilidade”.
Governar “com responsabilidade”
implica aliar-se com os responsáveis pela secular situação de injustiça social
do País. Por que Maluf estaria fora disso? Ou Sarney e Collor? E os
desentendimentos com os tucanos só se explicam por problemas de pequena política.
O revolucionário Antonio
Gramsci explicava a pequena política do seguinte modo: A política menor
compreende as questões parciais e quotidianas que se apresentam no interior das
estruturas já estabelecidas, em virtude de lutas pela predominância entre as
diversas facções de uma mesma classe política.
A definição aparece nos
“Cadernos do Cárcere”. Em contraposição a ela, Gramsci define a grande política
como sendo aquela ligada à “luta pela destruição, a defesa, a conservação de
determinadas estruturas orgânicas econômico-sociais”. A única destruição a que
o PT vem se dedicando é a da esperança de milhares de militantes.
Mas seria injusto dizer que a
atuação dos petistas nada tem a ver com a grande política. Esta também pode ter
como objetivo "excluir a grande política do âmbito interno da vida estatal
e reduzir tudo à pequena política", diz Gramsci. Aí, trata-se da política
que interessa aos poderosos, claro.
Eis o papel a que o PT se
reduziu. Apequenar as lutas históricas dos trabalhadores. Torná-las nota de
rodapé da grande política oficial. Pelo menos, enquanto não conseguirmos voltar
a fazer valer a política das pequenas lutas que se agigantam.
*Sociólogo.
Fonte: Pílulas
Diárias
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