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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Haiti: soberania já! Jornada continental em 1º de junho pela retirada das tropas da ONU


Fotografia: juventuderevolucao.org

por Julio Turra
29/05/2012
Desde 1º de junho de 2004, uma força internacional de ocupação se instalou no Haiti. Denominada Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah),ela tem seu contingente militar sob comando do Brasil.
Como denunciam organizações sindicais e populares haitianas há muito tempo, o objetivo oficial de “estabilizar” o país, na verdade, encobre o verdadeiro alvo da ocupação militar: garantir os interesses de multinacionais instaladas em zonas francas para se aproveitar do baixíssimo custo da mão de obra local; proteger a propriedade de minúscula elite haitiana, reprimir os movimentos de protesto e reivindicação dos trabalhadores, estudantes e camponeses, defender governos impopulares saídos de fraudes eleitorais.
Durante esses oito anos casos de violação de direitos humanos foram denunciados local e internacionalmente, envolvendo efetivos da Minustah. Durante o terremoto de janeiro de 2010, que custou cerca de 300 mil mortos ao país, as tropas da ONU se limitaram a proteger alguns edifícios públicos e seus próprios quartéis, ficando o povo jogado à sua própria sorte (ainda hoje existe cerca de 1 milhão de desabrigados que vivem em tendas precárias). O Comitê Interino de Reconstrução do Haiti, dirigido por Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, passou a jogar o papel de governo de fato do país desde então.
Ao longo do ano de 2011, uma epidemia de cólera devastou o país. Segundo denúncia da Embaixada da Suécia no Haiti, ela foi introduzida por tropas do Nepal que fazem parte da Minustah, causando a morte de cerca de 7 mil pessoas e mais de 5 mil contaminados identificados.
Nessas condições terríveis, o povo haitiano não deixou de lutar por um futuro melhor, os sindicatos tratam de organizar-se para defender os trabalhadores e a soberania nacional do Haiti, como o fizeram uma vez mais nos Atos de 1º de Maio deste ano, como o ocorrido em Ounaminthe, organizado pela Central Autônoma dos Trabalhadores Haitianos (CATH), cidade que tem uma zona franca e onde foram demitidos dirigentes do Sindicato Sofezo-Codevi, cuja readmissão é pedida numa campanha internacional impulsionada pela CSI. 

Jornada Continental em 1º de junho
A proposta de realizar a jornada continental pela retirada imediata das tropas da ONU do Haiti foi lançada em São Paulo, num Ato público realizado na Câmara Municipal com 600 participantes, onde a CUT esteve representada (ver TV CUT
http://tv.cut.org.br/programa/431/jornal-da-cut-134
 http://tv.cut.org.br/programa/444/a-gente-discute-30).
Ato que contou com a presença de representantes de 7 países, inclusive o secretário geral da CATH, Fignolé Saint-Cyr, central haitiana que tem um acordo de cooperação com a CUT para a formação sindical e construção de sua sede (perdida no terremoto).
Posteriomente, organizaçôes haitianas, reunidas numa conferência na cidade de Cap-Haitien no final de 2011, abraçaram a proposta e organizam atividades em 1º de junho em várias pontos do país.
Atos públicos, debates, delegações a embaixadas, vão marcar o 1º de junho também na Argentina (com apoio da CTA), no Uruguai (apoio do PIT-CNT), México, Equador, República Dominicana, Peru, Estados Unidos e até na França (antiga potência colonial do Haiti).
No Brasil atividades da Jornada ocorrerão em Brasília, Fortaleza, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador e São Paulo. Nesta última cidade, ocorrerá a entrega de documento dirigido ao governo brasileiro pela retirada das tropas do Haiti, com manifestação diante do escritório da presidência da República (Avenida Paulista, conjunto nacional), às 17 horas.
Em 1º de junho, em vários países, estaremos ao lado de nossos irmãos haitianos para exigir:
• Anulação total e incondicional de todas as dívidas do Haití;
• Fim da política de ajuste estrutural;
• Restituição pela França dos 21 milhões de dólares pagos pelo Haiti quando de sua independência;
• Retirada imediata das forças de ocupação;
• Supressão do CIRH (Comitê Interino pela Reconstrução do Haití), instancia supranacional dirigida pelo ex-presidente de EUA, Bill Clinton;
• Indenização pela ONU de todas as vítimas da Minustah.
Fonte: CUT

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