Fotografia: juventuderevolucao.org |
por Julio Turra
29/05/2012
Desde 1º de junho de 2004, uma
força internacional de ocupação se instalou no Haiti. Denominada Missão das
Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah),ela tem seu contingente
militar sob comando do Brasil.
Como denunciam organizações
sindicais e populares haitianas há muito tempo, o objetivo oficial de
“estabilizar” o país, na verdade, encobre o verdadeiro alvo da ocupação
militar: garantir os interesses de multinacionais instaladas em zonas francas
para se aproveitar do baixíssimo custo da mão de obra local; proteger a
propriedade de minúscula elite haitiana, reprimir os movimentos de protesto e
reivindicação dos trabalhadores, estudantes e camponeses, defender governos
impopulares saídos de fraudes eleitorais.
Durante esses oito anos casos
de violação de direitos humanos foram denunciados local e internacionalmente,
envolvendo efetivos da Minustah. Durante o terremoto de janeiro de 2010, que
custou cerca de 300 mil mortos ao país, as tropas da ONU se limitaram a
proteger alguns edifícios públicos e seus próprios quartéis, ficando o povo
jogado à sua própria sorte (ainda hoje existe cerca de 1 milhão de desabrigados
que vivem em tendas precárias). O Comitê Interino de Reconstrução do Haiti,
dirigido por Bill Clinton, ex-presidente dos EUA, passou a jogar o papel de
governo de fato do país desde então.
Ao longo do ano de 2011, uma
epidemia de cólera devastou o país. Segundo denúncia da Embaixada da Suécia no
Haiti, ela foi introduzida por tropas do Nepal que fazem parte da Minustah,
causando a morte de cerca de 7 mil pessoas e mais de 5 mil contaminados
identificados.
Nessas condições terríveis, o
povo haitiano não deixou de lutar por um futuro melhor, os sindicatos tratam de
organizar-se para defender os trabalhadores e a soberania nacional do Haiti,
como o fizeram uma vez mais nos Atos de 1º de Maio deste ano, como o ocorrido
em Ounaminthe, organizado pela Central Autônoma dos Trabalhadores Haitianos
(CATH), cidade que tem uma zona franca e onde foram demitidos dirigentes do
Sindicato Sofezo-Codevi, cuja readmissão é pedida numa campanha internacional
impulsionada pela CSI.
Jornada Continental em 1º de
junho
A proposta de realizar a
jornada continental pela retirada imediata das tropas da ONU do Haiti foi
lançada em São Paulo, num Ato público realizado na Câmara Municipal com 600
participantes, onde a CUT esteve representada (ver TV CUT
http://tv.cut.org.br/programa/431/jornal-da-cut-134
http://tv.cut.org.br/programa/444/a-gente-discute-30).
Ato que contou com a presença
de representantes de 7 países, inclusive o secretário geral da CATH, Fignolé
Saint-Cyr, central haitiana que tem um acordo de cooperação com a CUT para a
formação sindical e construção de sua sede (perdida no terremoto).
Posteriomente, organizaçôes
haitianas, reunidas numa conferência na cidade de Cap-Haitien no final de 2011,
abraçaram a proposta e organizam atividades em 1º de junho em várias pontos do
país.
Atos públicos, debates,
delegações a embaixadas, vão marcar o 1º de junho também na Argentina (com
apoio da CTA), no Uruguai (apoio do PIT-CNT), México, Equador, República
Dominicana, Peru, Estados Unidos e até na França (antiga potência colonial do
Haiti).
No Brasil atividades da Jornada
ocorrerão em Brasília, Fortaleza, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador e São
Paulo. Nesta última cidade, ocorrerá a entrega de documento dirigido ao governo
brasileiro pela retirada das tropas do Haiti, com manifestação diante do
escritório da presidência da República (Avenida Paulista, conjunto nacional),
às 17 horas.
Em 1º de junho, em vários
países, estaremos ao lado de nossos irmãos haitianos para exigir:
• Anulação total e
incondicional de todas as dívidas do Haití;
• Fim da política de ajuste
estrutural;
• Restituição pela França dos
21 milhões de dólares pagos pelo Haiti quando de sua independência;
• Retirada imediata das forças
de ocupação;
• Supressão do CIRH (Comitê
Interino pela Reconstrução do Haití), instancia supranacional dirigida pelo ex-presidente
de EUA, Bill Clinton;
• Indenização pela ONU de todas
as vítimas da Minustah.
Fonte: CUT
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