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quarta-feira, 6 de junho de 2012

John Reed, cronista da revolução inacabada


Na obra de um jornalista norte-americano, reportagem e paixão pelos rebeldes russos que se julgaram capazes de mudar o mundo.
Por Arlindenor Pedro

O século XX foi o da tentativa de materialização das grandes utopias modernas, confrontando opiniões e levando a duas grandes guerras de caráter mundial.
Já em 1917, a revolução bolchevique passou a embalar o sonho da maioria dos marxistas, que tiveram a chance de acompanhar a implantação da primeira experiência mais sólida de um estado socialista – pelo menos, de acordo com os conceitos leninistas. Também, a Itália viveu a sua utopia, a de um estado fascista, que influenciaria a experiência nazista de Hitler e falanges em todo o mundo.
Na América do Norte, a burguesia liberal aprofundou a sociedade de mercado, levando-a a um plano inimaginável, com novos produtos, novas organizações para o trabalho (divulgado por Hollywood, o modo de vida americano passou a ser invejado por muitos). Na China chocaram-se, numa grande guerra civil, as forças e ideias de Mao Zedong e do Kuumitang. Mesmo os japoneses não ficaram imunes a esse movimento global, e tentaram aprofundar seu grande sonho: o de um grande Japão, estendendo-se por toda a Ásia.
No intervalo das duas grandes guerras, viveu-se um período de grandes efervescências que se materializou numa arte revolucionaria e em militantes inquietos e sonhadores. Revoluções explodiam em todo planeta. No Brasil, as ideias tenentistas e da Semana de 22 asfaltavam as estradas que levariam à revolução de 30.
John Reed foi um desses revolucionários que procurou viver plenamente o clima do século XX; daqueles que tinha como projeto de vida a realização de suas utopias. Trata-se de um tipo de personagem heroico, que poderíamos encontrar nos romances de Érico Verissimo (como o personagem Vasco, por exemplo), que são capazes de abandonar tudo e participar de uma guerra civil em um país distante, (como a Espanha…), para defender seus ideais.
Americano de Portland, filho de uma família de posses, Reed formou-se em Harvard, um centro do pensamento conservador norte-americano. Mas, para loucura de seus mestres, não seguiu o caminho tradicional dos filhos da burguesia. Viveu a sua curta e intensa vida no bairro boêmio de Village, em New York, nas primeiras décadas do século XX, rodeado de intelectuais, artistas e revolucionários, destacando-se como um dos mais brilhantes jornalistas do inicio daquele século. E como um intelectual que colocou como objetivo de vida engajar-se nos movimentos sociais, dando voz aos oprimidos pelo capital.
Amigo de Emma Goldman, importante ativista anarquista daqueles tempos, e de líderes sindicais do movimento socialista, sempre postou-se ao lado dos mais fracos, colocando seu talento literário a serviço das causas operárias, fazendo a cobertura jornalística das greves e confrontos contra os patrões.
Jornalista por escolha, e defensor de ideias libertárias, viu na revolução mexicana de 1912 um grande acontecimento popular. Reportou-a com o risco da própria vida, chegando, inclusive, a fazer uma histórica entrevista com Pancho Villa, um dos líderes da revolução camponesa, de quem se tornou amigo.
Por suas ideias e atitudes contestatórias, Reed foi perseguido e discriminado na grande imprensa norte-americana. Por isso mesmo, tornou-se de grande valor Reds – filme que, produzido em Hollywood, tenta retratar alguns momentos de sua vida.
Talvez, pelo caráter romântico e aventureiro que esta adquiriu e pelo grande romance que o jornalista viveu com feminista Louise Bryant, sua companheira até a morte, essa produção centra-se mais no romance das suas vidas em comum, colocando em segundo plano uma extensa e intensa obra de militante de esquerda, no país mais importante do capitalismo.
A produção é dirigida por Warren Beatty, que faz também o papel de Jonh Reed. Tem a participação de Diane Hall (também Diane Keaton), no papel de Louise Bryant; Jack Nicholson interpreta Eugene O’Neill e Edward Herrmann representa Max Eastman Traz à tona, com intenso realismo, os primórdios da modernização capitalista. Mostrando uma face das utopias do movimento operário que se perdeu na sociedade de consumo contemporânea. Vale a pena refletir sobre ela, além do filme em questão.
Para ler a matéria na íntegra, clicar OUTRAS PALAVRAS

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