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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Deter o golpe institucional no Paraguai é a prova de fogo da Unasul


Foto: refletindomuito.blogspot.com

Nas próximas horas, o Senado do Paraguai irá votar o impedimento do presidente Fernando Lugo. Trata-se de um processo sumário, a toque de caixa, comandado pelas forças conservadoras que detêm maioria parlamentar. Lembra muito o episódio hondurenho. Nos dois casos, as oligarquias aproveitaram-se de seu controle sobre instituições de Estado para uma intentona contra a democracia com um verniz de legalidade. 
Por pouco, em 2005, o Brasil não viveu situação semelhante. A oposição, porém, mesmo encorajada pela mídia tradicional, não teve peito para enfrentar o presidente Lula e correr o risco da resistência nas ruas. Mas a direita paraguaia, particularmente encarnada no velho Partido Colorado do falecido ditador Alfredo Stroessner, está apostando em uma empreitada da qual fugiram seus congêneres tupiniquins. 
Há reação popular nas ruas de Assunção. Mas esse esforço de resistência pode não ser suficiente para deter o golpe em curso. Uma cartada fundamental será jogada desde o exterior, a partir das ações e inações da União de Nações da América do Sul, a Unasul. Uma delegação de chanceleres foi despachada à capital paraguaia para protestar contra o levante antidemocrático.
Se falar grosso e colocar os golpistas em seu devido lugar, a Unasul terá sucesso em seu batismo diplomático. Caso mie como um gatinho, adotando um discurso pasteurizado e anódino, vai passar vergonha e envelhecerá antes da hora. Trata-se, afinal, de demonstrar que é antípoda da Organização dos Estados Americanos, a OEA, o ministério da colonização a serviço da Casa Branca, como certa vez foi qualificada por Fidel Castro. Aliás, alguém quer apostar qual será o comportamento dos EUA e seus afilhados continentais?
Por enquanto, o bom exemplo veio do presidente boliviano Evo Morales, que deu nome aos bois e denunciou a ação em curso como um golpe institucional. O mau passo foi dado pelo Itamaraty, que publicamente não manifestou mais que sua “apreensão” pelos acontecimentos, em uma linguagem empolada e hesitante. Rapidinha em ceder às pressões fundamentalistas do Vaticano contra os direitos das mulheres, a diplomacia brasileira parece cheia de cuidados quando é o momento de matar a cobra do golpismo.
Não há tempo a perder. Os diplomatas, se necessários, devem ser atropelados pelos dirigentes políticos e pelos estadistas. O recado tem que ser curto e grosso: se o presidente Lugo for derrubado, seus eventuais e ilegitimos sucessores serão tratados como párias, condenados ao mais duro isolamento e caçados como inimigos da democracia.
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Fonte: Opera Mundi

Um comentário:

Jack disse...

O "motivo" do "impeachment" foi uma má gestão do Estado, e em especial um confronto entre camponeses e policiais que resultou em 17 mortes?
Bem, se for assim, os governantes do Brasil terão que ser condenados à morte por conta da sua ingerência.

Hoje pela manhã eu acompanhei uma reportagem na Record que mostrava a situação do sistema de saúde pública (em São Paulo e no Rio se não me engano) e a situação era absurda. Diariamente várias pessoas morrem por falta de atendimento médico e pelo sucateamento do sistema de saúde pública. Quem são os responsáveis por essas mortes? Os médicos? Que atendem uma quantidade absurda de pacientes em hospitais sem leito, sem equipamento e sem estrutura para atender um número tão grande de pessoas? Ou será que os responsáveis são os próprios pacientes, que "não quiseram" pagar um plano de saúde e que já tinham o conhecimento de como funciona o nosso sistema de saúde? O nosso governo, coitado, não possui recursos suficientes para serem investidos na saúde, mas se a fachada dos hospitais tivesse a aparência de estádios de futebol talvez essa carência de recursos fosse revertida.

As mortes ocorridas graças ao sucateamento do nosso sistema público de saúde foi apenas um exemplo, dentre muitos outros, em que o governo deveria ser responsabilizado diretamente pela sua ingerência. Milhares de pessoas morrem todos os anos por falta de tratamento médico e não vejo ninguém por aqui gritando por impeachment. Mas se acontecer um confronto em camponeses e policiais em que o resultado é a morte de 17 pessoas e somando-se isso aos filhos bastardos do governante, "RAPIDO! TIREM ESSE INCOPETENTE DAÍ! ELE NÃO TEM MAIS CONDIÇÕES DE GERIR UM PAÍS!".