Zanira e Zailda, irmãs; Arnaldo, cunhado; Aglaé, esposa; Elson Costa. |
01/06/2012
Colabora com AGEMT (opinião dos leitores),
direito à verdade, direitos humanos
Elson Costa nasceu em 26 de
agosto de 1913, na cidade de Prata, Minas Gerais, filho de João Soares da Costa
e Maria Novais Costa. Desaparecido em 1975, em São Paulo. Casou-se com Aglaé de
Souza Costa.
Era
o responsável pelo setor de agitação e propaganda do PCB.
Na manhã do dia 15 de janeiro
de 1975, Elson foi preso no bar ao lado de sua casa, onde havia ido tomar café.
Alguns vizinhos tentaram protestar contra a ordem de prisão dada por seis
homens, pois, para eles, quem estava sendo preso era o aposentado Manoel de
Souza Gomes que vivia na Rua Timbiras,199, bairro de Santo Amaro, em São Paulo.
Eu, Maria Helena Soares de
Souza, CPF 036 173 867-68, RG 3 360 636-5, dei início a uma campanha no
Facebook no dia 30/05/2012, com o objetivo de sensibilizar a Comissão da
Verdade para esclarecer a morte de meu tio, irmão de minha mãe, Elson Costa,
casado com Aglaé Souza Costa, desaparecido durante o tempo da ditadura.
Ele foi um pacifista, era
contra a violência e a favor de uma revolução a partir de ideiais comunistas,
aprendido e compreendido por ter sido militante do Partido Comunista (PCB)
desde os 17 anos, até os 61 anos, idade que tinha ao desaparecer de sua casa em
14 de janeiro de 1974.
Elson Costa foi sequestrado
perto de sua residência, na Rua Timbiras, 199, na cidade de São Paulo. Seu
irmão Osvaldo Costa declarou o seu sequestro - relatado por vizinhos - em
26/02/1975 no 11° DP, conforme BO N°315/75, executado por seis homens em uma
veraneio. O crime foi relatado em um jornal como tendo sido o sequestro de um
rico comerciante da região, Manuel de Souza Gomes, nome usado na
clandestinidade para que ele pudesse proteger-se da repressão.
Ele foi um dirigente
experiente, que já passara em silêncio por duas prisões e tortura. Em suas
palavras: “sobre tortura não se conversa”.
Seu nome correto está na lista oficial dos
desaparecidos:
Elson Costa foi quadro do PCB,
inicialmente no Triângulo Mineiro, desapareceu em 14 de janeiro de 1975.
A partir de 1973, depois de muitas
prisões, desaparecimentos e torturas, a ditadura militar dedicou-se à caça dos
militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), principalmente os de posição
mais elevada no partido. Sua prisão aconteceu porque em 13 de janeiro do mesmo
ano, a repressão localizou uma bem montada gráfica clandestina do PCB, debaixo
de uma caixa d’água num sítio em que funcionava desde 1966.
Ele foi levado para uma casa em
Itapevi, centro clandestino da repressão ligado ao DOI-CODI/SP, onde foi
submetido a todo tipo de tortura. Seu corpo foi banhado em álcool, queimado e
afogado no rio Avaré, segundo os depoimentos prestados à revista VEJA – e
publicado em 18/11/1992 - por Marival Dias Chaves do Canto em 18/11/1992, ex-
sargento e ex- agente dos órgãos de informação do Exército, que relatou
terríveis e esclarecedores relatos sobre a barbárie dos porões da ditadura.
Surgiu uma notícia na Folha de
São Paulo, em 1978, falando sobre absolvição – depois que ele já estava morto.
Houve a publicação de um anúncio no jornal Estado de São Paulo e outra vinda da
CNBB:
No entanto, as homenagens
públicas não escondem que memória de Elson Costa foi manchada, pois em
reportagem divulgada pela ISTO É, em 31/03/2004, ele foi acusado pelo Exército
de ter fugido e buscado asilo em outros estados. Não posso deixar de pensar na
ironia disso tudo: na data da publicação e na acusação de fuga e abandono total
da família.
Ele foi sim, procurado pela
família. Quando saiu a reportagem, sua irmã, Zailda Soares de Souza relatou o
número de vezes que procurou em rostos de mendigos e pessoas com deficiência
mental, nas ruas, encontrar a de seu irmão. Contou também a ida ao Manicômio
Paulista para reconhecê-lo entre os doentes porque uma das pistas terminou
neste local. Tudo em vão.
O telefone da casa dela foi
grampeado pela polícia, que invadiu a casa numa madrugada, logo após a
publicação do anúncio no jornal Estado de São Paulo, simulando uma procura pelo
irmão que o Exército sabia muito bem não estar vivo. Ela exprimiu a sua dor
claramente, ao dizer ao repórter “sempre tive um pouco de esperança de que ele
poderia aparecer vivo, mas depois de tantos anos é triste parar de acreditar
nisso”.
No início de 2002 as famílias
dos desaparecidos políticos começaram a receber indenização do Estado. A esposa
de meu tio também o fez, o que significa um aceite do Estado pela sua
responsabilidade na morte de Elson Costa. No entanto, nunca foram esclarecidos
oficialmente as causas sua morte e nem o local onde seu se encontra.
Reforço Ricupero, em seu artigo
na Folha de São Paulo de 29/05/2012: não se trata de desejo de vingança, mas o
de purificar a memória de Elson Costa e poder honrá-lo e sepultá-lo. E se o
corpo estiver mesmo no rio Avaré, poder levar flores até lá e poder dizer a ele
que sua memória está purificada e assim será preservada em nós. Por amor e
humanidade, tão somente.
Fonte: AGEMT
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