“Espalhem a experiência de Cherán como semente”
Espalhem
a experiência de Cherán como sementes comuneiras a participantes do Encontro
nacional de resistências autônomas anticapitalistas.
Por
Jovens en Resistencia Alternativa.
Termina
o conclave com marcha festiva de moradores e delegados do encontro
27 de maio de 2012. Comunidade
de Cherán K´eri. Michoacán. Não estão sozinhos! Cantavam intensamente centenas
de delegados do Encontro Nacional de Resistências Autônomas Anticapitalistas na
manhã deste domingo, quando se encontraram nas ruas de Cherán com o contingente
de moradores locais que, trajados à maneira do carnaval local e dançando
alegremente, convergiram em marcha na direção à praça central deste povoado. O
Conselho Maior de Cherán, (orgão do autogoverno sem partidos políticos), deu
conclusão aos trabalhos durante os quatro dias que se desenvolveram as
atividades no povoado onde ocorreram cerca de quarenta oficinas e conferências,
além de uma variedade de atividades culturais e mesas de discussão.
“Esta é sua casa, podem voltar
quando quiser em outros eventos, esta é sua comunidade”, disse aos delegados
Alicia, vizinha do terceiro bairro de Cherán e integrante da comissão de
diálogo deste povoado, que foi ovacionada com sua intervenção em defesa do
direito a livre autodeterminação dos povos, ocorrida em um fórum realizado como
parte das atividades do encontro. Em uma intervenção a várias vozes,
comuneiros, integrantes das rondas comunitárias – corpo de segurança integrado
de maneira rotativa pelos próprios moradores – e integrantes de uma complexa
estrutura de autogoverno explicaram aos delegados a experiência do povo de
Cherán.
No fórum, os purépecha
dividiram o microfone com os camponeses de San Salvador Atenco e os integrantes
da Rede de Resistências Autônomas Anticapitalistas, bem como com o antropólogo
Gilberto López y Rivas. Este sublinhou que a essência da potência de
emancipação das autonomias reside na capacidade de auto-transformação do
sujeito autônomo, referindo-se as mudanças vividas desde baixo em Cherán, na
polícia comunitária [como em Guerrero] ou nas comunidades zapatistas. Ele
também integra o grupo de acadêmicos “Paz com democracia” e questionou: “quando
nos perguntam se tem futuro as autonomias, respondemos: tem futuro o planeta
sem as autonomias?”. Por outro lado, enfatizou a necessidade de proteger as
autonomias, “por estarem na mira” devido ao fato de serem “um perigo para o
capitalismo”.
O encontro, convocado pela Rede
de Resistência Autônomas Anticapitalistas, que agrupa 16 movimentos e
coletivos, conseguiu reunir mais de 150 organizações que discutiram durante
quatro dias e compartilharam diversas atividades, conhecimentos, técnicas e
opiniões.
Os participantes, que acamparam
em um canto das estruturas do rodeio do povo, possibilitaram a convivência
organizando-se em pequenos núcleos de 15 a 20 acampantes que denominaram
“fogatas” em alusão às barricadas que garantiram a seguridade por vários meses
na própria comunidade de Cherán. Os acampantes, que chegaram ao encontro desde
vários pontos do país e do mundo compartilharam as tarefas de segurança,
limpeza e elaboração de alimentos, esta última, cujo esforço principal ficou a
cargo dos habitantes do povoado de Cherán.
Durante o encerramento, a Rede
de Resistências Autônomas Anticapitalistas propôs aos presentes “a todas e todos
os assistentes, de forma respeitosa que assim o desejem – e depois de
discuti-lo – mantenham algum nível de coordenação com esta rede de resistências
autônomas anticapitalistas”. A convergência de organizações propôs também
realizar uma jornada nacional de solidariedade com o povoado de Cherán, “em
todas nossas escolas, em todas nossas cidades e estados, em todas nossas
comunidades, em todos nossos espaços, em todos nossos bairros possamos
reproduzir a voz de Cherán, essa que grita dignidade e autonomia”.
Os participantes do encontro,
por consenso, pronunciaram-se a favor da liberdade dos presos políticos Alberto
Patishtán e Francisco Santiz López; exigiram também justiça para o município
Autônomo de San Juan Copala bem como repudiaram a desocupação de Altépetl na
Cidade do México, além de reiterar seu apoio ao processo de autogoverno em
Cherán.
No documento de encerramento a
Rede de Resistência Autônomas Anticapitalista fechou os quatro dias de trabalho
afirmando que: “Chegamos ao final deste Encontro Nacional de Resistências
Autônomas Anticapitalitas. No entanto, a luta segue. A luta por dignidade e
autonomia segue. A resistência aos senhores do poder e do dinheiro continua. A
construção de autonomias e liberdade permanece. Este encontro é apenas um
momento, uma parada, uns dias para encontrar e encontrar-nos na outra, no outro
e saber que somos muitos os que com nossas mãos e nossos sonhos não estamos
esperando a mudança amanhã, mas que dia-a-dia tratamos de construir um outro
mundo”.
Para saber mais sobre o
encontro. Clique aqui.
Para outros artigos sobre a
luta em Cherán veja aqui.
Fonte e Tradução Passa Palavra
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