Garrafas de Coca-Cola são vistas em loja de Arlington, nos Estados Unidos, em 2009. |
26 Jun
(Reuters) - A Coca-Cola vendida em vários países, inclusive no Brasil, continua
apresentando níveis elevados de uma substância química associada a casos de
câncer em animais, e que já foi praticamente eliminada na versão do
refrigerante comercializada na Califórnia, disse na terça-feira o Centro para a
Ciência no Interesse Público, com sede nos EUA.
A entidade disse que amostras
da Coca-Cola recolhidas em nove países mostraram "quantidades
alarmantes" da substância 4-metilimidazole, ou 4-MI, que entra na
composição do corante caramelo. Níveis elevados dessa substância foram
relacionados ao câncer em animais.
Em março, a Coca-Cola e sua
rival PepsiCo anunciaram ter pedido aos fornecedores do corante para que
alterassem seu processo industrial, de modo a atender a uma regra aprovada em
plebiscito na Califórnia para limitar a exposição de consumidores a substâncias
tóxicas.
A Coca-Cola disse na ocasião
que iniciaria a mudança pela Califórnia, mas que com o tempo ampliaria o uso do
corante caramelo com teor reduzido de 4-MI. A empresa não citou prazos para
isso.
Na terça-feira, a Coca-Cola
repetiu que o corante usado em todos os seus produtos é seguro, e que só
solicitou a alteração aos fornecedores para se adequar às regras de rotulagem
da Califórnia.
Segundo o CCIP, amostras da
Califórnia examinadas recentemente mostravam apenas 4 microgramas de 4-MI por
lata da bebida. A Califórnia agora exige um alerta no rótulo de um alimento ou
bebida se houver a chance de o consumidor ingerir mais de 30 microgramas por
dia.
Nas amostras brasileiras, havia
267 microgramas de 4-MI por lata. Foram registrados 177 microgramas na
Coca-Cola do Quênia, e 145 microgramas em amostras adquiridas em Washington.
"Agora que sabemos que é
possível eliminar quase totalmente essa substância carcinogênica das colas, não
há desculpa para que a Coca-Cola e outras empresas não façam isso no mundo
todo, e não só na Califórnia", disse em nota Michael Jacobson,
diretor-executivo do CCIP.
A FDA (agência de fiscalização
de alimentos e remédios dos EUA) está avaliando uma solicitação do CCIP para
proibir o processo que cria níveis elevados de 4-MI, mas disse que não há razão
para crer em riscos imediatos aos consumidores.
Neste ano, um porta-voz da FDA
disse que uma pessoa teria de consumir "bem mais de mil latas de
refrigerante por dia para atingir as doses administradas nos estudos que
demonstraram ligações com o câncer em roedores".
A Coca-Cola disse na
terça-feira que continua desenvolvendo a logística para adotar o novo corante
caramelo.
"Pretendemos ampliar o uso
do caramelo modificado globalmente, para nos permitir agilizar e simplificar
nossa cadeia de fornecimento e os sistemas de fabricação e distribuição",
disse a empresa em nota.
Uma porta-voz não quis comentar
os custos dessa mudança.
(Reportagem de Brad Dorfman)
Fonte: Br.noticias
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