O massacre Houla: Terroristas
da oposição mataram famílias leais ao governo – Investigação pormenorizada
por Marat Musin
Nota do Editor do Global
Research
Esta notícia incisiva do
jornalista russo independente Marat Musin desmonta as mentiras e falsidades dos
meios de comunicação ocidentais.
A notícia baseia-se numa
cronologia de acontecimentos e em relatos oculares. Foram massacradas em Houla
famílias inteiras leais ao governo. Os terroristas não foram milícias shabbiha
pró-governamentais conforme veiculado em coro pelos principais meios de
comunicação, foram, sobretudo mercenários e assassinos profissionais que agiram
sob os auspícios do autoproclamado Exército de Libertação Sírio: "Quando
os rebeldes tomaram o posto de controle no centro da cidade, situado junto da
delegacia da polícia local, começaram a eliminar todas as famílias leais às
autoridades nas casas vizinhas, incluindo os velhos, as mulheres e as crianças.
Foram mortas diversas famílias
de Al-Sayed, incluindo 20 crianças e a família de Abdul Razak. As pessoas foram
mortas com facas e alvejadas à queima-roupa.
Depois os cadáveres foram
apresentados às NU e à comunidade internacional como sendo vítimas de
bombardeamentos do exército sírio, uma coisa que não foi verificada por
quaisquer marcas nos corpos".
Pedimos aos nossos leitores que
divulguem esta notícia o mais que puderem, que a publiquem no Facebook.
O massacre em Houla está a ser
atribuído ao governo sírio sem ponta de justificação. O objectivo é não só
isolar politica e economicamente a Síria como arranjar um pretexto e uma
justificação para desencadear uma guerra humanitária R2P (responsabilidade pela
protecção) na Síria.
Susan Rice, embaixadora
americana nas Nações Unidas, deu a entender que, se o Conselho de Segurança não
atuar, os EU e os seus aliados podem considerar "tomar medidas fora do
plano Annan e da autoridade do Conselho de Segurança da ONU".
Esta notícia de Marat Musin
confirma que os crimes contra a humanidade estão a ser praticados por milícias
terroristas.
É essencial inverter a maré da
propaganda de guerra que se serve das mortes de civis como pretexto para travar
uma guerra, quando essas mortes de civis foram executadas não pelas forças
governamentais mas por terroristas profissionais que atuam ao abrigo do
Exército de Libertação Sírio, patrocinado pelos EUA-NATO.
Michel Chossudovsky,
Global Research, Montreal, 01/Junho/2012
No fim de semana de 25 de Maio
de 2012, por volta das 2 horas da tarde, grandes grupos de combatentes atacaram
e capturaram a cidade de Al-Hula da província Homs. Al-Houla é formada por três
regiões: as cidades de Taldou, Kafr Laha e Taldahab, cada uma das quais já
albergou 25 a 30 mil pessoas.
A cidade foi atacada a nordeste
por grupos de bandidos e de mercenários, em número de mais de 700 pessoas. Os
militantes vieram de Ar-Rastan (a Brigada de al-Farouk do Exército de
Libertação Sírio, chefiada pelo terrorista Abdul Razak Tlass, em número de 250),
da cidade de Akraba (chefiada pelo terrorista Yahya Al-Yousef), da cidade
Farlaha, a que se juntaram gangsters locais e de Al Houla.
Há muito que a cidade de
Ar-Rastan foi abandonada pela maior parte dos civis. Neste momento dominam o
local wahhabis e libaneses, alimentados com dinheiro e armas por um dos maiores
orquestradores do terrorismo internacional, Saad Hariri, que lidera o movimento
político anti-sírio "Tayyar Al-Mustaqbal" (Movimento do
Futuro"). A estrada de Ar-Rastan para Al-Houla atravessa áreas beduínas
que se mantêm quase todas fora do controlo das tropas governamentais, o que fez
com que os ataques militantes a Al Hula fossem uma total surpresa para as
autoridades sírias.
Quando os rebeldes tomaram o
posto de controlo no centro da cidade, situado junto da delegacia da polícia
local, começaram a eliminar todas as famílias leais às autoridades nas casas
vizinhas, incluindo os velhos, as mulheres e as crianças. Foram mortas diversas
famílias de Al-Sayed, incluindo 20 crianças e a família de Abdul Razak. Muitos
dos que foram mortos eram 'culpados' de terem ousado mudar de sunitas para
xiitas. As pessoas foram mortas com facas e alvejadas à queima-roupa. Depois os
cadáveres foram apresentados às NU e à comunidade internacional como sendo vítimas
de bombardeamentos do exército sírio, uma coisa que não foi verificada por
quaisquer marcas nos corpos".
A ideia de que observadores das
NU tinham ouvido fogo de artilharia contra Al-Houla no Hotel Safir em Homs
durante a noite… como piada não está nada mal. São 50 km de distância entre
Homs e Al-Houla. Que tipo de tanques ou de metralhadoras tem esse alcance? Sim,
houve intenso tiroteio em Homs até às 3 da manhã, incluindo de armas pesadas.
Mas, para dar um exemplo, na noite de segunda para terça-feira, o tiroteio
deveu-se a uma tentativa de aplicação da lei para reconquistar o controlo sobre
um corredor de segurança ao longo da estrada para Damasco, Tarik Al-Sham.
Numa inspeção visual a Al Hula
é impossível encontrar vestígios de qualquer destruição recente por
bombardeamentos. Durante o dia, foram feitos vários ataques por atiradores
sobre os últimos soldados restantes no posto de controlo Taldou. Os militantes
usaram armas pesadas e houve franco-atiradores mercenários profissionais em atividade.
De notar que já anteriormente
falhara uma mesma provocação em Shumar (Homs) onde foram mortos 49 militantes e
mulheres e crianças, organizada pouco antes de uma visita de Kofi Annan. Essa
provocação foi imediatamente desmascarada logo que se tornou conhecido que os
corpos dos previamente raptados pertenciam aos alawitas. Essa provocação também
continha várias incongruências – os nomes dos que foram mortos eram de pessoas
leais às autoridades, não havia vestígios de bombardeamentos, etc.
Mas a máquina da provocação
continuou a funcionar na mesma. Hoje, os países da NATO ameaçam bombardear diretamente
a Síria e em simultâneo começou a expulsão de diplomatas sírios… Atualmente não
há tropas dentro da cidade de Al Hula, mas apesar disso ouvem-se regularmente
explosões de armas automáticas. Além disso, não se percebe se os militantes
andam a lutar uns contra os outros ou se os apoiadores de Bashar al-Assad estão
a ser eliminados.
Os militantes abrem fogo sobre
praticamente todos aqueles que tentam aproximar-se da cidade fronteiriça. Antes
de nós foi alvejado um comboio das NU tendo ficado danificados dois jipes
blindados de observadores das NU, quando tentavam chegar a um posto de controlo
do exército em Tal Dow.
No ataque ao comboio foi
detectado um terrorista de vinte anos de idade. O fogo foi dirigido contra os
slopes do primeiro jipe e a porta traseira do segundo carro blindado foi
atingido por um fragmento. Há feridos entre os acompanhantes.
Segundo um soldado ferido:
"No dia seguinte, vieram
observadores das NU ter conosco ao posto de controle e, mal chegaram,
atiradores abriram fogo contra eles. E três de nós foram feridos. Um ficou
ferido na perna, o segundo nas costas e eu fui atingido na anca.
Quando os observadores
chegaram, ouviram uma mulher ali ao pé deles a gritar, a mulher levantou-se e
suplicou aos observadores que a ajudassem – que a protegessem dos bandidos.
Quando eu fui ferido, os observadores perguntaram como é que eu me sentia, mas
nenhum deles tentou ajudar. O nosso posto de controlo já não existe. Já não há
civis em Taldou, só restam os militantes. A nossa relação com os locais era
excelente. São muito bons para nós: pediram ao exército para entrar em Taldou. “Fomos
atacados por franco-atiradores".
Infelizmente, muitos dos militantes
são franco-atiradores profissionais. A uns 100 a 200 metros da nossa equipa da
TV, militantes atacaram um BMP que ia fazer substituição de soldados no posto
de controlo. Nessa ocasião, um soldado recruta sofreu uma concussão e um leve
ferimento de raspão na cabeça por uma bala de um franco-atirador. Olhando para
o capacete Kevlar, parece que ele nem se apercebeu que tinha sobrevivido por
milagre.
Os franco-atiradores matam
diariamente cerca de 10 soldados e polícias nos postos de controlo. É verdade,
as baixas diárias nas organizações de imposição da lei em Homs são de dezenas
de vítimas. Mas, infelizmente, às 10 da manhã, foram levados para a morgue seis
soldados mortos. A maior parte deles tinha sido morto com uma bala na cabeça. E
o dia mal tinha começado…
São estes os nomes dos que
foram mortos pelos franco-atiradores nas primeiras horas da manhã de 29 de
Maio:
1. Sargento Ibrahim Halyuf
2. Sargento Salman Ibrahim
3. Polícia Mahmoud Danaver
4. Soldado Ali Daher
5. Sargento Wisam Haidar
6. não se conseguiu apurar o
nome de família do soldado morto
Os bandidos até dispararam uma
descarga automática sobre o nosso grupo de jornalistas, embora fosse óbvio que
era um grupo de filmagem normal, formado por civis desarmados.
COMO COMEÇOU O ATAQUE
Depois das orações de
sexta-feira, pelas 2 horas da tarde a 25 de Maio, um grupo do clã Al Aksh
começou a disparar sobre um posto de controlo de forças da ordem com morteiros
e lança-granadas. O fogo de resposta de um BRDM atingiu a mesquita, e foi
quanto bastou para desencadear uma provocação maior.
Depois, dois grupos de
militantes chefiados pelo terrorista Nidal Bakkour e Al-Hassan do clã Al
Hallak, apoiados por uma unidade de mercenários, atacaram o posto de controlo na
zona oriental da cidade. Às 15:30 foi tomado esse posto de controlo e todos os
prisioneiros foram executados: um soldado sunita ficou com a garganta cortada,
enquanto que Abdullah Shaui (Bedouin) of Deir-Zor foi queimado vivo.
Durante o ataque ao posto de
controlo oriental, os homens armados perderam 25 pessoas que depois foram
apresentadas aos observadores da ONU, juntamente com os 108 civis mortos –
'vítimas do regime', alegadamente mortos por bombardeamentos do exército sírio.
Quanto aos restantes 83 corpos, incluindo os de 38 crianças, eram das famílias
que foram executadas pelos militantes. Essas famílias eram todas leais ao
governo da Síria.
Entrevista com um funcionário das forças da ordem:
"Chamo-me Al Khosam, sou
um agente das forças da ordem. Prestava serviço na cidade de Taldou, distrito
de Al-Houla, uma província de Homs. Na sexta-feira, o nosso posto de controlo
foi atacado por um grande grupo de militantes. Eram milhares”.
P: Como é que se defendeu?
R: “Com uma simples arma.
Tínhamos 20 pessoas, pedimos reforços e quando vinham a caminho, fui ferido e
só retomei consciência no hospital. Os atacantes eram de Ar-Rastan e Al-Hula.
Os rebeldes controlam Taldou. Queimaram casas e mataram pessoas e famílias,
porque eram leais ao governo. Violaram mulheres e mataram as crianças".
Entrevista com um soldado ferido:
"Chamo-me Ahmed Mahmoud al Khali. Sou da
cidade Manbej. Fui ferido em Taldou. Pertenço a um grupo de apoio que foi em
ajuda dos nossos camaradas que estavam de serviço no posto de controle.
Os militantes destruíram dois
veículos de combate de infantaria e um BRDM que estava no nosso posto de
controlo. Fomos para Taldou num BMP, buscar os nossos camaradas feridos no
posto de controlo do centro da cidade. Trouxemo-los no BMP, e eu ocupei o lugar
deles.
Pouco depois chegaram os
observadores da ONU. Vieram ter conosco, nós levámo-los a casa das famílias que
foram mortas pelos bandidos.
Vi uma família de três irmãos e
o pai no mesmo quarto. Noutro quarto encontrámos crianças mortas e a mãe delas.
E noutro ainda – um velho, morto na mesma casa. Ao todo, cinco homens, mulheres
e crianças. A mulher violada e com um tiro na cabeça, tapei-a com um cobertor.
E a comissão viu-os a todos. Puseram-nos no carro e foram-se embora. Não sei
para onde os levaram, provavelmente para serem sepultados".
Um residente de Taldou no telhado da delegacia da polícia.
"Na sexta-feira à tarde eu
estava em casa. Ao ouvir os tiros, saí para ver o que é que estava a acontecer
e vi que o fogo vinha do lado norte, na direção do posto de controlo do
exército. Como o exército não respostou, eles começaram a aproximar-se da casa
onde depois a família foi morta. Quando o exército começou a respostar, eles
usaram as mulheres e as crianças como escudos humanos e continuaram a disparar
sobre o posto de controlo. Quando o exército começou a responder, fugiram.
Depois disso, o exército agarrou nas mulheres e crianças sobreviventes e
puseram-nas em segurança. Nessa altura, a Al Jazeera pôs imagens no ar e disse
que fora o exército que fizera o massacre em Al Hula.
A verdade é que eles mataram os
civis e crianças em Al-Hula. Os bandidos não permitiram que ninguém fizesse o
trabalho deles. Roubaram tudo aquilo a que puderam deitar a mão: trigo,
farinha, petróleo e gasolina. A maior parte dos combatentes era da cidade de Ar
Rastan".
Depois de conquistarem a
cidade, levaram os corpos dos seus camaradas mortos, assim como os corpos das
pessoas e das crianças que mataram na mesquita. Transportaram os corpos em
carrinhos KIA. A 25 de Maio, por volta das 8 da noite, os cadáveres já estavam
na mesquita. No dia seguinte às 11 da manhã chegaram os observadores da ONU à
mesquita.
Desinformação dos meios de comunicação
Para exercer pressão sobre a
opinião pública e alterar as posições da Rússia e da China, foram preparados
com antecedência textos e subtítulos em russo e em chinês, a dizer: "Síria
– Homs – a cidade de Hula. Um terrível massacre perpetrado pelas forças armadas
do regime sírio contra civis na cidade de Houla. Dezenas de vítimas - e o seu
número aumenta - principalmente mulheres e crianças, brutalmente mortas por
bombardeamento indiscriminado da cidade".
Dois dias depois, a 27 de Maio,
depois de os relatos dos moradores e dos registros de vídeo mostrarem que os fatos
não corroboravam a acusação de bombas, os vídeos dos bandidos sofreram
alterações significativas. No final do texto aparecia este pós-escrito: "E
alguns foram mortos com facas".
Marat Musin, Olga Kulygina, Al-Houla, Syria
Este artigo encontra-se em Resistir.
O original (em russo) encontra-se em Maramus; a versão em
inglês em Global
Research.
Tradução de Margarida Ferreira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário