Major José Maria Pereira de Oliveira (esq.) e Cel. Mário Colares Pantoja, condenados pela morte de 19 Sem-Terra em Eldorado dos Carajás. (Foto: Arquivo/TV Liberal e O Liberal) |
Coronel
Pantoja e major Pereira recorriam das condenações em liberdade.
MST
afirma que prisão é um marco para os direitos humanos no país.
O juiz
da 1ª Vara do Tribunal de Justiça do Pará determinou, na manhã desta
segunda-feira (7), a prisão do coronel Mário Colares Pantoja e do major José
Maria Pereira de Oliveira, os únicos condenados pela ação da PM que resultou na
morte de 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás, no sudeste do
Pará, em 1996.
Ex-comandante
da Polícia Militar do Pará, Pantoja foi condenado a 228 anos, e o major
Oliveira, a 158 anos e 4 meses, em regime fechado.
Ambos
podiam recorrer em liberdade das sentenças por força de habeas corpus do STF
(Supremo Tribunal Federal), mas, em abril, o processo que os condenou transitou
em julgado (fase em que não cabem mais recursos). Assim, o juiz Edmar Pereira,
da 1ª Vara do Tribunal do Júri, expediu o mandado de prisão para que eles
comecem a cumprir as penas.
“Ele
[Pantoja] vai se apresentar ainda hoje, estamos levando o coronel para o
presídio onde ele vai se começar a cumprir a pena”, afirmou o advogado Gustavo
Pastor, que representa o coronel Pantoja. Segundo o defensor, o coronel deve
chegar ao presídio especial para militares, Anastácia das Neves, de tarde.
A
defesa do coronel afirma que vai apresentar ao STJ uma petição para que seja
julgada uma nulidade no júri que o condenou a mais de 200 anos de prisão.
“Existe outro habeas corpus no STJ. O juiz da época não fundamentou as
qualificadoras do crime. A gente pensa que isso anula todo o processo e remete
a novo júri popular”, completou. “Ele [Pantoja] está bem abalado, porque uma
notícia não se recebe feliz, mas está muito tranquilo no habeas corpus no STJ.”
MST
O
coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Pará,
Ulisses Manaças, comemorou o resultado. "O MST está entusiasmado com a
decisão judicial. Mesmo sendo um fato antigo, o massacre é emblemático para o
MST e para os direitos humanos", afirmou.
Para
Manaças, a prisão do major e do coronel pode representar uma mudança em relação
à impunidade no campo. "Por mais que você tenha um quadro que demonstra a
dificuldade do Judiciário em atuar, isso dá forças para você ter uma mudança de
comportamento que fortalece a luta por justiça e direitos humanos", avaliou.
O
Massacre de Eldorado
O
confronto com policiais ocorreu em 17 de abril de 1996 no município de Eldorado
dos Carajás, no sul do Pará, quando 1,5 mil sem-terra que estavam acampados na
região decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação
de terras na rodovia PA-150. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do
local. Além de bombas de gás lacrimogêneo, os policiais atiraram contra os
manifestantes.
Dos 155
policiais que participaram da ação, Mário Pantoja e José Maria de Oliveira,
comandantes da operação, foram condenados, a penas que superaram os 200 anos de
prisão. Eles respondiam em liberdade, por força de um habeas corpus do Supremo
Tribunal Federal, concedido em 2005.
Fonte: G1
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