Estudantes americanos formados em Cuba (Reprodução: Diário do Centro do Mundo) |
18 jul 2013
A má informação atrapalhou o debate sobre a importação de médicos estrangeiros. Conheça fatos vitais que não foram transmitidos aos brasileiros
Há um problema dramático de má
comunicação na questão de importação de médicos.
Não vamos nem falar no
lastimável comportamento dos médicos e suas associações, agarrados a um
corporativismo ululante, egoísta e desinformado.
Uma boa frase estava circulando
ontem no Twitter: “Esses caras não saem da Paulista nem para fazer protestos.”
Vamos nos centrar,
especificamente, na maneira como a decisão de trazer médicos de fora foi
apresentada pelo governo aos brasileiros.
Subitamente, pouco tempo atrás,
a sociedade soube que havia vontade de trazer 6 000 médicos cubanos para atuar
nos lugares remotos que não atraem os médicos brasileiros.
Na boataria que nasceu, houve
gente que acreditou no rumor de que poderia ser o embrião de uma revolução
comunista promovida por guerrilheiros cubanos disfarçados de médicos.
Faltou ao governo esclarecer,
de início, duas coisas:
1) A medicina cubana é
reconhecida mundialmente pela excelência, ao contrário da brasileira,
ineficiente e mercantilizada. A medicina cubana tem um caráter preventivo, e é
altamente eficiente: a expectativa de vida em Cuba é comparável à dos países
mais desenvolvidos do mundo.
Os
médicos brasileiros têm medo de quê?
“Basta ver as estatísticas de
Cuba para avaliar sua medicina”, disse um médico inglês que mais de uma vez
esteve na ilha para estudar o modelo cubano.
Num momento em que reformulava
seu mitológico sistema de saúde, o NHS, a Inglaterra mandou uma equipe a Cuba
para ver o poderia aprender com o jeito cubano de cuidar da saúde.
Hoje, a saúde pública britânica
é, como a de Cuba, focada na prevenção.
2) Outros países altamente
desenvolvidos importam médicos quando eles são necessários para a saúde
pública.
Isso quer dizer o seguinte: o
Brasil estava apenas copiando uma boa prática.
Cerca de 40% dos quase 235 mil
médicos registrados no Reino Unido são estrangeiros. A Índia é o principal
fornecedor para os ingleses, com 25 mil profissionais.
Os Estados Unidos também são
grandes importadores. A cota de profissionais estrangeiros entre os americanos
ultrapassa de 25%.
Também a Noruega vai atrás de
médicos no exterior. “O programa de importação de médicos da Noruega é
considerado um exemplo”, notou o site alemão DW numa recente reportagem sobre o
tema.
Cuba, neste quadro, é um
tradicional exportador de médicos. Há ou já houve médicos cubanos em 108
países. A medicina cubana tem
relevância internacional também na área de remédios.
Nos anos 90, Cuba se tornou o
primeiro país a desenvolver e comercializar a vacina contra a meningite B. Depois, Cuba criou vacinas
contra a hepatite B, fornecidas para 30 países, entre eles China, Índia e
Rússia.
O debate no Brasil sobre a
importação de médicos estrangeiros – cubanos e de outros países – acabou
prejudicado pela falta de informações vitais do governo, pela cobertura míope
da mídia e pela reação histérica dos médicos brasileiros.
Resta torcer que a saúde
pública brasileira não termine como a grande derrotada na polêmica.
Fonte: Pragmatismo
Político
Um comentário:
O pensamento dos médicos é heterogêneo, mas, o questionamento que se faz não é apenas sobre importação. É principalmente sobre revalidação do diploma. Agora leu é que pergunto: os cubanos tem medo de que? Se a medicina é de tanta excelência, qual o problema de fazer a prova de revalidação do diploma?
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