Raquel Rolnik, relatora especial da ONU, solicitou ao Governo que adote planos para garantir legados. |
Da EFE, Genebra
A relatora especial da ONU para
a Moradia Adequada, Raquel Rolnik, acusou nesta terça-feira as autoridades de
várias cidades-sede da Copa do Mundo e do Rio de Janeiro, que receberá as
Olimpíadas, de praticar desalojamentos e deslocamentos forçados que poderiam
constituir violações dos direitos humanos.
"Estou particularmente
preocupada com o que parece ser um padrão de atuação, de falta de transparência
e de consulta, de falta de diálogo, de falta de negociação justa e de
participação das comunidades afetadas em processos de desalojamentos executados
ou planejados em conexão com a Copa e os Jogos Olímpicos", avaliou.
Raquel destacou que os casos
denunciados se produziram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Curitiba, Porto Alegre, Recife, Natal e Fortaleza.
A relatora explicou que já
foram feitos múltiplos despejos de inquilinos sem que se tenha dado às famílias
tempo para propor e discutir alternativas.
"Foi dada insuficiente
atenção ao acesso às infraestruturas, serviços e meios de subsistência nos
lugares onde essas pessoas foram realojadas", afirmou Raquel.
"Também estou muito
preocupada com a pouca compensação oferecida às comunidades afetadas, o que é
ainda mais grave dado o aumento do valor dos terrenos nos lugares onde se
construirá para estes eventos", acrescentou a relatora.
Raquel citou vários exemplos,
como o de São Paulo, onde "milhares de famílias já foram evacuadas por
conta do projeto conhecido como 'Água Espraiada', onde outras dez mil estão
enfrentando o mesmo destino".
"Com a atual falta de
diálogo, negociação e participação genuína na elaboração e implementação dos
projetos para a Copa e as Olimpíadas, as autoridades de todos os níveis
deveriam parar os desalojamentos planejados até que o diálogo e a negociação
possam ser assegurados".
Além disso, a relatora solicitou
ao Governo Federal que adote um "Plano de Legado" para garantir que
os eventos esportivos tenham um impacto social e ambiental positivo e que sejam
evitadas as violações dos direitos humanos, incluindo o direito a um alojamento
digno.
"Isto é um requerimento
fundamental para garantir que estes dois megaeventos promovam o respeito pelos
direitos humanos e deixem um legado positivo no Brasil", finalizou.
Fonte: Uol.
esportes
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