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por A
Verdade, em 05 Jul 2013
No
1º de junho, uma série de atos exigiram a saída imediata das tropas da Missão
das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) e o fim da
intervenção estrangeira no país. A seguir o manifesto das entidades democráticas
da República Dominicana denunciando as constantes agressões das tropas da ONU
ao povo haitiano.
Há
exatamente nove anos, em 1º de junho de 2004, as tropas militares da Minustah,
a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, invadiam este país
irmão sob o pretexto de uma suposta “estabilização”, que nunca chegou. Tudo ao
contrário!
Em
lugar de melhorar a situação gerada pelo golpe de Estado de 2004, a Minustah
aumentou os níveis de violência contra um povo despojado de todos seus direitos,
debaixo da opressão de um sistema baseado no trabalho semiescravo, do
desemprego de 70% da população economicamente ativa e dos salários subumanos.
Ao
invés de promover a paz, as tropas da ONU cometem violações sistemáticas dos
direitos humanos essenciais da população e importaram o cólera, doença que, até
agora, deixou mais oito mil mortos e de 600 mil enfermos. Expressamos nossa
especial indignação frente à atitude da ONU, que preferiu evocar a imunidade de
suas tropas a fim de rechaçar qualquer indenização às famílias das vítimas
diretas e da reparação dos imensos danos causados ao País.
Por
onde se olha, é inconcebível sustentar que a Minustah – militares e policiais
que provêm, em sua maioria, da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile,
Equador, El Salvador, Guatemala, Paraguai, Peru, Uruguai – devem permanecer no
Haiti.
Em
2011, o Senado haitiano votou, por unanimidade, pela retirada das tropas da
Minustah para o ano de 2012. Os ministros da Defesa dos países da Unasur
apontaram a necessidade de reduzir a presença de suas tropas e estabelecer um
plano de retirada em junho de 2012, mesmo que este compromisso tenha ficado
apenas em palavras. As organizações haitianas realizaram inúmeras manifestações
massivas contra a presença da Minustah, incluindo funerais simbólicos em Petite
Riviére de l’Artibonite e Porto Príncipe, em outubro de 2011. Ações judiciais
estão em curso contra a ONU pela introdução do cólera, e um conjunto de
associações chamado Kolektifòganizasyon pou dedomajeviktimkolerayo trabalha sem
descanso para fazer justiça sobre o caso.
A
Minustah, lamentavelmente, fracassou em relação aos objetivos estabelecidos
pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ou melhor: o único objetivo que
cumpriu foi o de ocupar militarmente o País a serviço dos interesses que não
são os do irmão povo haitiano. Sua presença responde a uma política que priva a
população de sua cidadania, seus serviços públicos, sua terra, seus bens
naturais. O Haiti não deve ser mais um laboratório da economia e da “segurança”
neoliberal, políticas que geraram ainda a dívida, uma arma adicional contra os
povos, como vemos em toda a América, o Sul do Globo e agora também na Europa.
Haiti
não necessita de tropas militares nem da Minustah nem de nenhum outro país!
Haiti
necessita do reconhecimento de sua dignidade, seu potencial e direito à
autodeterminação, como todo povo!
Necessita
que lhe tirem de cima as mãos e botas que o dominam. Necessita de médicos,
sanitaristas, educadores, engenheiros, técnicos, todos eles a serviço da
reconstrução que o povo haitiano reclama, um povo historicamente dizimado, mas
que conserva a dignidade de ser o primeiro país livre e antiescravista da Nossa
América.
Por
tudo isto, neste 1º de junho, convocamos a nos mobilizarmos para exigir:
-
Retirada imediata da Minustah e todas as tropas militares do território
haitiano;
-
Fim da ocupação econômica e do saque, incluindo a supressão dos acordos de
livre comércio;
-
Reconhecimento dos crimes cometidos pela Minustah, incluindo a introdução do cólera,
a punição aos responsáveis e a indenização das vítimas;
-
Restituição e reparação da dívida histórica, financeira, social e ecológica que
se deve ao povo do Haiti;
Movimento
de Trabalhadores Independente (MTI)
Comissão
Nacional dos Direitos Humanos (CNDH)
Corrente
do Magistério Juan Pablo Duarte
Juventude
Caribe
Frente
Estudantil Flavio Suero (Feflas)
Fórum
Social Alternativo (FSA)
Frente
Universitária Renovadora (FUR)
Frente
Ampla (FA)
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