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sábado, 29 de junho de 2013

O PT mudou sua inserção de classe

Já se passaram dez anos: sair da perplexidade e unificar as lutas*


Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida**

Nas eleições de 1989, o presidente da poderosa FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) declarou que a vitória de Lula provocaria a saída de 800 mil empresários, o que alguns entenderam como a senha para um golpe de Estado. Na de 1998, o megaempresário Antônio Ermírio de Moraes advertiu que uma vitória do exoperário sobre Fernando Henrique Cardoso seria o equivalente a uma bomba de hidrogênio explodir no Brasil.
Quatro anos depois, Luís Inácio Lula da Silva se elegeu e, em seguida, governou o Brasil por dois mandatos (2003-2010). Nenhuma bomba caiu, nenhum empresário saiu. O que mais reclamou foi José de Alencar Gomes da Silva, o vicepresidente da República. Concluído o duplo mandato, a Microsoft gostou e levou Lula para participar, na capital dos EUA, do Fórum de Líderes do Setor Público da América Latina e Caribe. A grande imprensa brasileira detesta, mas o New York Times acaba de convidar o ex-presidente para escrever uma coluna mensal sobre assuntos que vão de política internacional a combate à pobreza.
Lula tem origem operária, a qual também esteve presente, embora não sozinha, no processo de criação do PT. Mas este partido e seu principal líder chegaram ao governo fundamentalmente comprometidos com a reprodução da dominação burguesa.
Diferentemente do Manifesto do Partido Comunista, onde burgueses e proletários vão às turras, durante os governos Lula se implementou uma política que recebeu o progressivo apoio, claro que diferenciado, de um extraordinário leque de classes e frações de classe – desde o semiproletariado à grande burguesia bancária; de trabalhadores sindicalizados a dirigentes com um pé nos sindicatos e o outro pé e as mãos à testa de fundos de pensão; de lideranças agronegocistas a movimentos de sem-terra.

**Professor do Departamento de Política da PUC-SP.
Fonte: Marxismo21



* A primeira versão deste ensaio foi recebida pelo blog em maio de 2013. Posteriormente, o texto foi reenviado com apenas correções de redação. 

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