Mais criminosas consequências aos trabalhadores pelo uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil.
11/04/2005
Agência FAPESP - Entre 1992 e
2002, apenas no Estado do Mato Grosso do Sul, o Centro Integrado de Vigilância
Toxicológica registrou 1.355 notificações de intoxicações. Nesse conjunto
ocorreram 506 tentativas de suicídio e 139 óbitos. A causa das mortes foi a
ingestão voluntária de agrotóxicos.
Conforme mostra o estudo Uso de
agrotóxicos e suicídios no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil, do pesquisador
Dario Pires e colaboradores, publicado no “Cadernos de Saúde Pública”, a maior
parte das ocorrências registradas pela pesquisa estava relacionada com sintomas
de depressão. Vários estudos citados pelos cientistas mostram que existe, em
outros lugares do mundo, uma correlação forte entre tentativas de suicídio e
uso de agrotóxicos.
No caso específico da pesquisa,
a cultura do algodão, por causa da alta demanda por inseticidas, pode estar
mais ligada ao problema dos suicídios do que as outras plantações. "Embora
a cultura algodoeira não possa ser considerada determinante para a ocorrência
de suicídios numa região, a correlação encontrada pode significar um fator de
risco, no que diz respeito à exposição humana aos inseticidas, na região de
Dourados", diz o estudo, disponível na biblioteca eletrônica SciELO
(Bireme/FAPESP).
Para Pires, o maior potencial
de exposição a agrotóxicos dos trabalhadores rurais, nas pequenas propriedades
da microrregião de Dourados, pode explicar o alto número de notificações de
tentativas de suicídios e óbitos devido ao uso desses produtos. Na região, o
número de tentativas de ceifar a própria vida, por causas diversas, também
aumentou de forma significativa na última década.
Foram registradas 203
tentativas de suicídio em Dourados, no intervalo de dez anos, com 31 mortes.
"Esses dados mostram a necessidade de indicar um programa de vigilância
epidemiológica para a região, até agora inexistente, para melhor avaliar,
comparar e quantificar esses eventos", recomendam os pesquisadores.
Para ler o artigo na íntegra,
clique Agência Fapesp
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