Em uma lista com 84
países, o Brasil está em 7º lugar nas taxas de homicídio feminino
Natasha Pitts
30/08/2012
Adital
Neste mês de agosto foi
divulgada a atualização do Mapa da Violência 2012, com informações sobre
homicídios de mulheres no Brasil. O documento, de autoria de Julio Jacobo
Waiselfisz com o apoio do Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos
(Cebela) e da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso), foi
produzido para somar esforços no enfrentamento à violência contra a mulher.
"O Mapa é um grito de
alerta para as autoridades brasileiras. É uma forma de mostrar que o problema é
mais grave do que o que se imaginava”, aponta o autor do documento.
O Mapa da Violência atualizado
incorporou dados de homicídios e de atendimentos via Sistema Único de Saúde
(SUS), que no relatório anterior eram preliminares. O documento oferece
informações de 1980 a 2010 sobre casos de assassinatos de mulheres, detalha a
faixa etária das vítimas, os locais onde os crimes acontecem, os principais
tipos de armas usadas e os estados brasileiros com as taxas mais elevadas de
homicídios de mulheres.
Entre os dados mais relevantes,
Jacobo destaca o crescimento dos assassinatos de mulheres após 2010.
"Mecanismos como a Lei Maria da Penha ainda não estão dando o resultado
pretendido. Os esforços ainda são insuficientes para estagnar a espiral de
violência contra a mulher”, denuncia o autor do Mapa da Violência, apelando
para que se redobrem os trabalhos e esforços.
A gravidade deste problema está
marcada também no contexto internacional. Em uma lista com 84 países, o Brasil
está em 7º lugar nas taxas de homicídio feminino (4,4 em 100 mil mulheres) e
perde apenas para El Salvador (10,3), Trinidad e Tobago (7,9), Guatemala (7,9),
Rússia (7,1), Colômbia (6,2) e Belize (4,6).
"Há uma falta de
consciência com relação ao problema e existe ainda a tolerância institucional
que torna a vítima culpada. Existem mecanismos que justificam os crimes contra
as mulheres, como por exemplo, dizer que algumas mulheres se vestem como vadias
e por isso acabam sendo estupradas. É como se uma dose de violência contra a
mulher fosse aceitável e até necessário”, critica o autor do Mapa.
Mapa
da Violência em números
A partir de dados do Sistema de
Informações de Mortalidade, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério
da Saúde - fonte básica para a elaboração do Mapa - registrou-se o assassinato
de 92.100 mulheres no Brasil entre 1980 e 2010, 43,7 mil apenas na última
década. O número de mortes em 1980 passou de 1.353 para 4.465 em 2010, cifras
que representam aumento de 230%.
O Mapa mostra que as maiores
taxas de vitimização de mulheres está no intervalo entre 15 e 29 anos, com
ascendência para a faixa de 20 a 29, que é o que mais cresceu na década
analisada. Já no grupo acima dos 30, a tendência foi de queda.
Estas mulheres continuam sendo
vitimadas em sua residência (41%) e o principal instrumento utilizado são armas
de fogo. Eles também são mortas com meios que exigem contato direto, como a
utilização de objetos cortantes, penetrantes, contundentes e sufocação,
deixando clara maior incidência de violência passional.
Os pais são identificados como
agressores quase exclusivamente até os 9 anos das meninas e na faixa dos 10 aos
14, como principais responsáveis pelas agressões. A partir dos 10 anos, se
sobressai a figura paterna como responsável pela agressão. Já com o passar dos
anos, este papel vai sendo substituído pelo parceiro, namorado ou os
respectivos ex, que predominam a partir dos 20 anos da mulher até os 59. A
partir dos 60, os filhos são os responsáveis pela violência contra a mulher.
No Brasil, o Espírito Santo
está no topo da lista de homicídios femininos. Sua taxa de 9,6 homicídios em
cada 100 mil mulheres, mais que duplica a média nacional e quase quadruplica a
taxa de Piauí, estado com o menor índice do país.
Veja o Mapa da Violência na
íntegra neste link.
Fonte: Brasil de Fato
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