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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Docentes federais da BA racham com federação que aceitou oferta do governo e mantêm greve

Foto:  Professores de federais da Bahia decidiram
 nesta terça-feira (7) manter greve
 
Anderson Sotero
Do UOL, em Salvador

Professores de federais da Bahia decidiram nesta terça-feira (7) manter greve.
Os professores de instituições federais baianas decidiram nesta terça-feira (7) não aceitar a oferta do governo e dar continuidade à greve em assembléia convocada pelo Apub (Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia). O Apub faz parte da Proifes (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições de Ensino Superior), que aceitou a proposta do Ministério do Planejamento.
São também filiados à federação os professores da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que decidiram encerrar a greve. Com 310 votos a favor, 29 contrários e três abstenções, a decisão foi tomada após cerca de quatro horas de assembleia – que foi marcada por tumultos e agressões verbais diante do racha que se estabeleceu entre a direção do sindicato e do comando de greve.

Renúncia
Com os ânimos acirrados e gritando “renuncia”, os grevistas ainda colocaram em votação a destituição da direção da Apub como pauta para uma assembleia que será realizada no próximo dia 15 de agosto. Com o auditório já esvaziados, os professores conseguiram aprovar a pauta (145 a favor e 14 contra). A desfiliação da Apub ao Proifes também foi sugerida pelos docentes, mas não chegou a ser encaminhada para votação.
“No dia 2 de agosto, nós enviamos uma contra proposta ao comando nacional. A proposta oferecida não reestrutura a carreira. Todos os professores com mestrado e associados terão perda salarial em 2015. A segunda proposta do governo é pior que a primeira”, destacou o professor Jair Batista, do comando de greve.
“Vamos encaminhar essa decisão para o comando nacional para que force a reabertura de negociação com o governo”, complementou. Segundo o professor, o comando de greve foi estabelecido após assembleia com 400 docentes no dia 29 de maio e era formado por 21 representantes e dois diretores da Apub. No entanto, os dois representantes do sindicato se retiraram do comando de greve.
Professor discute com presidente da Apub (sentada, de costas) durante assembleia que decidiu pela manutenção da greve

"Situação peculiar"
Batista ressaltou ainda o embate gerado entre o comando de greve a direção da Apub. “Temos uma situação peculiar na Bahia. A base a favor da greve e a direção do sindicato contra. O comando de greve repudiou a atitude do Proifes de assinar o acordo com o governo. Foi uma conduta política nefasta”, disse.
De acordo com o comando de greve, mesmo após o repúdio, a direção da Apub não levou a Brasília o resultado da assembleia. “A professora Silvia Ferreira [presidente do Apub] se comprometeu em assembleia a defender o que fosse decidido. Só que ela foi para o conselho deliberativo e não defendeu nenhuma deliberação aprovada em assembleia”, afirmou.
A presidente da Apub, Silvia Lúcia, combateu as acusações, mas admitiu que o posicionamento da direção do sindicato é da não continuidade da greve. “As acusações são válidas, mas eu não concordo. Eu levei para a mesa de negociação o que foi aprovado em assembleia. O problema é que em uma mesa de negociação se avança. Não posso levar só a decisão do comando”, disse a presidente da Apub.

Metralhadora de brinquedo
Durante a assembleia, Silvia foi vaiada várias vezes e ainda ganhou de um professor uma metralhadora de brinquedo. “Foi feita uma consulta do Proifes nacionalmente e 74% das respostas foi de que concordavam com a proposta do governo. Não é uma greve local, é nacional. O posicionamento da Apub é acompanhar o encerramento do Proifes que é o encerramento da greve. O governo já encerrou as negociações. A Andes sabe entrar numa greve, mas não sabe sair e não apresenta contra-proposta”, emendou Silvia.
A presidente da Apub foi ainda acusada pelos grevistas de convocar uma assembleia “tendenciosa”, com ponto único sobre “encerramento da greve”. Ao dar início à assembleia, sob protestos, ela voltou atrás e acatou pedido dos grevistas para que a pauta fosse “greve, avaliação, encaminhamento”. Silvia ainda foi contra que integrantes do comando de greve fizessem parte da mesa. Mas, com novos protestos e vaias, também voltou atrás e aceitou.
O clima ficou ainda mais tenso quando a presidente da Apub disse para os grevistas que convidou representantes do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Trabalho e da Ordem dos Advogados (seção Bahia). A direção da Apub foi ainda questionada pelos grevistas sobre o contrato de seguranças para os diretores. Representante do sindicato, o professor João Augusto admitiu que foram contratados seguranças por conta das “abordagens dos professores”.

Discussão
Filiada à Apub, a professora Regina Antoniaze disse que não se sente representada pelo sindicato. “Me sinto representada pelo comando de greve. A assembleia é soberana e a Apub não respeitou isso. A direção da Apub nos traiu”, disse.
Para o professor Paulo Fabio, o único a falar ao microfone que era contra a continuidade da greve, a proposta do governo é insatisfatória, mas razoável. “A proposta não atende ao conjunto das reivindicações, mas isso não é motivo para a continuidade. As assembleias não tem gerado contra-propostas. Os professores mantem a proposta inicial. A proposta do governo não reestrutura a carreira, mas avança. A reestruturação da carreira é uma luta que deve prosseguir, mas não devemos condicionar isso à greve”
Realizada na faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Participaram da assembleia cerca de 350 docentes da UFBA e da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia) e do IFBA (Instituto Federal da Bahia). A paralisação começou em 29 de maio.

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