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sábado, 4 de agosto de 2012

Notícias de Caracas

Foto:  noticias.br.msn.com

Igor Fuser

Na condição de jornalista, viajei a Caracas várias vezes nos anos 90. Minha lembrança é de uma metrópole deteriorada e perigosa, com um contraste social chocante. Voltei agora, no contexto da disputa eleitoral de 7 de outubro entre o presidente Chávez, que concorre a um novo mandato, e o candidato da oposição direitista.
Deparei com uma cidade agradável, em que a população desfruta do espaço público recuperado em vez de ficar reclusa dentro de casa. Não vi uma única criança pedindo esmolas ou em situação de abandono. Ninguém dormindo na calçada por falta de abrigo.
Na região central, atividades culturais promovidas pela prefeitura (de esquerda) reúnem milhares de pessoas, de dia e de noite. Casais dançam salsa, em plena rua. Dois teleféricos recém-construídos levam moradores pobres até o alto do s morros onde vivem. Visitei uma das maiores favelas caraquenhas. Por toda parte, clínicas de saúde (operadas por médicos cubanos), escolas, quadras esportivas, centros culturais, mercados estatais que vendem alimentos a preços mínimos.
Cooperativas de moradores estão reformando, com dinheiro público, as casas precárias. Para superar o déficit habitacional no país, o governo Chávez está construindo centenas de milhares de novas moradias populares, de qualidade e bem localizadas. Um novo corpo de segurança, a Polícia Nacional Bolivariana, foi criado para substituir a polícia tradicional, corrupta e truculenta.
Mas a desigualdade persiste. Num dos bairros mais ricos, passei em frente a mansões com campo de golfe particular um luxo incomum até mesmo no Brasil. É em defesa desse estilo de vida privilegiado que a burguesia venezuelana tenta outra vez barrar os avanços da Revolução Bolivariana. Se em algum lugar do mundo a eleição expressa a lut a de classes, esse lugar é Caracas.

(Artigo publicado no jornal Brasil de Fato, na semana de 1/8/2012)

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