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Igor Fuser
Na condição de jornalista,
viajei a Caracas várias vezes nos anos 90. Minha lembrança é de uma metrópole
deteriorada e perigosa, com um contraste social chocante. Voltei agora, no
contexto da disputa eleitoral de 7 de outubro entre o presidente Chávez, que
concorre a um novo mandato, e o candidato da oposição direitista.
Deparei com uma cidade
agradável, em que a população desfruta do espaço público recuperado em vez de
ficar reclusa dentro de casa. Não vi uma única criança pedindo esmolas ou em
situação de abandono. Ninguém dormindo na calçada por falta de abrigo.
Na região central, atividades
culturais promovidas pela prefeitura (de esquerda) reúnem milhares de pessoas,
de dia e de noite. Casais dançam salsa, em plena rua. Dois teleféricos
recém-construídos levam moradores pobres até o alto do s morros onde vivem.
Visitei uma das maiores favelas caraquenhas. Por toda parte, clínicas de saúde
(operadas por médicos cubanos), escolas, quadras esportivas, centros culturais,
mercados estatais que vendem alimentos a preços mínimos.
Cooperativas de moradores estão
reformando, com dinheiro público, as casas precárias. Para superar o déficit
habitacional no país, o governo Chávez está construindo centenas de milhares de
novas moradias populares, de qualidade e bem localizadas. Um novo corpo de
segurança, a Polícia Nacional Bolivariana, foi criado para substituir a polícia
tradicional, corrupta e truculenta.
Mas a desigualdade persiste.
Num dos bairros mais ricos, passei em frente a mansões com campo de golfe
particular um luxo incomum até mesmo no Brasil. É em defesa desse estilo de
vida privilegiado que a burguesia venezuelana tenta outra vez barrar os avanços
da Revolução Bolivariana. Se em algum lugar do mundo a eleição expressa a lut a
de classes, esse lugar é Caracas.
(Artigo publicado no jornal
Brasil de Fato, na semana de 1/8/2012)
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