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Por Adriano S. Ribeiro
O caminho da perdição. PSOL
segue exemplo do PT em busca de aliados
Adoção
de alianças pragmáticas nas eleições divide o partido
BRASÍLIA - Até recentemente
visto como um partido radical de esquerda, o PSOL está começando a mudar.
Registrada oficialmente em 2005, a legenda chega este ano à sua segunda eleição
municipal com reais chances de eleger prefeitos em duas capitais — Belém e
Macapá — e um acalorado debate interno sobre a ampliação das alianças
pragmáticas com legendas sem qualquer afinidade programática. O cerne desse
embate é justamente a campanha do candidato Clécio Vieira, pelo PSOL, à
prefeitura de Macapá.
Capitaneado pelo senador
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), o partido se uniu na capital do Amapá com PPS,
tradicional aliado dos tucanos, PV, PCB e, para surpresa de alguns, com três
partidos nanicos sem qualquer definição ideológica: PTC, PRTB e PMN. Cada um
dos três tem um deputado federal, todos do baixíssimo clero da Câmara. Entre
eles, Jaqueline Roriz, filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim
Roriz.
A aliança na capital do Amapá
provocou críticas dos setores mais radicais do partido, que já tem tendências e
grupos internos, como no PT. Integrante da ala Corrente Socialista dos
Trabalhadores, o ex-deputado federal Babá é uma das principais vozes contrárias
ao acordo, que, segundo ele, teria sido rejeitado por 40% dos participantes do
congresso da legenda.
— Isso é seguir a lógica que
destruiu com o PT. Esse tal arco de alianças foi se ampliando de tal forma que
hoje o PT está com o Paulo Maluf em São Paulo e com Sérgio Cabral e Eduardo
Paes no Rio. Na verdade, eles querem uma política que conduza a um PT disfarçado.
Isso nós não queremos no PSOL. Fomos expulsos do PT por manter nossas origens
de não concordarmos com alianças com partidos da burguesia ou com esses
pequenos partidos que na verdade são siglas de aluguel — opinou Babá.
A opinião do ex-deputado, porém,
vem se tornando crescentemente minoritária no partido. Hoje um dos principais
quadros da legenda no cenário nacional, o senador Randolfe Rodrigues lidera o
movimento pela ampliação das alianças. Já apontado como provável pré-candidato
do partido à Presidência da República em 2014, o jovem Randolfe vem trabalhando
intensamente para diminuir o radicalismo no partido.
— Desde seu nascimento, o PSOL
debate sobre o “vir a ser”: se seremos um PSTU turbinado ou se seremos uma
alternativa real à esquerda. Se o PSOL sair bem das eleições deste ano,
poderemos ser uma síntese que represente essa alternativa — diz o senador.
Apesar de apoiar a decisão da
sigla tomada semana passada de proibir alianças com PSDB, DEM, PMDB, PR, PTB e
PP, Randolfe não vê problemas em firmar alianças com os nanicos:
— Alguns desses partidos
cumprem esse papel de partido de aluguel e até se vendem; outros, não. O PSOL
tem de ter firmeza de princípios e flexibilidade na prática. Há espaço político
enorme para uma posição política de esquerda.
A expectativa no partido é que
as eleições de outubro sacramentem o rumo da legenda nos próximos anos. Caso o
PSOL consiga bom resultado em Macapá e Belém, onde lançou Edmílson Rodrigues em
aliança com o PCdoB, a tendência é que a tese mais pragmática prospere.
Para o presidente da legenda,
deputado Ivan Valente (SP), a ampliação das alianças é um processo natural.
— Em 2008, o PSOL era uma
antítese do PT. Era muito pequeno, mas hoje conseguiu se afirmar nacionalmente,
e aí você pode abrir algumas exceções que não comprometem o partido.
Também dirigente do partido,
Milton Temer (RJ) faz parte dos entusiastas das alianças locais, mas considera
fundamental a existência de críticas internas a elas:
— Existe um embate e estou
entre os que se alinham inteiramente com a operação que Randolfe faz no Amapá.
Isso não é nenhuma tragédia, não vai mudar a linha ideológica do Clécio. Ter um
caminho mais amplo é diferente de rendição — completou Temer.
Fonte: Advivo
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