Foto: portaljipa.com.br |
A Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), órgão do governo federal
subordinado ao Ministério da Integração, contratou o Corpo de Engenharia do
Exército dos Estados Unidos (Usace) para estudar alternativas que tornem
navegável o Rio São Francisco, um dos mais importantes cursos d´água do país e
da América Latina.
O contrato, de R$ 7,8 milhões
(US$ 3,84 milhões), foi assinado em dezembro do ano passado e, em março deste
ano, os primeiros engenheiros do Exército norte-americano chegaram ao Brasil
com a missão de desenvolver projetos que contenham a erosão nas margens e
facilitem a construção de uma hidrovia no São Francisco.
Na semana passada, o comandante
do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, brigadeiro Douglas Fraser (que
responde diretamente ao secretário de Defesa e ao presidente Barack Obama),
esteve em Brasília para saber como anda o trabalho.
“O contrato tem o prazo de três
anos, em que os engenheiros do Usace devem nos apresentar 12 projetos de
assessoria técnica para a navegação do rio. São estudos sobre dragagem,
controle de erosão e estabilização das margens, geotecnia, dentre outros”,
disse ao G1 o gerente de concessões e projetos especiais da Codevasf, Roberto
Strazer.
Segundo ele, a parceria teve início
após troca de e-mails entre funcionários da Codevasf e o Usace para aproveitar
o conhecimento da engenharia militar dos EUA no Rio São Francisco.
“Eles possuem em um
conhecimento incrível em navegação que queríamos usar. São técnicos e temos
muito a ganhar com a parceria. A navegação do São Francisco é extremamente
precária e subutilizada, principalmente na época de estiagem”, acrescentou
Strazer.
O corpo de engenheiros militar
dos EUA foi criado em 1882 para atuação em desastres, como enchentes, terremotos
e furacões, e reconstrução, apoiando as ações militares no Iraque e
Afeganistão. O Usace é responsável pela navegação dos rios Mississipi e Ohio e
também por parte do controle do transporte marítimo interno nos EUA. Todos os
chefes do órgão são militares, com a patente de general, do Exército americano.
“É preciso que se explore mais
a navegação do São Francisco. Além de ter o menor custo por tonelada, o
transporte através dos rios tem menor impacto no meio ambiente”, afirmou
Strazer.
A Codevasf aponta que há grande
potencial de navegabilidade em uma faixa de de 1.371 km, entre Pirapora (MG)
até Juazeiro (BA)/Petrolina (PE), que é ainda inexplorado.
Estabilização
de margens
Dois engenheiros civis do Usace
ficam permanentemente no Brasil fazendo os estudos e avaliações nas margens dos
rios e trabalhando, de forma coordenada, com um grupo de militares e civis do
Exército norte-americano em Washington.
“Um dos projetos que eles
desenvolvem é validar conhecimentos de navegação e estabilização de margens em
um campo de provas que temos em Barras, na Bahia”, disse Strazer. A ideia é
tornar todo o rio navegável a partir de pequenos trechos ao longo do seu curso.
Em Brasília, no último dia 10,
o presidente da Codevasf, Elmo Vaz, apresentou ao comandante do Comando Sul das
Forças Armadas dos EUA – responsável por todas as ações militares
norte-americanas na América Latina – o andamento dos trabalhos. Só para cumprir
a meta de tornar os primeiros 657 km do Velho Chico navegáveis, servindo de via
de escoamento da produção, serão investidos até o final de 2012 mais de R$ 73
milhões.
O Rio São Francisco atravessa
os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e serve de divisa natural entre
Sergipe e Alagoas até desaguar no Oceano Atlântico.
Um projeto do Ministério da
Integração busca transpor parte das águas do rio para aproveitá-lo também para
irrigação no Ceará e Rio Grande do Norte, servindo de eixo de ligação do
Sudeste e do Centro-Oeste com o Nordeste do país.
Segurança
nacional
O gerente de projetos da
Codevasf disse não ver riscos à segurança nacional em trabalhar com o Exército
norte-americano. “Essa preocupação foi levantada na fase inicial do contrato.
Eu já o recebi fechado, no início deste ano. Não vejo riscos, pois as informações
que eles estão tendo acesso no local não são nada que se possa ocultar por
imagens de satélite”, afirmou Roberto Strazer.
Ele acrescentou ainda que o
Exército brasileiro também está trabalhando no rio com projetos de
navegabilidade e está em contato com os militares americanos. “Há engenheiros
do Exército brasileiro em um projeto de estabilização das margens de Ilha da
Tapera, na Bahia, que estão em contato com os americanos também. Há interesses
nacionais envolvidos, mas buscamos intercâmbio técnico.”
O Exército informou, por meio
da assessoria de imprensa, que visitou a sede do Usace, nos EUA, e que
engenheiros militares brasileiros estão próximos à área onde os americanos
estão trabalhando no São Francisco. O Exército também disse que não vê riscos
na parceria em relação ao vazamento de dados relativos à segurança nacional.
O chefe da missão do Usace no
Brasil, Calvin Creech, confirmou que atualmente trabalham no país dois
engenheiros civis do órgão, especializados em hidráulica e geotecnologia. “O
Usace está apoiando a Codevasf. Esse trabalho é importante para os Estados
Unidos porque melhorar a navegação do Rio São Francisco trará benefícios
sociais para a região, reduzindo os custos associados com o transporte de
produtos agrícolas”, disse Creech ao G1.
Fonte: Geodireito
Nenhum comentário:
Postar um comentário