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Alex Conceição*
Que fins levaram os caranguejos de Science,
A fome de Castro e o Capibaribe de João Cabral?
Sinto em mim que todos se perderam no mar.
Todos por entre olhares vazios que perambulam em lama e caos
Todos em meio ao tom frio de ignorância viva que descolore
as almas,
Encobre os anseios, e deixa tudo como está...
D’onde está minha armadura de lama pra que eu possa crer?
Em que pensava o menino João Paulo pra que eu possa também
me atirar nos braços da revolução?
Quem são os homens caranguejos, e onde está a vida da morte
e vida de João?
A madrugada incita, e a lua cheia é chama no céu
Papel pintado de sangue que cai em gotas de lágrimas ao léu
Sim, talvez por medo ou por angústia
Talvez por algo que eu não sei
Mais por medo de ser só isso:
Lama e caos,
Fome e frio,
Fogo e rio.
Riu sem saber de quê...
Assim me esquivo do mundo, de mim e da minha poesia que me
rouba pra me investir no tempo.
Mas que fins levaram os crustáceos de Chico, a orexia de
Josué e o rio de Melo Neto?
Creio eu que estejam por aí, perdidos em meio às ondas,
Ondas sonoras de frequências pouco conhecidas
Por de traz da tarja “censurística” que esconde tudo que
fala de nada que te interessa,
Algo que não se consome, mas que pode nos consumir.
Em vão...
Em vão escondem um ciclo que está dentro de cada um.
Idiotas encarceram em lama a fome dos guaiamuns
Fabricam tempestades pra que percamos os sentidos
E não percebem que é do homem corrompido
Pela lama como piso
Pelo lixo como abrigo
Que surge o que é pra Ele o maior perigo:
Um pensamento endiabrado um brado forte e não calado
Que muitos irão chamar SUBVERSIVO,
Mas que fins levaram os caranguejos de Chico?
*Estudante de História da Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia.
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