Peter H Duesberg (Foto: Divulgação) |
Um
dos maiores especialistas em vírus HIV afirma que a Aids não é contagiosa e que
se alguém injetar o vírus em si mesmo não ficará doente
16
dezembro, 2013
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Peter
H Duesberg é professor de biologia
molecular e celular na Universidade de Berkeley. Ph.D em química pela
Universidade de Frankfurt, tornou-se pesquisador do Instituto Max Planck de
Virologia, em Tübingen e, desde 1973, é professor titular da cátedra de
biologia molecular e celular de Berkeley, cátedra esta que já foi ocupada por
mais de um prêmio Nobel.
Sua
experiência com os retrovírus o levou a publicar artigos em revistas
científicas de reputação internacional, refutando a hipótese de que a AIDS seja
causada por um vírus. Propõe como hipótese de trabalho que a AIDS é causada por
abuso de drogas e comportamentos auto-degradativos, que leva o sistema
imunológico ao colapso. Seus estudos sobre a participação viral na oncogênese o
levaram a refutar esta relação. Sugere, como linha de pesquisa científica, que
a aneuploidia esteja na origem do câncer.
Em
1996, em seu livro Inventing the AIDS Virus (Inventando o vírus da AIDS) e em
inúmeros artigos para jornais e cartas para editores, Duesberg afirma que o HIV
é inofensivo, e o uso de drogas ilícitas e farmacêuticas (especialmente de AZT,
uma droga utilizada no tratamento da AIDS) são as causas da doença fora da
África (a tão comentada Hipótese de Duesberg).
Duesberg
afirma que a AIDS na África é errôneamente diagnosticada, e a epidemia é um
mito, alegando que o critério de diagnóstico da AIDS na África é diferente de
qualquer outro lugar e que a perda da imunidade nos pacientes africanos pode
ser explicada por fatores como desnutrição, consumo de água poluída e várias
outras infecções que têm os mesmos sintomas da AIDS. Duesberg também argumenta
que os retrovírus como HIV sobrevivem de maneira inofensiva, e que a maneira
comum de propagação é a transmissão de mãe para filho por infecção no útero.
A
Hipótese de Duesberg é apoiada por vários cientistas, em sua maioria Phd's e
ganhadores de prêmios Nobel, embora seja atacada massivamente por cientistas de
grandes laboratórios, principalmente o GlaxoSmithKline (Burroughs Wellcome na
época em que patenteou o AZT). (Fonte: Wikipédia)
Há
algum tempo atrás, Peter Duesberg
concedeu uma entrevista à revista Super Interessante, do qual falou mais
detalhadamente sobre suas teses:
Fonte: Super Interessante,
Edição 157
por
Flávio Dieguez: Desde a eclosão da Aids, em 1981, a expressão “HIV-positivo” se
transformou quase que em uma sentença de morte. A presença do HIV em um
organismo significava que, mais cedo ou mais tarde, ele adoeceria de Aids.
Mas... e se o vírus for inocente? E se ninguém precisasse temer o contágio e
nem, por causa disso, tivesse que usar camisinha como uma obrigação, nem tomar
drogas pesadas como o AZT, disparadas contra o vírus como a única alternativa
de salvação? Essa tese polêmica – ou simplesmente insana na opinião de muitos
especialistas – é defendida pelo cientista que mais entende hoje dos vírus da
categoria do HIV, chamados de retrovírus. Trata-se do bioquímico alemão,
naturalizado americano, Peter Duesberg, da Universidade da Califórnia, em
Berkeley. “Peter é extraordinário e brilhante”, diz a seu respeito o seu maior
oponente, o virologista americano Robert Gallo, do Instituto Nacional do Câncer
(INC). (Gallo descobriu o HIV e é o autor da tese de que é o vírus que causa a
Aids.) Duesberg concordou em dar esta entrevista à Super depois que o
presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, em abril, anunciou que poderia
suspender, em seu país, o tratamento da Aids por meio de drogas anti-HIV, não
só por seus efeitos colaterais deletérios, como por haver dúvidas sobre sua
eficiência no combate à doença. O anúncio teve o efeito de um terremoto. Pela
primeira vez se deu atenção a Duesberg e a mais uma centena de pesquisadores
que inocentam o vírus, entre os quais o bioquímico americano Kary Mullis, da
Universidade da Califórnia, Prêmio Nobel de Química de 1993. A seguir, entenda
por que eles não acreditam que o HIV seja o vilão da história.
Super – Por que você não aceita
a teoria de que a Aids é causada por um vírus, o HIV?
A
Aids não é compatível com os critérios usados para definir uma doença como
infecciosa – isto é, causada por microorganismos. Para começar, todas as
infecções levam ao contágio e são comumente transmitidas para quem trata os
pacientes. Não se conhece um único médico ou enfermeira que tenha contraído
Aids dessa maneira. No total, desde que a Aids foi diagnosticada há 20 anos,
mais de 750 000 casos já foram registrados nos Estados Unidos. O fato de não
ter havido a contaminação de um médico ou uma enfermeira sequer demonstra que a
Aids não é contagiosa.
Mas a Aids não está se
espalhando pela população por contágio?
Não.
As doenças infecciosas se alastram mais ou menos por igual por toda a
população. É o que se vê, por exemplo, na poliomielite, na varíola, na hepatite
etc. Em vez disso, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, a Aids é uma
enfermidade predominantemente masculina: até 85% dos pacientes são homens. Como
explicar a baixa incidência no sexo feminino? E não é só isso: quase 70% dos
pacientes masculinos são homossexuais usuários de drogas, o que torna a distribuição
da doença ainda mais desigual, mais restrita a um segmento específico da
sociedade.
Então, qual seria o papel do
vírus?
O
HIV não se encaixa nos critérios estabelecidos. Nenhum outro vírus tem o
comportamento que se atribui a ele. Enquanto todos os vírus conhecidos causam
doença em alguns dias ou semanas após a infecção, o HIV demoraria até dez anos
para provocar efeito. É um paradoxo sem explicação. Na verdade, essa demora no
aparecimento do mal é característica das doenças associadas às drogas. O câncer
de pulmão surge de dez a 20 anos depois que se começa a fumar, e a cirrose, 20
anos depois de começar a beber.
Até que ponto essa analogia é
importante para entender a causa da Aids?
Ela
mostra o quanto é duvidoso que o HIV seja a causa da Aids. Se ela fosse de
origem viral, deveria ter seguido um de dois caminhos possíveis: ou teria sido
controlada assim que os pacientes desenvolvessem imunidade a ela, ou teria
explodido, como previram erroneamente os cientistas americanos. Mas o que
aconteceu foi algo completamente diferente: ela está associada a um estilo de
vida, da mesma forma que o câncer de pulmão predomina entre os fumantes e, como
ele, continua confinada a uma pequena parcela da população.
Então, a causa da doença seria
um comportamento...
A
hipótese que nós defendemos é que a Aids é uma epidemia química, não
contagiosa, provocada pelo uso persistente de drogas nos Estados Unidos e na
Europa, e pela má nutrição (a falta de nutrientes causa problemas químicos,
tanto quanto as drogas), na África.
Como se explicam as fotos ou
filmes que mostram o HIV infectando as células?
O
fato de um vírus estar presente em um paciente não é suficiente para provar que
ele seja a causa da doença. Especialmente se a doença não é contagiosa. Na
verdade, em sua grande maioria os vírus são “passageiros” inofensivos do
organismo humano e nunca causam doenças.
A hipótese da causa química tem
sido estudada de uma forma adequada, na sua opinião?
Claramente
não. Ao contrário, ela tem sido censurada, suprimida e privada de verbas
públicas. Os seus proponentes são intimidados e marginalizados.
Você alega que os tratamentos
disponíveis para a Aids não ajudaram ninguém até hoje. O que o faz pensar assim?
Primeiro,
as terapias são direcionadas contra o vírus e ele não causa a Aids. Segundo,
como as drogas utilizadas prejudicam o sistema de defesa do organismo (como se
diz que o HIV faz) elas são Aids por prescrição médica. Receitar AZT, por
exemplo, é como receitar a doença.
Como se explica que o jogador
de basquete americano Magic Johnson esteja em tão boa forma, embora tenha tido
Aids e tomado o AZT?
Você
está enganado: Johnson tomou AZT por alguns meses apenas, dez anos atrás.
Depois disso nunca mais. E é por isso que tem boa saúde agora. O HIV é
inofensivo, mas as drogas anti-HIV são mortais: Johnson é a prova viva disso.
Você acredita que uma pessoa
saudável poderia injetar o vírus em si mesma sem risco de ter Aids?
Sim.
Isso já acontece. De acordo com a Organização Mundial de Saúde 33 milhões de
pessoas, atualmente, são HIV-positivas, mas menos de dois milhões desenvolveram
a doença desde que ela é conhecida. Portanto, há 31 milhões de pessoas
infectadas e completamente saudáveis no mundo – entre as quais Magic Johnson.
Você faria essa experiência?
Eu
já me dispus a isso, desde que o objetivo seja fazer pesquisa – uma
investigação financiada por dotações adequadas e com liberdade para publicar os
resultados em revistas especializadas. Eu sou um cientista, não um apostador.
Você acredita que o grupo dos
chamados “rebeldes da Aids”, do qual você faz parte, pode passar a ser ouvido
daqui para a frente?
Penso
que o nosso maior aliado é o fracasso da hipótese de que o HIV cause Aids. As
pesquisas nessa linha não conduzem à cura, não previnem e nem explicam a
doença, a despeito de todos os esforços já feitos em termos de capital e de
recursos humanos por mais de 16 anos. A incapacidade de produzir resultados é a
marca registrada do fracasso. Isso, mais a simples lógica dos nossos
argumentos, refutarão a hipótese corrente mais cedo ou mais tarde. Da mesma
forma que Galileu, mesmo que depois de 400 anos, acabou convencendo até o papa
de que a Terra gira em torno do Sol. (Só em 1983 a Igreja admitiu que errou ao
condenar Galileu.)
Fonte:
Folha
Social
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