Segundo pesquisa, nos primeiros anos grande parte dos presos
era formada por operários e integrantes do movimento sindical, muitos ligados
ao PCB, e após 1968, com a publicação do AI-5, aumentou a prisão de
profissionais liberais
Da Agência
Brasil
19/12/2013
Uma pesquisa feita por alunos de mestrado em história e
direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), a pedido da
Comissão Nacional da Verdade e da Comissão Estadual da Verdade, mostrou que
violações aos direitos humanos ocorreram desde os primeiros dias da ditadura
militar instalada no país (1964-1985).
“Houve tortura desde o início do golpe e também prisões em
massa, feitas a partir de listas previamente preparadas por delegacias. Eram
levados para estádios de futebol, que pudessem guardar esse conjunto de
detentos, que não cabiam mais nas delegacias”, disse o professor da PUC Marcelo
Jasmin, coordenador do levantamento cujos dados preliminares foram divulgados
hoje (18). A pesquisa foi feita ao longo de seis meses. Os alunos analisaram
1.114 processos de requerimento de reparação que fazem parte do acervo do
Conselho Estadual de Direitos Humanos do Rio de Janeiro.
O levantamento constatou que o estádio de futebol Caio
Martins, em Niterói (38 casos relatados na pesquisa); e do Ypiranga Futebol
Clube, em Macaé (21 casos), foram usados como prisão pelos agentes da ditadura.
Segundo o professor, nos primeiros anos grande parte dos presos era formada por
operários e integrantes do movimento sindical, muitos ligados ao Partido
Comunista Brasileiro (PCB), e após 1968, com a publicação do Ato Institucional
nº 5 (AI-5), aumentou a prisão de profissionais liberais.
A integrante da Comissão Nacional da Verdade Rosa Cardoso
disse que a pesquisa comprovou o uso intenso da violência desde os primeiros
dias do golpe militar. “Queríamos descobrir na pesquisa se o golpe de 1964 foi
feito com muita violência ou se essa grande violência acontece somente após um
processo de militarização do Estado, em 1968. E não temos dúvida de que foi um
golpe muito violento, a tal ponto que as prisões não puderam abrigar as pessoas
presas, que foram levadas a estádios”, disse.
Fonte: Brasil de Fato
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