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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O toma-lá-dá-cá costumeiro: Renan consegue apoio de Dilma para seu filho em Alagoas e engaveta CPI



Título original: Renan consegue apoio de Dilma para seu filho em Alagoas e engaveta CPI


Imagem: Dida Sampaio / Estadão Conteúdo
Depois de duas semanas de imposições, algumas explícitas outras veladas, contra os interesses do Palácio do Planalto, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conseguiu o compromisso da presidente Dilma Rousseff de apoio a eleição de seu filho, o deputado Renan Filho (PMDB-AL), ao governo de Alagoas.

O compromisso foi firmado em reunião entre Renan e Dilma na segunda-feira (4). Além da promessa de apoio, Renan Calheiros também obteve da presidente a prerrogativa de colocar um indicado seu no Conselho da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

A nomeação do assessor legislativo do Senado Igor Vilas Boas de Freitas já foi publicada no Diário Oficial de terça-feira (5), juntamente com a recondução do atual presidente da Anatel, João Rezende, pedida pelo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Neste ponto, o presidente do Senado acabou vencendo a queda de braço com o ministro que se opunha à nomeação do assessor para o cargo de conselheiro. Igor de Freitas foi assessor da ex-conselheira Emília Ribeiro, que esteve na Anatel até o final do ano passado também por indicação de Renan e do ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Em troca, Renan voltou ao Senado adotando um tom muito mais ameno e menos constrangedor ao governo. O senador recuou da ameaça feita na semana passada de instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar possíveis desvios de recursos nas obras destinadas à Copa do Mundo e da ideia de colocar em votação a proposta que dá autonomia do governo ao Banco Central.

Outra item da troca foi o compromisso da presidente Dilma Rousseff de ouvir o PMDB para a indicação de outros cargos vagos em agências reguladoras. Na conta do PMDB, pelo menos 20 cargos estão disponíveis nas agências que regulam a Saúde Suplementar (ANS), Vigilância Sanitária (Anvisa), Aviação Civil (Antac).

De acordo com o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), a presidente assumiu o compromisso de fazer um “redesenho” na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Esse novo desenho envolve, necessariamente, a distribuição de cargos aos partidos aliados, entre eles, o maior partido da base, o PMDB. "Há uma consenso de que é necessário ter uma negociação mais ampla sobre os cargos de todas as agência. No caso da ANTT, haverá um redesenho", disse Braga.

O PMDB e o próprio Planalto atuaram diretamente no convencimento de senadores para que retirassem as assinaturas que davam respaldo ao requerimento apresentado pelo líder da Minoria, senador Mário Couto (PSDB-PA). Como nove senadores atenderam aos pedidos e retiraram as assinaturas, o requerimento, que seria lido nesta terça-feira, foi sepultado pelo presidente Renan Calheiros.

As pressões de Renan Calheiros sobre Dilma tiveram como motivação a recusa do PT em apoiar o nome de Renan Filho ao governo de Alagoas. O PT somente concordaria em dar o apoio caso o candidato fosse o próprio Renan Calheiros. No entanto, no PMDB, a avaliação é de que Renan tem chances de se reeleger como presidente do Senado e, portanto, não seria estratégica sua saída para disputar o governo de Alagoas.

Com a candidatura de Renan Filho, o PT se sentia a vontade para se coligar com o PP e levar a frente a candidatura do senador Benedito de Lira (PP-AL). No entanto, de acordo com os próprios petistas, ainda não há uma garantia de que Lira será mesmo candidato. “Estamos no aguardo”, disse o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI).

Luciana Lima

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