Título original: Renan consegue apoio de Dilma para seu filho em Alagoas e engaveta CPI
Imagem:
Dida Sampaio / Estadão Conteúdo
Depois
de duas semanas de imposições, algumas explícitas outras veladas, contra os
interesses do Palácio do Planalto, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), conseguiu o compromisso da presidente Dilma Rousseff de apoio a
eleição de seu filho, o deputado Renan Filho (PMDB-AL), ao governo de Alagoas.
O
compromisso foi firmado em reunião entre Renan e Dilma na segunda-feira (4).
Além da promessa de apoio, Renan Calheiros também obteve da presidente a
prerrogativa de colocar um indicado seu no Conselho da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel).
A
nomeação do assessor legislativo do Senado Igor Vilas Boas de Freitas já foi
publicada no Diário Oficial de terça-feira (5), juntamente com a recondução do
atual presidente da Anatel, João Rezende, pedida pelo ministro das
Comunicações, Paulo Bernardo.
Neste
ponto, o presidente do Senado acabou vencendo a queda de braço com o ministro
que se opunha à nomeação do assessor para o cargo de conselheiro. Igor de
Freitas foi assessor da ex-conselheira Emília Ribeiro, que esteve na Anatel até
o final do ano passado também por indicação de Renan e do ex-presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Em
troca, Renan voltou ao Senado adotando um tom muito mais ameno e menos
constrangedor ao governo. O senador recuou da ameaça feita na semana passada de
instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar possíveis
desvios de recursos nas obras destinadas à Copa do Mundo e da ideia de colocar
em votação a proposta que dá autonomia do governo ao Banco Central.
Outra
item da troca foi o compromisso da presidente Dilma Rousseff de ouvir o PMDB
para a indicação de outros cargos vagos em agências reguladoras. Na conta do
PMDB, pelo menos 20 cargos estão disponíveis nas agências que regulam a Saúde
Suplementar (ANS), Vigilância Sanitária (Anvisa), Aviação Civil (Antac).
De
acordo com o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), a presidente
assumiu o compromisso de fazer um “redesenho” na Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT). Esse novo desenho envolve, necessariamente, a
distribuição de cargos aos partidos aliados, entre eles, o maior partido da
base, o PMDB. "Há uma consenso de que é necessário ter uma negociação mais
ampla sobre os cargos de todas as agência. No caso da ANTT, haverá um
redesenho", disse Braga.
O PMDB
e o próprio Planalto atuaram diretamente no convencimento de senadores para que
retirassem as assinaturas que davam respaldo ao requerimento apresentado pelo
líder da Minoria, senador Mário Couto (PSDB-PA). Como nove senadores atenderam
aos pedidos e retiraram as assinaturas, o requerimento, que seria lido nesta
terça-feira, foi sepultado pelo presidente Renan Calheiros.
As
pressões de Renan Calheiros sobre Dilma tiveram como motivação a recusa do PT
em apoiar o nome de Renan Filho ao governo de Alagoas. O PT somente concordaria
em dar o apoio caso o candidato fosse o próprio Renan Calheiros. No entanto, no
PMDB, a avaliação é de que Renan tem chances de se reeleger como presidente do
Senado e, portanto, não seria estratégica sua saída para disputar o governo de
Alagoas.
Com a
candidatura de Renan Filho, o PT se sentia a vontade para se coligar com o PP e
levar a frente a candidatura do senador Benedito de Lira (PP-AL). No entanto,
de acordo com os próprios petistas, ainda não há uma garantia de que Lira será
mesmo candidato. “Estamos no aguardo”, disse o líder do PT no Senado,
Wellington Dias (PT-PI).
Luciana
Lima
Fonte: Folha
Política
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