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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ex-guerrilheiro mexe na ferida e revela documentos inéditos da ditadura militar na internet

Autor Aluízio Palmar salienta que “os documentos dos arquivos da ditadura devem ser vistos com o olho crítico da dúvida, pois foram escritos por pessoas treinadas para mentir, contra-informar, caluniar, prender, torturar e matar.



Claudio Julio Tognolli

Um novo site contribui para a transparência dos documentos dos anos de chumbo: Documentos Revelados foi criado por Aluízio Palmar. Nascido em maio de 1943, em São Fidélis, Estado do Rio de Janeiro, Palmar estudou Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense. Em decorrência de sua militância revolucionária, não terminou o curso, foi preso e banido do país.

O site é atualizado diariamente. Confira em Documentos Revelados.

Palmar militou no MR8 velho (o primeiro, que surgiu em Niterói) e na VPR. Foi preso em 1969 e em 1971, e libertado juntamente com outros 69 presos políticos, em troca do Embaixador da Suiça no Brasil.

Em 1979, trabalhou na revista “Atenção” e no jornal “Correio de Notícias”, de Curitiba. Em 1980 trabalhou no jornal Hoje Foz e em dezembro desse mesmo ano fundou o jornal Nosso Tempo, conhecido por sua linha editorial de contestação à ditadura.

Com a anistia política de 1979 voltou ao Brasil e deu início em Foz do Iguaçu a carreira de jornalista.

Aluizio Palmar explica seus motivos: “Documentos Revelados é resultado de anos de garimpagem nos arquivos estaduais e arquivo da Delegacia da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, de vasculhar caixas e pastas AZ, repletas de mandados de prisão, informes, radiogramas, ofícios recebidos e expedidos, dossiês, relatórios e outros tipos de documentos produzidos pela burocracia policial. Reconheço que esta busca é tardia, pois no Brasil, ao contrário do Chile, Argentina e Paraguai, os arquivos da repressão estão sendo abertos fora do tempo apropriado. A nossa Lei da Anistia, além de ter permitido a devolução dos direitos civis e políticos aos perseguidos pela ditadura, beneficiou os torturadores e serviu também ao propósito do esquecimento do passado. O resultado desta dubiedade é o fato de que enquanto as vítimas precisam remexer nos arquivos para que histórias sejam reconstruídas, os algozes e seus cúmplices fazem de tudo para que o passado permaneça intacto e possam, assim, terminar em paz os seus dias. Estão normalmente dispostos a pagar a intocabilidade do passado, com o seu próprio esquecimento pela História”.

Aluízio Palmar ainda sustenta que “o sítio foi criado para atender a busca de documentos sobre o período da ditadura. Passados 24 anos desde a promulgação da Constituição, boa parte dos documentos produzidos pelos órgãos de repressão continuam fechados. Os arquivos públicos receberam e continuam recebendo documentos que são indexados para consultas. Porém, alguns obstáculos, como as distâncias e a fragmentação dos acervos, tem dificultado o acesso para o grosso da população. Eu pretendo com o site Documentos Revelados facilitar o acesso, popularizar, incentivar a discussão sobre o tema ditadura. Para que não se esqueçam, para que nunca aconteça. Com este site, pretendo expor alguns documentos emitidos pela chamada ‘comunidade de informações’ da ditadura civil militar que tiranizou nosso País de 1964 à 1985, além de outros fundos documentais”.

O autor salienta que “os documentos dos arquivos da ditadura devem ser vistos com o olho crítico da dúvida, pois foram escritos por pessoas treinadas para mentir, contra-informar, caluniar, prender, torturar e matar.

Espero que Documentos Revelados contribua para a compreensão dos acontecimentos das décadas passadas, dos métodos de controle usados pelo Estado Policial e estimule os visitantes a ter um compromisso ativo com a democracia”.


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