Publicado em 27 de novembro de
2013
Gregos estariam se auto-infectando com HIV para… sobreviver. Anos de “ajustes” devastam sociedades e não recuperam economias
Por Vinícius Gomes
Assim que descoberto, o dado
chocou tanto que precisou ser desmentido. No começo da semana, jornalistas
perceberam que um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado há
dois meses, revelava, sobre a Grécia (pg. 112): “As taxas de HIV e uso de
heroína cresceram significativamente; cerca de metade das novas infecções de
HIV foram auto infligidas, para permitir aos pacientes receber benefícios de
700 euros mensais e admissão mais rápida nos programas de substituição de
drogas”. Horas depois, porta-vozes da OMS desmentiram a informação,
atribuindo-a a um estranho “erro de revisão”.
Mas é duro tapar o sol com a
peneira. Três anos depois de iniciados os programas de “austeridade” no Velho
Continente, uma série de dados está demonstrando que a queda da qualidade de
vida é mais dramática que se pensava. Além disso, não há sinais de recuperação
das economias – um sinal de que o sacrifício irá se prolongar, a menos que haja
revolta social. Eis alguns dados, elencados pelo jornalista Bernard Cassen, no
site internacional Mémoire des Luttes:
> O número de suicídios de
mulheres gregas pelo menos dobrou;
> Na antes riquíssima
Finlândia, um em cada cinco jovens de 25 anos sofre de desordens psíquicas ou
mentais associadas à depressão econômica;
> Na Espanha e Grécia
tornou-se comum jovens casais retornarem à casa dos pais de um dos cônjuges;
> Em Milão, capital
financeira da Itália, já não são as cenas de antigos membros da classe média
obrigados a viver na rua;
> Apesar do desmonte dos
serviços públicos, a dívida pública cresceu na Espanha, Portugal, Itália e
Bélgica, após os pacotes de “austeridade”. O “remédio” está matando o doente: a
receita pública cai muito mais que a despesa, porque, em economias submetidas à
recessão, a arrecadação de impostos é muito menor.
Cassen zomba da situação atual
dos dirigentes europeus: agora “eles precisam desesperadamente de uma ‘success
story’” – mesmo que ínfima. Por isso, apelaram para o caso da Irlanda. O país
anunciou que dispensará a renovação do pacote de “salvamento” de 85 bilhões de
euros, que recebeu há anos. “A que preço?”, pergunta o jornalista. Ele mesmo
responde: “13% da população permanece em desemprego; o PIB per capita caiu 8%
em relação a 2008; a dívida pública, que era de 104% do PIB em 2011, saltou
para 125%: eis o que custa aos irlandeses salvar os banqueiros e o euro”…
Fonte: Outras
Palavras
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