O governo está usando as
imagens do policial que apanhou em São Paulo para endurecer as leis e punir
manifestantes, mas vai conseguir aumentar ainda mais a revolta popular
A imprensa deu enorme
divulgação para um vídeo em que um coronel da PM aparece apanhando de jovens em
uma manifestação na cidade de São Paulo, em 25 de outubro.
As imagens tomaram conta do
noticiário. Mostravam manifestantes incendiando uma catraca gigante, quebrando
um terminal de ônibus e batendo no policial. Foram dias de notícias sobre o
estado de saúde do coronel, que apenas teve ferimentos leves, um mártir sem
arranhões.
A presidenta Dilma Roussef e o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foram a público se solidarizar com o
policial. Foi o suficiente para o ministro da Justiça de Dilma, José Eduardo
Cardozo, e os secretários de segurança do Rio e São Paulo se juntarem para
discutir medidas de contenção das manifestações, a criação de um órgão nacional
para monitorar os protestos e maior punição para presos em manifestações que
tenham policiais machucados.
As imagens, no entanto, eram
manipuladas e não contaram que o coronel foi atingido para impedir a prisão de
uma manifestante. Afirmaram que roubaram sua arma, mas ninguém a viu sendo
levada ou apontada/utilizada para ameaçá-lo. Nada disso foi dito ou explicado
pela imprensa burguesa.
No entanto, poucos dias depois
do fato foi divulgada uma foto em que esse mesmo policial aparece agredindo uma
jovem manifestante, que estava sozinha. Isso alguns minutos antes das cenas
divulgadas pela imprensa. A foto mostra claramente que não se tratava se uma
agressão gratuita (se bem que considerando a brutalidade da polícia, nenhuma
reação contra ela é gratuita), mas sim de uma reação a essa atitude covarde do
coronel contra a jovem.
As imagens exploradas pela
imprensa capitalista de forma distorcida e manipulada colocam em questão todas
as imagens de "vandalismo" e "depredação" dos black blocs
mostradas por essa mesma imprensa. Terão sido mesmo black blocs? As ações teriam
sido gratuitas ou apenas uma reação a alguma truculência da polícia? Não dá
para saber pela imprensa, já que ela está empenhada em incriminar os
manifestantes. Isso para não falar da calúnia espalhada pela imprensa burguesa
de que os black blocs são na verdade infiltrados nas manifestações.
A página “Black Bloc SP” no
Facebook chega afirmar que o espancamento foi uma mentira. “Procurando algum
jeito de manipular a sociedade e faze-los ter uma visão que o Black Bloc é algo
como o PCC, para depois prendê-los, extermina-los , matar se for preciso, e o
povo aplaudir de pé”, e isso começou “com a divulgação da notícia em que o
Diretor do DEIC diz para a imprensa que os Black Blocs são uma Organização
Criminosa (Batendo na mesma tecla mais uma vez, mesmo sabendo que não existem
líderes ou um grupo).
A rede Globo contou 21 segundos
de "agressão". Mesmo que o policial não tivesse agredido antes; e
todo o tempo que os manifestantes estão sofrendo com a violência do Estado,
apenas, desde junho? E o Juan, Amarildo, Douglas, Jean e tantos outros que
morreram pela mão da polícia?
No meio disso restou mais um
jovem negro, preso, acusado de tentativa de homicídio que deve amargar na
prisão junto com seus páreas, para dar o exemplo de que quem reagir contra
violência e autoridade do Estado será duramente punido. Mas essa decisão
repressora, no entanto, tende a aumentar ainda mais a revolta popular,
especialmente na periferia, que cansada de amargar o descaso dos governos,
agora se cansa também da ditadura que a obriga no fogo do revolver a manter-se
calada sobre tudo isso.
Fonte: PCO
Nenhum comentário:
Postar um comentário