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terça-feira, 5 de novembro de 2013

O coronel que bateu, mas apareceu apanhando nos jornais



O governo está usando as imagens do policial que apanhou em São Paulo para endurecer as leis e punir manifestantes, mas vai conseguir aumentar ainda mais a revolta popular

A imprensa deu enorme divulgação para um vídeo em que um coronel da PM aparece apanhando de jovens em uma manifestação na cidade de São Paulo, em 25 de outubro.

As imagens tomaram conta do noticiário. Mostravam manifestantes incendiando uma catraca gigante, quebrando um terminal de ônibus e batendo no policial. Foram dias de notícias sobre o estado de saúde do coronel, que apenas teve ferimentos leves, um mártir sem arranhões.

A presidenta Dilma Roussef e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foram a público se solidarizar com o policial. Foi o suficiente para o ministro da Justiça de Dilma, José Eduardo Cardozo, e os secretários de segurança do Rio e São Paulo se juntarem para discutir medidas de contenção das manifestações, a criação de um órgão nacional para monitorar os protestos e maior punição para presos em manifestações que tenham policiais machucados.

As imagens, no entanto, eram manipuladas e não contaram que o coronel foi atingido para impedir a prisão de uma manifestante. Afirmaram que roubaram sua arma, mas ninguém a viu sendo levada ou apontada/utilizada para ameaçá-lo. Nada disso foi dito ou explicado pela imprensa burguesa.

No entanto, poucos dias depois do fato foi divulgada uma foto em que esse mesmo policial aparece agredindo uma jovem manifestante, que estava sozinha. Isso alguns minutos antes das cenas divulgadas pela imprensa. A foto mostra claramente que não se tratava se uma agressão gratuita (se bem que considerando a brutalidade da polícia, nenhuma reação contra ela é gratuita), mas sim de uma reação a essa atitude covarde do coronel contra a jovem.

As imagens exploradas pela imprensa capitalista de forma distorcida e manipulada colocam em questão todas as imagens de "vandalismo" e "depredação" dos black blocs mostradas por essa mesma imprensa. Terão sido mesmo black blocs? As ações teriam sido gratuitas ou apenas uma reação a alguma truculência da polícia? Não dá para saber pela imprensa, já que ela está empenhada em incriminar os manifestantes. Isso para não falar da calúnia espalhada pela imprensa burguesa de que os black blocs são na verdade infiltrados nas manifestações.

A página “Black Bloc SP” no Facebook chega afirmar que o espancamento foi uma mentira. “Procurando algum jeito de manipular a sociedade e faze-los ter uma visão que o Black Bloc é algo como o PCC, para depois prendê-los, extermina-los , matar se for preciso, e o povo aplaudir de pé”, e isso começou “com a divulgação da notícia em que o Diretor do DEIC diz para a imprensa que os Black Blocs são uma Organização Criminosa (Batendo na mesma tecla mais uma vez, mesmo sabendo que não existem líderes ou um grupo).

A rede Globo contou 21 segundos de "agressão". Mesmo que o policial não tivesse agredido antes; e todo o tempo que os manifestantes estão sofrendo com a violência do Estado, apenas, desde junho? E o Juan, Amarildo, Douglas, Jean e tantos outros que morreram pela mão da polícia?

No meio disso restou mais um jovem negro, preso, acusado de tentativa de homicídio que deve amargar na prisão junto com seus páreas, para dar o exemplo de que quem reagir contra violência e autoridade do Estado será duramente punido. Mas essa decisão repressora, no entanto, tende a aumentar ainda mais a revolta popular, especialmente na periferia, que cansada de amargar o descaso dos governos, agora se cansa também da ditadura que a obriga no fogo do revolver a manter-se calada sobre tudo isso.
Fonte: PCO

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