Comunicação de Miguel Urbano
Rodrigues
Seminário Internacional "Os Partidos e uma Nova Sociedade"
do Partido do Trabalho,
Cidade do México
16 Março 2013
A crise que a Humanidade
enfrenta não tem precedente. Pelas suas características, por ser global e
universal, difere das anteriores.
A maioria da Humanidade tem
dificuldade em compreender a sua gravidade e dar- lhe combate porque uma
monstruosa engrenagem de desinformação transforma a mentira em verdade e o
crime em virtude. Utilizando-a como instrumento de uma estratégia de dominação
planetária, o sistema de poder dos Estados Unidos tenta – com a cumplicidade
dos governos da União Europeia e do Japão – criar sociedades de senhores e
escravos de novo tipo, povos robotizados,um mundo que responda aos interesses
do grande capital, erigido num valor supremo,quase divinizado.
Para atingir esse objetivo, o
imperialismo evoluiu numa metamorfose complexa. As guerras interimperialistas
pertencem ao passado. Contradições entre grandes potencias e gigantes
transnacionais não desapareceram,mas não são já antagônicas.
Um imperialismo coletivo
hegemonizado pelos EUA substituiu o imperialismo , responsável pelas guerras mundiais
do século XX.
O pólo (e motor) desse novo
imperialismo situa-se nos EUA e é ele que, pela sua agressividade e
irracionalidade, configura uma ameaça à humanidade.
Hoje são os intelectuais
progressistas dos EUA os primeiros a denunciar esse perigo que, pelo
funcionamento do sistema e a sua tendência exterminista , pode conduzir à
extinção da vida na Terra.
Cito entre outros Noam Chomsky,
James Petras, Ramsey Clark e o falecido Howard Zinn.
Em entrevista recente à
emissora de televisão Rússia Today, de Moscou, o cineasta Oliver Stone e o
historiador Peter Kuznik, definiram Barack Obama como lobo disfarçado de
cordeiro.
Para Oliver Stone, os EUA são
atualmente um Estado Orwelliano. Obama pegou todas as mudanças de Bush
,introduziu-as no sistema e codificou-as.
Perante uma crise estrutural
para a qual não encontra soluções no âmbito da lógica do capital,o imperialismo
estadunidense optou por uma política externa neofascista , promovendo guerras
ditas "preventivas" contra povos do Terceiro Mundo para saquear os
seus recursos naturais.
Crimes abjectos foram cometidos
no Iraque, no Afeganistão, na Libia. Tribos da Somalia e do Iemen são
bombardeadas com frequencia em guerras não declaradas. A Intervenção militar no
Uganda inseriu-se nos planos do African Comand que se propõe a instalar naquele
Continente um exército permanente de 100.000 homens.
No Iraque , na Siria e no
Afeganistão, os EUA criaram esquadrões da morte inspirados no modelo
salvadorenho para assassinar inimigos cujos nomes constam de listas elaboradas
pela inteligência militar (Chossudovsky, Global Research, 4.1.13).
A Operaçao terrorista que visa
impor à Siria um governo fantoche está em marcha . O objectivo seguinte será o
Irã, único país muçulmano cujo governo não se submete aos ultimatos de
Washington. Mas a China é já apresentada como o grande obstáculo à dominação
planetária dos EUA. Dois terços do poder aeronaval dos EUA foram concentrados
no Extremo Oriente e aquele país está cercado por uma rede de bases militares
norte-americanas.
Na reformulação da estratégia
do Pentagono, os drones - aviões sem piloto - substituíram os bombardeiros
tradicionais. Os melhores pilotos da USAF, instalados diante de máquinas
sofisticadas em bases dos EUA, comandam os ataques criminosos desses engenhos
contra aldeias do Paquistão e do Afeganistão. É o próprio presidente Obama quem
seleciona em listas que lhe são entregues os inimigos a serem abatidos ,
supostamente da Al Qaeda ou Talibans. Milhares de camponeses têm sido
assassinados pelos drones nessas ações criminosas. O Pentágono lamenta , mas
conclui que se trata de danos colaterais inevitáveis.
Centenas de bases militares dos
EUA, instaladas em mais de quinze países, são prova indesmentível da estratégia
exterminista do Pentágono.
Um número recorde de suicídios
nas Forças Armadas no ano passado foi interpretado por influentes media como
manifestação do mal estar crescente nelas implantado.
No plano interno os EUA atuam
já -a expressão é de Michel Chossudovsky - como um Estado totalitário e
policial de fachada democrática.
A Base Militar de Guantánamo
permanece aberta como centro de tortura de presos.
Invocando o Espionage Act, a Administração
Obama encarcerou sem as levar ao tribunal mais cidadãos do que qualquer das
anteriores.
O atual governo, segundo Peter
Kuznick, intercepta diariamente 1.700.000 mensagens privadas entre emails e
chamadas telefônicas. Aproximadamente um milhão de pessoas com habilitação de
segurança máxima garantem o funcionamento desse aparelho secreto de espionagem.
Em l946, as quatro potências
ocidentais que haviam destruído o III Reich de Hitler julgaram em Nuremberg 22
dos grandes criminosos de guerra nazis e enforcaram onze deles.
Hoje, transcorridos 66 anos, o
presidente dos EUA , responsável pelo cargo que exerce por uma estratégia
exterminista e repugnantes crimes contra a Humanidade, é premiado com o Nobel
da Paz.
A História ensina-nos que os
povos oprimidos e agredidos tardam quase sempre a levantar-se contra a
tirania.Mas acabam por se insurgir e destruir os sistemas que a impõem.
Essa lei histórica permanece
válida.
O capitalismo ainda poderoso,
mas ferido de morte, hegemonizado pelo sistema de poder desumanizado do
imperialismo estadunidense, será destruído e erradicado da Terra, pátria do
homem.
Cidade do México, Março de 2013
Fonte: PCB
JusBrasil
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