Julia Affonso
Do UOL, no Rio 22/03/2013
De Cabral a Cabral. Antes o mercantilismo e a expansão do cristianismo de matiz católica. Hoje, a burguesia financeira querendo lucrar com a Copa. Triste sina a dos indígenas desta América.
Confronto na desocupação do Museu do Índio, no Rio de Janeiro
Cerca de 50 homens do Batalhão
de Choque cercam nesta sexta-feira (22), o prédio que abrigava o antigo Museu
do Índio, próximo ao estádio do Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ).
Eles estão no local para cumprir um mandado de desocupação expedido pela
Justiça Federal na última sexta (15), que havia dado um prazo para que os
índios da Aldeia Maracanã, que moram no local, tivessem deixado o prédio até
ontem (21). Os manifestantes ameaçaram fechar a av. Radial Oeste e policiais
jogaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo Fernando Quevedo/Agência O
Globo
O Batalhão de Choque invadiu,
no final da manhã desta sexta-feira (22), o antigo Museu do Índio, na Aldeia
Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro, ocupado por índios e manifestantes
simpatizantes. No momento da invasão, ainda havia 14 indígenas no local, que
foram retirados à força. Outras seis pessoas saíram mais cedo voluntariamente,
após um acordo com o governo para que fosse levadas a um terreno em
Jacarepaguá, zona oeste da cidade. Às 11h50, dois disparos chegaram a ser
ouvidos.
ENTENDA
O CASO
Indígenas ocupavam área no
entorno do Maracanã desde 2006
A polêmica disputa pelo terreno
no qual está situado o antigo Museu do Índio, no entorno do Maracanã - que será
o principal estádio da Copa do Mundo no Brasil, em 2014--, no Rio de Janeiro,
começou em outubro de 2012. Os indígenas ocupavam o local desde 2006. Os
ocupantes queriam que o local se transformasse em um centro cultural. A polícia
foi para o local para cumprir um mandado de desocupação expedido pela Justiça
Federal na última sexta-feira (15). O prazo final para os índios deixarem o
local terminou nesta quinta-feira (21).
Com a entrada dos homens do
Batalhão no local, os manifestantes que se dirigiram ao local no início da
manhã e que protestavam do lado de fora contra a desocupação se sentaram na
pista da Radial Oeste e fecharam a pista. A polícia utilizou spray de pimenta e
bombas de efeito moral para dispersar o protesto, mas a via continuava fechada,
segundo o Centro de Operações. Manifestantes chegaram a jogar pedras nos
policiais e houve confronto em alguns casos.
O coronel Frederico Caldas,
relações públicas da Polícia Militar, disse que a invasão se deu após um
incêndio iniciado no interior do museu. O Corpo de Bombeiros precisou ir até o
local para apagar as chamas. "Eles começaram a colocar fogo numa oca. O
fogo se espalhou pelas árvores e ia chegar até o prédio. Se nós não
entrássemos, estaríamos agora diante de cinzas", afirmou. Ele disse ainda
que índios e manifestantes começaram a jogar pedras quando a polícia entrou.
Já o índio Michael Oliveira, da
etnia Arauaque, relata que o Batalhão de Choque invadiu o local no meio de um
ritual indígena. "A gente estava fazendo nosso ritual e a polícia entrou
desrespeitando a gente. Me bateram com cassetetes, jogaram gás, ao contrário do
que foi combinado", contou.
Segundo o deputado estadual
Geraldo Pudin (PR), que acompanhou as negociações do lado de dentro do museu,
foi feito um acordo para que a entrada dos policiais do Batalhão de Choque
fosse pacífica. Entretanto houve resistência à ação policial. A polícia usou
spray de pimenta e balas de borracha contra os manifestantes.
O deputado estadual Marcelo
Freixo (PSOL), que também acompanhou as negociações entre índios e governo,
reclamou de truculência na ação policial. "Jogaram spray de pimenta na
minha cara. Uma ação violenta. A ordem judicial estava sendo finalizada",
afirmou Freixo.
Fonte: UOL
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