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domingo, 31 de março de 2013

Trem da alegria: Governadores controlam máquina de 105 mil cargos sem concurso público

Pesquisa do IBGE revela que apenas na administração direta dos Estados havia, em 2012, mais de 74 mil servidores com indicação política, número 17 vezes maior que o existente no governo federal

Daniel Bramatti e José Roberto de Toledo
30 de março de 2013 | 15h 49

A primeira pesquisa completa sobre a estrutura burocrática dos Estados, realizada pelo IBGE, revela que os 27 governadores empregavam em 2012, em conjunto, um contingente cerca de 105 mil funcionários que não fizeram concurso para entrar na administração pública. Se todas essas pessoas se reunissem, nenhum dos estádios da Copa de 2014 - nem mesmo o Maracanã - teria capacidade para acomodá-las.

Goiás, de Marconi Perillo, tem mais funcionários sem concurso

Apenas na chamada administração direta, da qual estão excluídas as vagas comissionadas das empresas estatais, o número de funcionários subordinados aos gabinetes dos governadores ou às secretarias de Estado sem concurso público chega a 74.740, o suficiente para ocupar 98% do maior estádio do Brasil.

No governo federal há 4.445 servidores sem concurso em cargos de confiança na chamada administração direta, ou 0,7% do total dessa categoria. Já nos Estados, a proporção chega a 2,8%.

Gestão indireta

Na administração indireta dos governos estaduais - autarquias, fundações e empresas públicas, segundo a metodologia da Pesquisa de Informações Básicas Estaduais, do IBGE -, há outros 30.809 servidores comissionados não concursados, contingente que encheria metade do estádio Beira Rio, em Porto Alegre.

No governo federal, são 1.300, mas qualquer comparação é indevida, pois o conceito de administração indireta não é o mesmo nas diferentes esferas.

Líder

Do total de 105,5 mil servidores sem concurso nos Estados, quase 10% estão em Goiás. O governador Marconi Perillo (PSDB) abriga em sua burocracia 10.175 funcionários nessa situação, o que o torna líder no ranking desse tipo de nomeações em números absolutos. A Bahia, governada pelo petista Jaques Wagner, vem logo atrás, com 9.240 não concursados.

Ao se ponderar os resultados pelo tamanho da população, os governadores que saltam para a liderança do ranking são os de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), com 937 e 263 cargos por 100 mil habitantes, respectivamente.

Os oito governadores do PSDB controlam, em conjunto, 37,6 mil cargos ocupados por servidores não concursados. Os quatro governadores do PT, por sua vez, têm em mãos 23 mil vagas. Logo atrás estão os quatro do PMDB, com 21,6 mil.

O peso dos partidos muda quando se pondera a quantidade de cargos controlados por 100 mil habitantes. Nesse caso, o PT passa para o primeiro lugar (75), e o PSDB cai para o quinto (41).

Função política

Em teoria, os cargos de livre nomeação servem para que administradores públicos possam se cercar de pessoas com quem têm afinidades políticas e projetos em comum. Na prática, no entanto, é corrente o uso dessas vagas como moeda de troca. Além de abrigar seus próprios eleitores ou correligionários, os chefes do Executivo distribuem as vagas sem concurso para partidos aliados em troca de apoio no Legislativo ou em campanhas eleitorais.

"Os critérios e métodos de composição de governo que servem para a esfera federal se reproduzem nos Estados", observa o cientista político Carlos Melo. "A grande reforma política que poderíamos fazer seria reduzir ao mínimo esses cargos, tanto no âmbito da União quanto no dos Estados e municípios. Faremos? Creio que não. Não interessa ao sistema político."

Cargos de livre nomeação também podem ser usados para atrair para a máquina pública profissionais qualificados que não têm interesse permanente. Mas a pesquisa do IBGE mostra que nem sempre isso acontece. Em Goiás, por exemplo, 49% dos comissionados têm apenas o ensino fundamental, segundo registros oficiais. O governo diz que não controla a escolaridade (leia texto abaixo). No governo federal, apenas 1,4% dos comissionados têm escolaridade até o 1º grau.

"Não podemos tirar nenhuma conclusão sobre a competência dos servidores, mas são evidentes os critérios utilizados para nomear pessoas para o serviço público", avalia o cientista político Sergio Praça. "Em termos de estruturação administrativa, os Estados estão atrasados em relação ao governo federal."

Veja também:


Fonte: Estadão

IBGE: Governadores controlam 105 mil cargos sem concurso público; Bahia é 2ª colocada


30 de Março de 2013 

Foto: Evilásio Júnior / Bahia Notícias
Reportagem do Estadão traz resultados da primeira pesquisa completa sobre a estrutura burocrática dos Estados, realizada pelo IBGE. O estudo revela que os 27 governadores empregavam em 2012, em conjunto, um contingente aproximado de 105 mil funcionários que entraram na administração pública sem precisar fazer concurso público. De acordo com o Estadão, no governo federal há 4.445 servidores sem concurso em cargos de confiança na chamada administração direta, ou 0,7% do total dessa categoria. Já nos Estados, a proporção chega a 2,8%.  Em números absolutos,  Goiás lidera o ranking de estados com maior número de servidores não concursados. Do total de 105,5 mil do país, cerca de 10% estão em território goiano. O governador Marconi Perillo (PSDB) tem sob seu comando na máquina estatal 10.175 funcionários nomeados sem concurso. A Bahia ocupa a segunda posição, com 9.240 não concursados. Ainda segundo o jornal paulista, ao se ponderar os resultados pelo tamanho da população, os governadores que saltam para a liderança do ranking são os de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), com 937 e 263 cargos por 100 mil habitantes, respectivamente.

Dia da Terra


No Dia da Terra, quando seis trabalhadores palestinos foram assassinados na luta contra a tomada de suas terras por Israel, MST lembra dos quase 5 mil presos políticos que estão nas prisões israelenses

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST do Brasil (MST) convoca todas as organizações populares, democráticas e de esquerda a fortalecer sua solidariedade com o povo palestino em sua justa luta contra a ocupação israelense. Apoiamos todas as forças que construíram esse heroico movimento nacional palestino, que luta desde 1948 pela libertação de sua pátria, pela libertação de suas terras e de todo o território ocupado pelas tropas colonialistas israelenses.
Neste 30 de março, Dia da Terra, lembramos dos seis trabalhadores palestinos que em 1976 foram assassinados na luta contra a tomada de suas terras em Sakhnin, Arraba e Deir Hanna, na Galiléia. Nossa solidariedade à União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC), à União dos Comitês de Mulheres Palestinas (UPWC), à Associação de Direitos Humanos e Apoio aos Prisioneiros (ADDAMEER), ao Centro de Informação Alternativa (AIC), à MUNDUBAT Palestina e à todas as outras organizações políticas e sociais que lutam por Paz, Terra e Justiça.
Sob a bandeira da unidade nacional palestina contra a ocupação israelense, temos a certeza de que nada, nem ninguém, poderá impedir este grandioso movimento popular pela independência, pela soberania e pela autodeterminação de conquistar a vitória.
Plantando oliveiras vocês semeiam a coragem e a resistência entre todo o povo. Com as pedras nas mãos, gritando bravamente contra o opressor, com a poeira da terra em seu rosto, misturada com o suor de tantas lutas e batalhas, com o exemplo e a determinação de tantos mártires, com a firmeza e dignidade dos prisioneiros, que arriscam sua própria vida nas greves de fome, assim vemos vocês, homens e mulheres da palestina, exemplos vivos de justiça e de esperança para toda a humanidade.
Um dia toda a pátria palestina será livre! Um dia as crianças palestinas vão correr livres pelos campos, vales, montanhas, rios, praias e cidades! Essa é a imagem presente em nossos sonhos, e esse é o desejo de todos os que lutam por uma nova sociedade. Que neste e em outros 30 de março os refugiados palestinos de todo o mundo levantem bem alto a bandeira desta pátria, pois um dia todos vão retornar às suas casas e à suas terras/aldeias, pois este é um direito inalienável, o direito ao retorno.
Nossos melhores sentimentos vão, neste momento, para os prisioneiros palestinos e seus familiares e amigos. A luta pela libertação dos prisioneiros é a luta pela libertação da palestina. Liberdade para todos os prisioneiros palestinos. Nós do MST estamos construindo, em conjuntos com várias organizações brasileiras, o Comitê Brasileiro de Solidariedade aos Presos Políticos Palestinos, um instrumento de unidade entre as forças políticas e sociais apoiam a causa palestina.
Aos presos políticos palestinos e seus familiares e amigos, nossa total solidariedade.
Viva a unidade do povo brasileiro com o povo palestino!
Viva o Dia da Terra, dia de luta e de esperança!
Viva a unidade do povo palestino na luta contra a ocupação israelense!

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA – MST BRASIL

sexta-feira, 29 de março de 2013

Dossiê “O golpe de 1964”


Blog marxismo21 divulga um conjunto de materiais (artigos, documentos, trabalhos acadêmicos, vídeos, filmes etc.) que discute a natureza, o significado e as razões do golpe civil-militar de 1964. Passados quase 50 anos desse evento, nada há a comemorar. O blog – que numa futura edição deverá examinar o período da ditadura militar – busca contribuir para um conhecimento crítico da conjuntura político-social de 1964 e também para lembrar que as lutas pelo “direito à justiça” e pelo “direito à verdade” não podem ser relegadas ou subestimadas pelos democratas progressistas e socialistas no Brasil. Enquanto não for feita justiça às vítimas da violência do Estado e a verdade sobre o golpe e a ditadura militar não for conhecida pelo conjunto da sociedade, a democracia política no Brasil não será sólida e consistente.
Acesse o dossiê clicando Marxismo21

quinta-feira, 28 de março de 2013

O preço da Copa do Mundo só alguns pagam


Proposta que enterra o Estado Laico no Brasil pode ser aprovada na Câmara


27 mar 2013

Câmara pode aprovar proposta que dá fim ao Estado Laico no Brasil. Comissão de Constituição e Justiça já aprovou permissão para religiosos interferirem nas leis brasileiras

Se é que existe a laicidade no Brasil, onde, pelo menos teoricamente, a religião não interfere no Estado, ela está para ter seu fim. Isso porque na manhã desta quarta-feira, 27 de março, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a Proposta de Emenda à Constituição 99/11, do deputado João Campos (PSDB-GO / foto abaixo).

Proposta do deputado João Campos (PSDB) põe fim ao estado laico no Brasil
A proposta inclui as entidades religiosas de âmbito nacional entre aquelas que podem propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal. Ou seja, religiosos poderão questionar decisões judiciais como a legalidade da união estável para casais de mesmo sexo, aprovada no Supremo em maio de 2011.
O texto segue para ser votado em plenário e, se aprovado, segue para votação no Senado Federal. A Ementa da PEC 99/11 versa que caso o texto seja aprovado ele “Acrescenta ao art. 103, da Constituição Federal, o inciso X, que dispõe sobre a capacidade postulatória das Associações Religiosas para propor ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal”.
Leia abaixo a matéria da Agência Câmara

CCJ aprova admissibilidade de PEC que autoriza entidade religiosa a questionar lei no STF
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou, nesta quarta-feira (27), a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 99/11, do deputado João Campos (PSDB-GO), que inclui as entidades religiosas de âmbito nacional entre aquelas que podem propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre estas entidades estão, por exemplo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil e a Convenção Batista Nacional.
A proposta será analisada por uma comissão especial e, em seguida, votada em dois turnos pelo Plenário.
Autores
Hoje, só podem propor esse tipo de ação:
- o presidente da República;
- a Mesa do Senado Federal;
- a Mesa da Câmara dos Deputados;
- a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
- governador de Estado ou do Distrito Federal;
- o procurador-geral da República;
- o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
- partido político com representação no Congresso Nacional; e
- confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Leia também



TODOS NA LUTA CONTRA AS VIÚVAS DO FASCISMO

Foto-montagem: Rede Democrática

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) vem, a público, manifestar sua indignação e repúdio, tendo em vista a aprovação, pela Câmara Municipal da Capital, de uma homenagem aos chamados Boinas Pretas, do Batalhão das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), que tiveram atuação nefasta durante a repressão do período da ditadura militar, bem como a publicação, no site da Polícia Militar, de provocações contra as instituições democráticas. O projeto aprovado, de autoria do vereador Coronel Telhada, em sua justificativa, afirma que a ROTA se destacou no que a Polícia Militar chama de campanha do Vale do Rio Ribeira do Iguape, em 1970, “para sufocar a Guerrilha Rural instituída por Carlos Lamarca”.

Trata-se, na verdade, de mais uma manifestação fascista de setores militares saudosistas, do tempo da ditadura, que não se conformam com o avanço da luta do povo brasileiro em busca da verdade sobre o período ditatorial e com a necessidade de punição de todos os torturadores e seus mandantes das diversas hierarquias militares. Os autores desses crimes devem ser punidos, sob pena de conivência do governo estadual com o fascismo. Além disso, a aprovação de uma moção deste teor, por um órgão que teoricamente deveria representar o povo de São Paulo, demonstra a que nível de degeneração chegou a Câmara Municipal de São Paulo.

O Partido Comunista Brasileiro, uma das organizações mais perseguidas no regime militar e que teve dezenas de seus militantes mortos sob tortura e um terço de seus dirigentes assassinados, com seus corpos desaparecidos, conclama os trabalhadores, a juventude e o povo de São Paulo a resistirem às provocações fascistas e, mais uma vez, reafirma que esses saudosistas do período da barbárie repressiva não lograrão êxito no sentido de intimidar os lutadores sociais e políticos, pelo contrário, seguiremos firmes denunciando os crimes da ditadura e buscando a punição dos culpados nas ruas, nos locais de trabalho, de estudo e em todos os espaços da sociedade.

Todos na luta contra as viúvas do fascismo

Comissão Política Regional SP PCB - Partido Comunista Brasileiro

Conjuntura: aumenta desemprego na região metropolitana de São Paulo


por Clemente Ganz Lúcio*
28/3/2013
A taxa de desemprego metropolitano de São Paulo ficou em 10,3% em fevereiro segundo a PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego. Um leve acréscimo (10,0% foi a taxa de janeiro), movimento sazonal típico do período. Essa taxa decorre, de um lado, da perda de 104 mil postos de trabalho e, de outro lado, da saída do mercado de trabalho de 79 mil pessoas, o que faz diminuir a demanda pela ocupação. Os dois movimentos – perda de postos e saída do mercado de trabalho – são movimentos típicos para o período.
Setorialmente houve redução da ocupação na indústria da transformação (-3,8% ou -67 mil postos); na construção (-3,6% ou -27 mil postos) e no comércio (-0,5 % ou -9 mil postos) e mais estável nos serviços (-0,2% ou -9 mil postos).
Em janeiro os rendimentos médios dos ocupados reduzira-se -2,8% e a massa de rendimentos caiu -3,3%. Este último foi fortemente afetado pela queda dos rendimentos médios.

*Clemente Ganz Lúcio, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Alvo Iraque: o que a imprensa não contou

Em 20 de março de 2013 completaram-se dez anos de uma das páginas mais vergonhosas e sangrentas da ainda curta História do Século XXI: a invasão do Iraque pelas tropas estadunidenses de George Bush. É uma data que não pode passar em branco nos corações e mentes de todos aqueles preocupados com a justiça social e com um futuro melhor para nosso planeta, e diante disso a Editora Expressão Popular disponibiliza, para download gratuito, o livro ALVO: IRAQUE - O QUE A IMPRENSA NÃO CONTOU, em formato Ebook, buscando contribuir para a reflexão diante deste importante momento histórico.
Norman Solomon e Reese Erlich, jornalistas estadunidenses, fizeram várias viagens ao Iraque, antes da invasão pelos Estados Unidos, e nos apresentam esta denúncia. "A mídia adere à farsa dos serviços de inteligência e do governo Bush. Esta obra relata o papel dos jornalistas e da mídia como instrumentos subservientes do império estadunidense. Liberdade de imprensa? Subserviência? Manipulação? Meio de comunicação?"

As entranhas do declínio americano

Foto retirado do site Outras Palavras.

Joseph Stiglitz explica: por que desigualdade, redução do Estado e rentismo financeiro produzem, além de injustiça, cada vez mais ineficiência.

27 MARÇO, 2013

Vamos começar por estabelecer uma premissa básica: a desigualdade nos Estados Unidos aumenta há décadas. Todos estamos conscientes deste facto. Certas vozes na direita negam a realidade, mas analistas sérios, em todo o espectro político, reconhecem o fenômeno  Não vou elencar todas as evidências neste texto: basta lembrar que a diferença entre o 1% e os 99% é muito vasta quando a analisamos em termos de rendimento anual; e ainda maior quando observamos a riqueza — ou seja, o capital acumulado e outros bens. Considere a família Walton: os seis herdeiros do império do Walmart possuem uma riqueza combinada de cerca de 90 mil milhões de dólares, o que é equivalente à riqueza somada dos 30% mais pobres, entre os norte-americanos (muitos deles possuem patrimônio líquido zero ou negativo, especialmente depois do colapso imobiliário). Warren Buffet [leia, de sua autoria, “Parem de mimar os super-ricos”] situou o tema de forma correta quando disse: “Houve uma guerra de classes nos últimos 20 anos, e a minha classe ganhou”.

Portanto, o debate real não é sobre o fenómeno da desigualdade, mas sobre o seu significado. À direita, ouve-se algumas vezes o argumento de que a desigualdade é basicamente uma coisa boa: se os ganhos dos ricos crescem, afirma-se, toda sociedade segue no seu vácuo. Este argumento é falso: enquanto os ricos têm ficado mais ricos, muitos norte-americanos (e não apenas os mais empobrecidos) não conseguem manter o seu padrão de vida, muito menos avançar. Um trabalhador em tempo integral típico ganha hoje o mesmo salário que recebia há três décadas atrás.

Entre a esquerda, por outro lado, o crescimento da desigualdade frequentemente provoca um apelo por justiça: por que tão poucos podem ter tanto, enquanto tantos têm tão pouco? Não é difícil entender por que, numa era dirigida pelo mercado, na qual a própria justiça é em si uma mercadoria que pode ser vendida e comprada. Mas alguns rejeitariam o argumento, rotulando-o como coisa de sentimentais piedosos.

Mesmo colocando o sentimento à parte, existem boas razões para que os próprios plutocratas se importem com a desigualdade — até mesmo por egoísmo. Os ricos não existem num vácuo. Necessitam de uma sociedade que funcione em torno deles, para sustentar a sua posição. A evidência histórica e do mundo moderno é inequívoca: vamos chegar a um ponto em que a desigualdade desencadeará disfunções económicas que se espalham por toda a sociedade. Quando isso acontecer, até os ricos pagarão um grande preço.

Vamos examinar algumas razões.

O problema do consumo

Quando um grupo social concentra muito poder, torna-se capaz de assegurar políticas que o beneficiam a si próprio, a curto prazo — ao invés de contribuir, a longo prazo, para a sociedade como um todo. Foi o que ocorreu nos EUA, no que diz respeito às políticas tributárias, regulatórias e de investimento público. As consequências (aumento dos rendimentos e da riqueza em favor de um único setor da sociedade) tornam-se visíveis quando se observam os gastos das famílias, um dos motores da economia norte-americana.

Não por acaso, os períodos em que setores mais amplos da sociedade norte-americana registaram aumento dos rendimentos líquidos — ou seja, quando a desigualdade foi reduzida, em parte graças a impostos progressivos — foram aqueles em que a economia cresceu mais rápido. Também não é por acaso que a atual recessão, assim como a Grande Depressão, foi precedida por grandes aumentos na desigualdade. Quando muito dinheiro é concentrado no topo da sociedade, os gastos do norte-americano médio tornam-se necessariamente menores — a menos que haja algum estímulo de outra natureza. A concentração do dinheiro reduz o consumo porque indivíduos de renda mais alta consomem uma fração muito menor dos seus rendimentos, se comparados às pessoas de rendimentos mais baixos.

Aparentemente, não é assim. Os gastos dos ricos são extraordinários, como se constata admirando, nas páginas do Wall Street Journal de fim-de-semana, as fotografias coloridas dos anúncios imobiliários. Mas a realidade torna-se visível quando faz a conta. Considere alguém como o candidato do Partido Republicano à Presidência, Mitt Romney, cujos rendimentos chegaram, em 2010, a 21,7 milhões de dólares. Mesmo se Romney optar por um estilo de vida muito mais perdulário, gastará apenas uma fração desse montante, num ano típico, para se manter a si mesmo e à sua esposa, nas suas diversas casas. Mas tome a mesma soma de dinheiro e divida por aproximadamente 500 pessoas — na forma, digamos, de empregos que paguem 43.400 dólares por ano — e você descobrirá que quase todo o dinheiro é gasto.

A relação é direta e obrigatória: quanto mais o dinheiro fica concentrado nas classes mais favorecidas, mais a procura agregada declina. A não ser que “algo a mais” aconteça, na forma de intervenção, a procura total será menor do que a economia é capaz de oferecer. Significa que haverá um aumento no desemprego, o que vai enfraquecer a procura ainda mais. Nos anos 1990, a bolha da tecnologia foi este “algo a mais”. Na primeira década do século 21, foi a vez da bolha imobiliária. Hoje, o único recurso, no meio de uma profunda recessão, são os gastos do governo — exatamente o que o pessoal no topo da pirâmide está a tentar refrear.

O problema da caça de rendas

Aqui, preciso recorrer um pouco ao jargão económico. A palavra renda foi originalmente usada, e ainda é, para descrever o que alguma pessoa recebe pelo uso da terra: é o retorno obtido simplesmente em virtude de propriedade, e não pelo fato de fazer ou produzir algo. Renda contrasta com salário, por exemplo, que conota uma compensação pelo trabalho fornecido pelos assalariados. O termo renda foi, depois, estendido para abranger os lucros de monopólio — a renda que alguém recebe simplesmente por controlar um monopólio. E por fim, o significado da palavra expandiu-se ainda mais, para incluir a remuneração de outros tipos de reivindicações de propriedade. Se o Estado concede a uma empresa o direito exclusivo de importar uma certa quantia de um certo bem (como o açúcar), então os ganhos oriundos deste monopólio são chamados de “renda da quota”.

A concessão de direitos de mineração ou extração de petróleo produz uma forma de renda. O mesmo ocorre com o tratamento tributário preferencial, para certos lucros. Num sentido mais amplo, a caça de rendas [rent seeking] define muitas das maneiras por meio das quais o nosso processo político favorece os ricos às custas de todos os demais. Inclui transferências e subsídios do governo, leis que tornam os mercados menos competitivos, leis que permitem aos executivos abocanhar uma fração desproporcional dos lucros das empresas e que permitem às corporações ampliar os seus lucros destruindo a natureza.

Embora difícil de quantificar, a magnitude da “caça às rendas”, na economia norte-americana, é imensa. Indivíduos e empresas que se aprimoram nesta atividade são fartamente recompensadas. O setor financeiro — que hoje funciona em grande medida como um mercado de especulação, ao invés de uma ferramenta para promover produtividade económica autêntica — é caçador de rendas por excelência. A prática não se limita à especulação. Este setor extrai rendas também do seu controlo sobre os meios de pagamento — por exemplo, cobrando tarifas exorbitantes nas operações bancárias e cartões de crédito, ou imponto, aos vendedores, tarifas menos conhecidas, que são repassadas aos consumidores.

O dinheiro que o setor financeiro extrai dos norte-americanos pobres ou de classe média, por meio de práticas predatórias de crédito, pode ser visto como uma forma de renda de monopólio. Nos últimos anos, este setor apropriou-se de cerca de 40% de todo o lucro empresarial nos EUA, algo totalmente distante da sua contribuição social. A crise mostrou, ao contrário, como ele pode espalhar devastação pela economia. Numa sociedade de caça às rendas, como aquela em que os Estados Unidos se converteram, retorno financeiro e retribuição à sociedade estão perigosamente fora de sintonia.

Na sua forma mais simples, as rendas não são mais que transferências de riqueza, de uma parte da sociedade para os caçadores de renda. Muito da desigualdade na nossa economia resulta da caça de rendas, porque este processo extrai recursos da parte de baixo da pirâmide e concentra-os no topo.

Mas há uma consequência económica mais ampla: a luta pela apropriação de rendas é, na melhor das hipóteses, uma atividade de soma-zero. A caça de rendas não produz o crescimento de nada. Os esforços que ela envolve são direcionados a abocanhar uma parte cada vez maior do bolo, ao invés de fazê-lo crescer. Mas é ainda pior: a busca de rendas distorce a alocação de recursos e torna a economia mais frágil. É uma força centrípeta: o retorno da caça de rendas torna-se tão desproporcional que cada vez mais energia é dirigida a esta atividade, às custas de tudo o mais.

Países ricos em recursos naturais são tristemente famosos pela atividade de caça às rendas. É muito mais fácil tornar-se rico nestes lugares obtendo acesso aos recursos, em condições favoráveis, do que a produzir bens ou serviços que beneficiam a população e elevam a produtividade. É por isso que estas economias foram tão mal sucedidas, a despeito da sua aparente riqueza. É fácil desdenhar e dizer: “Não somos a Nigéria, não somos o Congo”. Mas a dinâmica de caça às rendas é a mesma.
Artigo original do  Vanity Fair. Tradução: Gabriela Leite.
Fonte: Esquerda

ONU: Corea do Norte denuncia provocação nuclear estadunidense


Por que a imprensa ocidental capitalista não publica uma linha sequer sobre o processo como um todo? Que interesses estão subjacentes à maniqueísta análise que põe todos os que se opõem à "pax estadunidense"? A Corea do Norte ameaça o mundo com guerra nuclear a troco do quê? 

Aqui algumas linhas do que não publica a mídia ocidental capitalista.

Título original: MINREX de RPDC avisa a Consejo de Seguridad de ONU


Pyongyang, 27 de marzo (ACNC) – El Ministerio de Relaciones Exteriores de la República Popular Democrática de Corea hizo pública el día 26 la siguiente declaración:
La recrudescente acción hostil de Estados Unidos, que se desarrolla so pretexto del lanzamiento de satélite con fines pacíficos de la RPDC, llegó por fin al borde de provocación de guerra nuclear.
El bombardero estratégico norteamericano B-52 volvió a aparecer el día 25 en el Sur de Corea con el fin de ataque preventivo nuclear contra la RPDC y realizó el simulacro de lanzamiento de bombas atómicas.
Pese a las reiteradas advertencias de la RPDC, EE.UU. envió otra vez el bombardero estratégico, medio de provocación de la guerra nuclear, lo cual demuestra patentemente que el designio de guerra nuclear del imperio ya entró en la etapa de ejecución infrenable por más tiempo.
Al considerar que fracasará su política hostil anti-RPDC, si ésta con armas nucleares logra la prosperidad económica mediante la construcción de un Estado próspero, EE.UU se desespera por buscar su salida en la provocación de guerra nuclear anti-RPDC.
A fin de preparar el pretexto internacional para la provocación de guerra nuclear anti-RPDC bajo el rótulo de "no proliferación de armas nucleares", el imperio inventó dos veces la "resolución de sanción" del Consejo de la Seguridad de la ONU en menos de 60 días promoviendo el círculo vicioso de agravación de la situación tensa.
En la actualidad, EE.UU. moviliza todos sus "tres medios de ataque nuclear" en la preparación de guerra nuclear anti-RPDC.
En el territorio principal de EE.UU. los misiles nucleares estratégicos apuntan a la RPDC y desde el Océano Pacífico mueven los submarinos con ojivas atómicas hacia el Sur de Corea y su contorno.
Por otra parte, para examinar finalmente el estado de disposición de guerra nuclear anti-RPDC, el subsecretario de Defensa norteamericano visitó el Sur de Corea, ocasión en la cual dijo abiertamente que la capa militar norteamericana pone máxima prioridad a la segunda guerra coreana y dio la orden de encender la mecha de la guerra nuclear.
Según este guión, el comandante de las tropas estadounidenses ocupantes del Sur de Corea y la autoridad de la capa militar títere surcoreana trazaron el llamado "plan de operaciones conjuntas para hacer frente a la provocación local", cuyo contenido principal es que si el ejército títere enciende primero el fuego, cometería la guerra nuclear total con la movilización total de las tropas norteamericanas del territorio principal de EE.UU. y del Océano Pacífico.
Muy inflados por el apoyo y la instigación de su amo gringo, los títeres surcoreanos hablan tanto del castigo a la supuesta "provocación" de la RPDC y traman sin vacilación el plan de destruir atrevidamente los sagrados monumentos a la eternidad y veneración a los líderes, símbolos de la máxima dignidad de la RPDC.
La situación grave creada comprueba que EE.UU., que trasladó el centro estratégico para hegemonía mundial hacia la región de Asia-Pacífico, acarrea el nubarrón de guerra nuclear tomando la RPDC como primer blanco de ataque.
Ahora la guerra nuclear en la Península Coreana reviste el significado no imaginario sino real.
EE.UU. se vanagloria de su superioridad numérica de armas nucleares, pero no evitará el destino trágico de la polilla.
La RPDC cuenta con los fuertes medios de ataque nuclear de alta precisión y los métodos de guerra nuclear a estilo coreano.
Los títeres surcoreanos, que actúan sin juicio confiando en los paraguas de su amo, probarán la consecuencia del ataque nuclear si estalla la guerra RPDC-EE.UU.
Frente a la situación crítica, la Comandancia Suprema del EPC tomó la decisión final de mostrar la voluntad de contramedida rotunda del ejército y pueblo de la RPDC con las acciones militares reales y dio a las fuerzas armadas de ataque de justicia la orden de entrar en el estado de guardia de combate no.1.
Por encargo, el MINREX de la RPDC avisa oficialmente al CS de la ONU que debido a las maniobras de provocación de guerra nuclear de EE.UU. y los títeres surcoreanos se ha creado en la Península Coreana la inminente situación de guerra nuclear.
El ejército y el pueblo de la RPDC, unidos compactamente en torno a la Comandancia Suprema, explotarán todo el poderío del Songun acumulado tanto y entran en la etapa final de la gran batalla decisiva antiyanqui para defender la soberanía del país y la dignidad de la nación.
Fonte: KCNA

terça-feira, 26 de março de 2013

CARTA AO PAPA FRANCISCO


Hebe de Bonafini

INTELIGENTE, SABIA e SUTIL


La Plata, 21 de marzo de 2013

Al Papa Francisco:
Permítame que me dirija a usted como Don Francisco, ese Francisco que descubrí ahora. Mi padre también se llamaba Francisco y era un santo trabajador de manos muy encallecidas de tanto trabajar para mantenernos.
Don Francisco, no sabía de su trabajo pastoral, sólo sabía que el máximo dirigente de la iglesia argentina habitaba en la catedral; esa catedral que cuando marchábamos y pasábamos por delante, le cantábamos: “Ustedes se callaron cuando se los llevaron”.
Hoy, ante mi sorpresa, escucho a muchos compañeros explicar de su entrega y trabajo en las villas.
Me alegro infinitamente al saber de su trabajo y siento esperanzas de un cambio en el Vaticano.
Hemos sufrido mucho en esta Latinoamérica que hoy se levanta erguida gracias a sus dirigentes.
Me enteré que es posible que beatifique al Padre Murias. Por este motivo me atrevo a enviarle la lista de sacerdotes y obispos del Tercer Mundo desaparecidos y asesinados para solicitarle que, como la Asociación Madres de Plaza de Mayo pedimos por todos, usted, como un acto de solidaridad los recuerde a todos por su entrega en la lucha por la patria.
Ahora le solicito, desde lo más profundo de mi corazón, no luchar por una iglesia para los pobres: únase a todos los que en este mundo injusto luchamos para que se termine la pobreza y alguna vez la igualdad sea una realidad y entonces lograremos un mundo de niños felices y sonrientes.
Basta de niños descalzos y con grandes pancitas. En nuestra Patria Grande Latinoamericana de San Martín y Bolívar miles dieron la vida para lograr la erradicación de la pobreza que, junto con la educación y el trabajo, eran los grandes sueños de nuestros hijos desaparecidos.
Gracias Don Francisco y cuando se encuentre con el Papa en el Vaticano cuéntele de mi pedido, que es el de millones de Madres.
Gracias por leer la carta de una Madre a la que le arrancaron toda la familia y que, junto a mi hija y a muchas Madres de la Asociación Madres de Plaza de Mayo, sigo luchando desde hace 36 años por una Patria libre, justa y soberana.
Un abrazo respetuoso.
Hebe de Bonafini
Presidenta Asociación Madres de Plaza de Mayo

sábado, 23 de março de 2013

Isto é a evolução, Baby!

Compare com o que a burguesia está fazendo com índios e populações da periferia das grandes cidades, principalmente aquelas "atingidas" pelas obras ligadas à Copa.
Faça a Evolução

                                                  Pearl Jam

Woo...
Eu estou a frente, eu sou o homem
Eu sou o primeiro mamífero a usar calças, yeah
Eu estou em paz com minha luxúria
Eu posso matar pois em Deus eu confio, yeah
É a evolução, baby

Eu estou em paz, eu sou o homem
Comprando ações no dia da quebra
No frouxo, eu sou um caminhão
Todas as colinas rolantes, eu irei aplanar todas elas, yeah
É comportamento de rebanho, uh huh
É a evolução baby

Me admire, admire meu lar
Admire meu filho, ele é meu clone
Yeah yeah, yeah yeah
Esta terra é minha, esta terra é livre
Eu faço o que eu quiser, irresponsavelmente
É a evolução, baby

Eu sou um ladrão, eu sou um mentiroso
Esta é minha igreja, eu canto no coro
(Aleluia, Aleluia)

Me admire, admire meu lar
Admire meu filho, admire minhas roupas
Porque nós conhecemos, apetite por banquete noturno
Esses índios ignorantes não tem nada comigo
Nada, por que?
Porque é a evolução, baby!

Eu estou a frente, eu sou avançado,
Eu sou o primeiro mamífero a fazer planos, yeah
Eu rastejei pela terra, mas agora eu estou alto
2010, assista isso ir para o fogo
É a evolução, baby!
É a evolução, baby!
Faça a evolução
Venha, Venha , Venha

Do The Evolution

                                                                             Pearl Jam
Woo...
I'm ahead, I'm a man
I'm the first mammal to wear pants, yeah
I'm at peace with my lust
I can kill 'cause in God I trust, yeah
It's evolution, baby

I'm at peace, I'm the man
Buying stocks on the day of the crash
On the loose, I'm a truck
All the rolling hills, I'll flatten 'em out, yeah
It's herd behavior, uh huh
It's evolution, baby

Admire me, admire my home
Admire my son, he's my clone
Yeah, yeah, yeah, yeah
This land is mine, this land is free
I'll do what I want but irresponsibly
It's evolution, baby

I'm a thief, I'm a liar
There's my church, I sing in the choir
(hallelujah, hallelujah)

Admire me, admire my home
Admire my son, admire my clothes
'Cause we know, appetite for a nightly feast
Those ignorant Indians got nothin' on me
Nothin', why?
Because... it's evolution, baby!

I am ahead, I am advanced
I am the first mammal to make plans, yeah
I crawled the earth, but now I'm higher
2010, watch it go to fire
It's evolution, baby
It's evolution, baby
Do the evolution
Come on, come on, come on


Batalhão de Choque invade antigo museu no Maracanã e retira índios


Julia Affonso
Do UOL, no Rio 22/03/2013

De Cabral a Cabral. Antes o mercantilismo e a expansão do cristianismo de matiz católica. Hoje, a burguesia financeira querendo lucrar com a Copa. Triste sina a dos indígenas desta América. 

Confronto na desocupação do Museu do Índio, no Rio de Janeiro

Cerca de 50 homens do Batalhão de Choque cercam nesta sexta-feira (22), o prédio que abrigava o antigo Museu do Índio, próximo ao estádio do Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro (RJ). Eles estão no local para cumprir um mandado de desocupação expedido pela Justiça Federal na última sexta (15), que havia dado um prazo para que os índios da Aldeia Maracanã, que moram no local, tivessem deixado o prédio até ontem (21). Os manifestantes ameaçaram fechar a av. Radial Oeste e policiais jogaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo Fernando Quevedo/Agência O Globo
O Batalhão de Choque invadiu, no final da manhã desta sexta-feira (22), o antigo Museu do Índio, na Aldeia Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro, ocupado por índios e manifestantes simpatizantes. No momento da invasão, ainda havia 14 indígenas no local, que foram retirados à força. Outras seis pessoas saíram mais cedo voluntariamente, após um acordo com o governo para que fosse levadas a um terreno em Jacarepaguá, zona oeste da cidade. Às 11h50, dois disparos chegaram a ser ouvidos.

ENTENDA O CASO

Indígenas ocupavam área no entorno do Maracanã desde 2006

A polêmica disputa pelo terreno no qual está situado o antigo Museu do Índio, no entorno do Maracanã - que será o principal estádio da Copa do Mundo no Brasil, em 2014--, no Rio de Janeiro, começou em outubro de 2012. Os indígenas ocupavam o local desde 2006. Os ocupantes queriam que o local se transformasse em um centro cultural. A polícia foi para o local para cumprir um mandado de desocupação expedido pela Justiça Federal na última sexta-feira (15). O prazo final para os índios deixarem o local terminou nesta quinta-feira (21).

Com a entrada dos homens do Batalhão no local, os manifestantes que se dirigiram ao local no início da manhã e que protestavam do lado de fora contra a desocupação se sentaram na pista da Radial Oeste e fecharam a pista. A polícia utilizou spray de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar o protesto, mas a via continuava fechada, segundo o Centro de Operações. Manifestantes chegaram a jogar pedras nos policiais e houve confronto em alguns casos.

O coronel Frederico Caldas, relações públicas da Polícia Militar, disse que a invasão se deu após um incêndio iniciado no interior do museu. O Corpo de Bombeiros precisou ir até o local para apagar as chamas. "Eles começaram a colocar fogo numa oca. O fogo se espalhou pelas árvores e ia chegar até o prédio. Se nós não entrássemos, estaríamos agora diante de cinzas", afirmou. Ele disse ainda que índios e manifestantes começaram a jogar pedras quando a polícia entrou.

Já o índio Michael Oliveira, da etnia Arauaque, relata que o Batalhão de Choque invadiu o local no meio de um ritual indígena. "A gente estava fazendo nosso ritual e a polícia entrou desrespeitando a gente. Me bateram com cassetetes, jogaram gás, ao contrário do que foi combinado", contou.

Segundo o deputado estadual Geraldo Pudin (PR), que acompanhou as negociações do lado de dentro do museu, foi feito um acordo para que a entrada dos policiais do Batalhão de Choque fosse pacífica. Entretanto houve resistência à ação policial. A polícia usou spray de pimenta e balas de borracha contra os manifestantes.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que também acompanhou as negociações entre índios e governo, reclamou de truculência na ação policial. "Jogaram spray de pimenta na minha cara. Uma ação violenta. A ordem judicial estava sendo finalizada", afirmou Freixo.
Fonte:  UOL Notícias