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terça-feira, 18 de setembro de 2012

PV e ruralistas se unem para eleger prefeitos em outubro

A senadora ruralista Kátia Abreu apoia candidato do PV
à Prefeitura de Palmas. (Foto: Sergio Dutti/AE)

É o fim do mundo? Não, é o pragmatismo exacerbado do oportunismo eleitoral brasileiro: partido verde que se alia a ruralista; partido "comunista" amigo do agronegócio! Vale tudo para se tornar gerente do capitalismo!!!
Por Fernanda Krakovics
Agência O Globo
A senadora ruralista Kátia Abreu apoia candidato do PV à Prefeitura de Palmas. (Foto: Sergio Dutti/AE)
Rainha do agronegócio, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que é presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), apoia um candidato do PV à prefeitura de Palmas (TO). Para arrepio de ambientalistas, alianças como essa se espalham pelo país.
Um dos mais aguerridos ruralistas na votação do projeto de lei do Código Florestal na Câmara, o deputado Duarte Nogueira (SP), ex-líder do PSDB na Câmara, tem como vice em sua chapa na disputa pela Prefeitura de Ribeirão Preto um integrante do PV.
O mesmo acontece com o líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), candidato à prefeitura de Salvador, que também entrou em confronto com os verdes na votação do Código Florestal e agora tem um vice do partido.
Esses são os casos mais emblemáticos, mas o PV apoia parlamentares-candidatos que, na visão de ambientalistas, contribuíram para desfigurar o Código Florestal em três capitais. Em Goiânia, apoia a campanha do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes; em João Pessoa, estão na chapa que tem como vice o deputado Efraim Júnior (DEM), e em Teresina, o deputado Marllos Sampaio (PMDB).
"Como pode uma coisa dessa? Esses caras estão acabando com o partido", disse o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), referindo-se à direção do PV. Ele está em rota de colisão com a cúpula de seu partido desde que Marina Silva deixou a sigla, depois de disputar a Presidência da República, em 2010.
Presidente do PV, o deputado Penna (SP) disse que o partido respeita as realidades locais nas eleições municipais e que só não admite candidato ficha suja. Mas candidato que questiona a proteção ambiental pode.
"Como a eleição não é nacional, é municipal, a gente está respeitando as direções locais, a não ser no caso da (lei da) Ficha Limpa. O estatuto do partido prevê que não pode haver candidatos fichas suja",  afirmou Penna.
Já para o senador Paulo Davim (PV-RN), apoio não se recusa, mesmo sendo da presidente da CNA: "O partido não se fecha na ideologia, não se nega a dialogar. E apoio não se recusa", disse ele.
O apoio de Kátia Abreu ao deputado estadual Marcelo Lelis (PV), candidato à prefeitura de Palmas, não é protocolar. Ela chegou a articular a indicação de seu filho Iratã Abreu (PSD) para vice na chapa, mas ele acabou saindo para vereador. A senadora não retornou as ligações da reportagem.
Abreu já ocupou a tribuna do Senado em uma sessão solene em comemoração ao Dia do Meio Ambiente - solenidade requerida pela então senadora Marina Silva -, para defender a derrubada de árvores para abrir espaço para a produção de alimentos. Em 2010, Kátia foi agraciada com o troféu "Motosserra de Ouro" pelo Greenpeace.
Lelis lidera as pesquisas de intenção de voto na capital de Tocantins. De acordo com levantamento do Ibope divulgado em 29 de agosto, ele está com 36%, seguido de Carlos Amastha (PP), com 26%.
Já Duarte Nogueira, candidato à Prefeitura de Ribeirão Preto com um vice do PV votou a favor da polêmica emenda 164 ao Código Florestal, que anistiava quem desmatou ilegalmente áreas de preservação até julho de 2008 e passava para os estados a competência sobre a legislação ambiental. Hoje, essa prerrogativa é da União. A emenda foi aprovada pela Câmara e vetada pela presidente Dilma Rousseff.
A ONG SOS Mata Atlântica lançou a campanha "Não vote em quem votou contra as florestas". Em seu site, a organização está divulgando um mapa dos candidatos a prefeito em todo o Brasil que votaram contra o Código Florestal.
O diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, critica as contradições do PV nas eleições municipais e afirma que isso não contribui para construir uma bancada ambientalista no Congresso Nacional, onde os ruralistas historicamente são maioria.
"É por isso que as pessoas não acreditam em política no Brasil. Essa falta de coerência é a pior coisa para quem faz política pública. É oportunismo. O PV tinha melhorado muito e eu encaro isso como uma recaída", afirmou Mantovani.
Fonte: Br.notícias

Um comentário:

Jack disse...

E ainda tem gente que diz que não é tudo farinha do mesmo saco...