A senadora ruralista Kátia Abreu apoia candidato do PV à Prefeitura de Palmas. (Foto: Sergio Dutti/AE) |
É o fim do mundo? Não, é o pragmatismo exacerbado do oportunismo eleitoral brasileiro: partido verde que se alia a ruralista; partido "comunista" amigo do agronegócio! Vale tudo para se tornar gerente do capitalismo!!!
Por Fernanda Krakovics
Agência O Globo
A senadora ruralista Kátia
Abreu apoia candidato do PV à Prefeitura de Palmas. (Foto: Sergio Dutti/AE)
Rainha do agronegócio, a
senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que é presidente da Confederação Nacional da
Agricultura (CNA), apoia um candidato do PV à prefeitura de Palmas (TO). Para
arrepio de ambientalistas, alianças como essa se espalham pelo país.
Um dos mais aguerridos
ruralistas na votação do projeto de lei do Código Florestal na Câmara, o
deputado Duarte Nogueira (SP), ex-líder do PSDB na Câmara, tem como vice em sua
chapa na disputa pela Prefeitura de Ribeirão Preto um integrante do PV.
O mesmo acontece com o líder do
DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), candidato à prefeitura de Salvador, que
também entrou em confronto com os verdes na votação do Código Florestal e agora
tem um vice do partido.
Esses são os casos mais
emblemáticos, mas o PV apoia parlamentares-candidatos que, na visão de
ambientalistas, contribuíram para desfigurar o Código Florestal em três
capitais. Em Goiânia, apoia a campanha do líder do PTB na Câmara, Jovair
Arantes; em João Pessoa, estão na chapa que tem como vice o deputado Efraim
Júnior (DEM), e em Teresina, o deputado Marllos Sampaio (PMDB).
"Como pode uma coisa
dessa? Esses caras estão acabando com o partido", disse o deputado Alfredo
Sirkis (PV-RJ), referindo-se à direção do PV. Ele está em rota de colisão com a
cúpula de seu partido desde que Marina Silva deixou a sigla, depois de disputar
a Presidência da República, em 2010.
Presidente do PV, o deputado
Penna (SP) disse que o partido respeita as realidades locais nas eleições
municipais e que só não admite candidato ficha suja. Mas candidato que
questiona a proteção ambiental pode.
"Como a eleição não é
nacional, é municipal, a gente está respeitando as direções locais, a não ser
no caso da (lei da) Ficha Limpa. O estatuto do partido prevê que não pode haver
candidatos fichas suja", afirmou
Penna.
Já para o senador Paulo Davim
(PV-RN), apoio não se recusa, mesmo sendo da presidente da CNA: "O partido
não se fecha na ideologia, não se nega a dialogar. E apoio não se recusa",
disse ele.
O apoio de Kátia Abreu ao
deputado estadual Marcelo Lelis (PV), candidato à prefeitura de Palmas, não é
protocolar. Ela chegou a articular a indicação de seu filho Iratã Abreu (PSD)
para vice na chapa, mas ele acabou saindo para vereador. A senadora não
retornou as ligações da reportagem.
Abreu já ocupou a tribuna do
Senado em uma sessão solene em comemoração ao Dia do Meio Ambiente - solenidade
requerida pela então senadora Marina Silva -, para defender a derrubada de
árvores para abrir espaço para a produção de alimentos. Em 2010, Kátia foi
agraciada com o troféu "Motosserra de Ouro" pelo Greenpeace.
Lelis lidera as pesquisas de
intenção de voto na capital de Tocantins. De acordo com levantamento do Ibope
divulgado em 29 de agosto, ele está com 36%, seguido de Carlos Amastha (PP),
com 26%.
Já Duarte Nogueira, candidato à
Prefeitura de Ribeirão Preto com um vice do PV votou a favor da polêmica emenda
164 ao Código Florestal, que anistiava quem desmatou ilegalmente áreas de
preservação até julho de 2008 e passava para os estados a competência sobre a
legislação ambiental. Hoje, essa prerrogativa é da União. A emenda foi aprovada
pela Câmara e vetada pela presidente Dilma Rousseff.
A ONG SOS Mata Atlântica lançou
a campanha "Não vote em quem votou contra as florestas". Em seu site,
a organização está divulgando um mapa dos candidatos a prefeito em todo o
Brasil que votaram contra o Código Florestal.
O diretor de Políticas Públicas
da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, critica as contradições do PV nas
eleições municipais e afirma que isso não contribui para construir uma bancada
ambientalista no Congresso Nacional, onde os ruralistas historicamente são
maioria.
"É por isso que as pessoas
não acreditam em política no Brasil. Essa falta de coerência é a pior coisa
para quem faz política pública. É oportunismo. O PV tinha melhorado muito e eu
encaro isso como uma recaída", afirmou Mantovani.
Fonte: Br.notícias
Um comentário:
E ainda tem gente que diz que não é tudo farinha do mesmo saco...
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