O Coletivo de Estudantes em
Defesa da Educação Pública organizou no último dia 28 um debate para discutir a
suposta onda conservadora que assola São Paulo atualmente. Os professores André
Singer, Ricardo Musse, Vladimir Safatle e Marilena Chauí ampliaram as
discussões e mostraram que, na verdade, a estrutura neoliberal vigente é
resposta de um processo histórico mais amplo.
Alguns trechos das falas da
professora Marilena Chauí:
“O autoritarismo é um fenômeno
social. A sociedade brasileira é autoritária. Ela é vertical, hierarquizada,
oligárquica. Transforma todas as diferenças em desigualdades e naturaliza as
desigualdades. Ela opera com a discriminação e preconceito de classe,
religioso, de sexo, professional e racial. Ela é uma sociedade extremamente
violenta. E tem a tendência de situar a violência apenas na região da
criminalidade e não perceber que é toda a violação física e psíquica que você
faz contra a natureza de alguém. (…) É o grau máximo de violência, em que você
não reconhece a humanidade do outro”.
“Eu costumo dizer que a cidade
de São Paulo é protofagista. É algo sinistro. Está tudo interiorizado,
naturalizado e não se percebe mais. Funciona assim porque o mundo é assim,
porque os seres humanos são assim, porque a natureza é assim. De manhã tem o
sol, de noite tem a lua, e durante o dia tem a classe dominante, a classe média
paulistana. Tudo um dado da natureza.”
“A classe média é burra. Ela
acha que se ela ficar rica, ela vai ficar burguesa. Esse é o sonho. E ela tem
um pesadelo. O pesadelo dela é a proletarização, é se tornar membro da classe
trabalhadora. Os programas sociais nos últimos 10 anos no Brasil balançaram a
cabeça da classe média, porque ela viu subir, subir e subir gente que ela via
de sandália havaiana pertinho da favela. Ela entrou em pânico, porque ela tem o
sentimento de que seu espaço foi invadido. Não tem uma nova classe média, mas
uma bruta expansão da classe trabalhadora.”
Fonte: Baixo
Centro, fonte em que poderão ser acessadas as intervenções dos demais
convidados.
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