Nova pesquisa de
Centro de Referência em DST/Aids sugere: um em cada seis sofreu agressão sexual
ou física; maioria já foi molestada verbalmente
Por Elaine Patricia Cruz
Uma pesquisa feita pelo Centro
de Referência e Treinamento em DST/Aids, em São Paulo, mostrou que 70% dos
homossexuais entrevistados já sofreram algum tipo de agressão. O levantamento,
divulgada hoje (26) pela Secretaria Estadual de Saúde, ouviu 1.217 pessoas com
mais de 18 anos, residentes em São Paulo e que tiveram alguma relação
homossexual.
Do total de entrevistados que
disseram ter sofrido algum tipo de agressão, 62% foram verbais, 15% físicas e
6% agressões sexuais. Também houve relatos de ameaças, chantagem, extorsão e
até de constrangimento no ambiente de trabalho. A pesquisa também apontou que,
das 776 pessoas que concordaram em fazer o teste HIV, 16% apresentaram
resultado positivo.
Paulo Roberto Teixeira, da
coordenação do programa estadual DST/Aids, disse, em entrevista à Agência
Brasil, que a pesquisa surpreendeu ao mostrar que jovens estão apresentando uma
taxa de infecção por HIV que indica transmissão muito recente. “Isso é uma luz
vermelha, um alerta, para que medidas novas sejam incorporadas [pelos
governos]”, disse.
“O que nos chamou a atenção é
que pessoas entre 18 e 19 anos apresentaram uma taxa de soropositividade de 5%
e pessoas de 20 a 24 anos, uma taxa de 6,7%. É uma taxa muito alta porque os
rapazes, em média, começaram a ter uma vida sexual ativa entre 15 e 16 anos, ou
seja, estão se infectando muito rapidamente”, declarou.
Embora alguns dados apontados
pela pesquisa ainda necessitem de melhor avaliação, Teixeira aponta que uma das
razões para que a infecção atinja principalmente os jovens não se deve à falta
de informação sobre as formas de prevenção. “O grau de informação dessa
população é extremamente alto. Outro dado pesquisado mostra que a imensa
maioria tem acesso a preservativos. Então, um dos componentes que devem ser
considerados, sem a menor sombra de dúvida, é a discriminação, o estigma e a
repressão à sexualidade”, disse.
Segundo Teixeira, o que ocorre
é que a violência a que podem ser submetidos levam muitos homossexuais a
esconder suas relações sexuais. “Um jovem de 17 anos que tem uma orientação
homossexual não pode organizar sua vida afetiva da mesma maneira que um jovem
heterossexual. Qualquer suspeita de que vá ter um encontro com uma pessoa do
mesmo sexo, ele poderá ser discriminado. Então, na maioria das vezes, o sexo
termina sendo furtivo, em situações onde não é possível tomar todos os cuidados
necessários, tal como usar um preservativo ou conversar com o parceiro”,
explicou.
Para Teixeira, a pesquisa
demonstrou que as instituições públicas e governamentais precisam trabalhar
ainda mais para que a violência contra os homossexuais e os casos de aids
diminuam. Ele também defende que haja leis para impedir a violência contra os
homossexuais. “Precisamos também que esses jovens e adolescentes possam não ser
reprimidos no cotidiano por sua orientação sexual e que tenham, por exemplo, um
acesso sem barreiras aos serviços de saúde e aos serviços de apoio”, declarou.
Ele também defendeu que o sexo seguro, com uso de preservativo, ainda é uma das
melhores formas para se evitar a contaminação.
Fonte: Outras
Mídias
Nenhum comentário:
Postar um comentário