Por Mariana Carneiro
em 17 de setembro de 2013
Desde a crise financeira de 2008, que provocou uma parada súbita nas linhas de crédito internacionais, a dívida externa brasileira aumentou 60%, impulsionada pelo endividamento das empresas.
A dívida das instituições
financeiras no exterior praticamente dobrou entre dezembro de 2008 e este ano.
No mesmo período, as empresas não financeiras aumentaram sua exposição em moeda
estrangeira em 72%.
Com isso, o endividamento
externo do país subiu do equivalente a 12% do PIB (Produto Interno Bruto) para
13,9% neste ano, após quatro anos de relativa estabilidade.
O levantamento foi feito pela
equipe do banco Credit Suisse, que atribui parte desse aumento à fixação de
barreiras à entrada de capital externo, iniciada em 2010.
Para tentar refrear o fluxo de
recursos estrangeiros que entrava no país e valorizava o real em relação ao
dólar, o governo impôs IOF de 6% na compra de títulos públicos por
estrangeiros.
“Quando o governo decide impor
IOF para operações com seus papéis, esses recursos deixam de entrar, mas as
empresas percebem que há demanda por títulos brasileiros e vão para o mercado
externo captar com taxas mais baixas”, afirma o economista-chefe do Credit
Suisse, Nilson Teixeira.
Diante de um cenário de
abundância de recursos e juros mais baixos no exterior, as empresas aumentaram
sua dívida lá fora.
A questão é que,
simultaneamente, elas passaram a assumir riscos de prejuízo em caso de uma
repentina desvalorização cambial.
Em 2008, a alta do dólar em
decorrência da crise bancária nos EUA, levou Aracruz e Sadia a dificuldades.
Ambas tinham operações com derivativos atrelados ao dólar e acabaram vendidas.
Para Teixeira, não há risco no
médio prazo: “De fato a dívida aumentou, mas, quando comparada com a de outros
países, é baixíssima”.
Além disso, observa o
economista, o prazo é longo (em média, 6,5 anos) e o montante é pouco superior
ao que o Brasil arrecada com exportações –a dívida externa equivale a 1,3 vezes
o auferido com as exportações, segundo cálculos de Teixeira.
Para Daniela Prates, professora
da Unicamp, contudo, o enfraquecimento recente das exportações são um fator de
vulnerabilidade.
“A capacidade de gerar divisas
[para honrar as dívidas] se dá por meio das exportações. E o cenário pós-crise
ficou mais grave nesse ponto, porque a concorrência ficou mais acirrada”,
afirma.
“A composição da nossa pauta de
exportações faz com que sejamos mais vulneráveis ao preço das commodities e à
demanda da China. Isso traz preocupação quanto à solvência da dívida”, diz ela.
Fonte: Fundação
Lauro Campos, com informações de Controvérsia
Nenhum comentário:
Postar um comentário