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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Brics classificam espionagem dos EUA como "manifestação de terrorismo"

Em reunião paralela ao G20, países discutem economia
 e repudiam grampos estadunidenses. 
Foto: Blog do Planalto.
Sandro Fernandes,
05/09/2013
Enviado especial a São Petersburgo, Rússia
Opera Mundi

Em um encontro paralelo à Cúpula do G20, nesta quinta-feira (05), em São Petersburgo, os líderes dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) discutiram temas de economia e a espionagem estadunidense.

De acordo com o secretário de imprensa da presidência de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, “a espionagem digital dos Estados Unidos em assuntos internos de outros países é uma manifestação de terrorismo”.


Segundo o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, a presidente Dilma Rousseff fez, durante a reunião dos Brics, um breve relato sobre a espionagem estadunidense ao Brasil. Um dos principais alvos do monitoramento dos EUA, segundo o programa Fantástico, da Rede Globo, Dilma deve conversar diretamente com Barack Obama sobre o tema na Rússia.

Caso o estadunidense não se desculpe ou apresente novas justificativas, é possível que a brasileira peça o adiamento de sua viagem oficial a Washington, marcada para 23 de outubro.

Economia


Os líderes dos Brics também reclamaram que, apesar da lenta recuperação da economia mundial, os países desenvolvidos poderiam fazer mais para impulsionar a demanda global e a confiança do mercado.

A estagnação do processo de reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) também foi discutida na reunião, que ocorreu a portas fechadas. Segundo os representantes dos Brics, é “necessária a urgente implementação da cota FMI e a reforma de governança de 2010”.

A questão cambial foi outro assunto de destaque na reunião. As preocupações expressas na Cúpula dos BRICS em Durban, na África do Sul, em março deste ano, foram reiteradas pelos líderes de Rússia, Índia, China e Brasil. Eles enfatizaram que a normalização da política monetária precisa ser eficaz e cuidadosamente calculada e comunicada. Em um cenário de aumento de volatibilidade no mercado financeiro, há o medo de que as políticas monetárias não convencionais de algumas economias desenvolvidas afetem de maneira negativa os países em desenvolvimento.

Os líderes dos BRICS disseram estar ansiosos para a 9ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio, que será realizada em dezembro deste ano, em Bali, Indonésia. Há uma forte expectativa de um destravamento da Rodada de Doha.

A Rodada de Doha é um ciclo de negociações multilaterais iniciadas em Doha, no Qatar, em 2001, que defende a liberalização do comércio mundial, diminuindo barreiras comerciais e medidas de proteção econômicas. No entanto, os interesses de cada país, principalmente na proteção ao setor agrícola, impediram que o diálogo avançasse.

Um dos pontos mais importantes do encontro paralelo dos Brics foi o avanço na criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Acordo de Reserva de Contingência. O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) contará com um capital inicial de 50 bilhões de dólares (cerca de R$ 116 bilhões). Com o Acordo de Reserva de Contingência (CRA, na sigla em inglês), também houve importantes progressos depois das recentes reuniões. Conforme previamente discutido, o fundo será, inicialmente, de 100 bilhões de dólares (R$ 232 bi) e cada país terá um valor a aportar – China, US$ 41 bi; Brasil, Índia e Rússia, US$ 18 bi cada e a África do Sul, US$ 5 bi.

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