Em reunião paralela ao G20, países discutem economia e repudiam grampos estadunidenses. Foto: Blog do Planalto. |
05/09/2013
Enviado especial a São Petersburgo, Rússia
Opera Mundi
Em um encontro paralelo à
Cúpula do G20, nesta quinta-feira (05), em São Petersburgo, os líderes dos
Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
discutiram temas de economia e a espionagem estadunidense.
De acordo com o secretário de imprensa da presidência de Vladimir Putin, Dmitry Peskov, “a espionagem digital dos Estados Unidos em assuntos internos de outros países é uma manifestação de terrorismo”.
Segundo o porta-voz da
Presidência da República, Thomas Traumann, a presidente Dilma Rousseff fez,
durante a reunião dos Brics, um breve relato sobre a espionagem estadunidense
ao Brasil. Um dos principais alvos do monitoramento dos EUA, segundo o programa
Fantástico, da Rede Globo, Dilma deve conversar diretamente com Barack Obama
sobre o tema na Rússia.
Caso o estadunidense não se
desculpe ou apresente novas justificativas, é possível que a brasileira peça o
adiamento de sua viagem oficial a Washington, marcada para 23 de outubro.
Economia
Os líderes dos Brics também
reclamaram que, apesar da lenta recuperação da economia mundial, os países
desenvolvidos poderiam fazer mais para impulsionar a demanda global e a
confiança do mercado.
A estagnação do processo de
reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional) também foi discutida na reunião,
que ocorreu a portas fechadas. Segundo os representantes dos Brics, é
“necessária a urgente implementação da cota FMI e a reforma de governança de
2010”.
A questão cambial foi outro
assunto de destaque na reunião. As preocupações expressas na Cúpula dos BRICS
em Durban, na África do Sul, em março deste ano, foram reiteradas pelos líderes
de Rússia, Índia, China e Brasil. Eles enfatizaram que a normalização da
política monetária precisa ser eficaz e cuidadosamente calculada e comunicada.
Em um cenário de aumento de volatibilidade no mercado financeiro, há o medo de
que as políticas monetárias não convencionais de algumas economias
desenvolvidas afetem de maneira negativa os países em desenvolvimento.
Os líderes dos BRICS disseram
estar ansiosos para a 9ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do
Comércio, que será realizada em dezembro deste ano, em Bali, Indonésia. Há uma
forte expectativa de um destravamento da Rodada de Doha.
A Rodada de Doha é um ciclo de
negociações multilaterais iniciadas em Doha, no Qatar, em 2001, que defende a
liberalização do comércio mundial, diminuindo barreiras comerciais e medidas de
proteção econômicas. No entanto, os interesses de cada país, principalmente na
proteção ao setor agrícola, impediram que o diálogo avançasse.
Um dos pontos mais importantes
do encontro paralelo dos Brics foi o avanço na criação do Novo Banco de
Desenvolvimento e do Acordo de Reserva de Contingência. O Novo Banco de
Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) contará com um capital inicial de 50
bilhões de dólares (cerca de R$ 116 bilhões). Com o Acordo de Reserva de
Contingência (CRA, na sigla em inglês), também houve importantes progressos depois
das recentes reuniões. Conforme previamente discutido, o fundo será,
inicialmente, de 100 bilhões de dólares (R$ 232 bi) e cada país terá um valor a
aportar – China, US$ 41 bi; Brasil, Índia e Rússia, US$ 18 bi cada e a África
do Sul, US$ 5 bi.
Fonte: Brasil de Fato
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