Imagem do ''Envoyé Especial'' mostra dormitório na Foxconn; oito pessoas dormem por quarto |
Do UOL, em São Paulo
17/12/201212h55
O programa francês "Envoyé
Especial" (Enviado Especial, em tradução livre), veiculado pelo canal
France 2, mostra que pouco mudou nas fábricas da Foxconn após a montadora de
eletrônicos chinesa, responsável pela fabricação de gadgets da Apple, se
comprometer a melhorar as condições de trabalho de seus funcionários.
Veiculada na última quinta
(13), a reportagem é chamada de "e-Germinal: no inferno das usinas
chinesas", em uma referência ao romance Germinal de Émile Zola, que
retrata o sofrimento dos mineiros de carvão na França no século 19. O vídeo
mostra imagens feitas por duas pessoas infiltradas em fábricas na China da
Foxconn -- a companhia se recusou a permitir a entrada dos jornalistas.
Segundo a reportagem, o sistema
de produção da Foxconn, que emprega 1,4 milhão de pessoas na China, funciona à
base de um "gerenciamento militar" nas fábricas, "onde os
insultos são cotidianos e os dormitórios insalubres".
Não há imagens da linha de
produção porque os funcionários são obrigados a deixar todos objetos
"metálicos", incluindo celulares, em armários antes de começar a
trabalhar. Eles não podem usar relógios e não há relógios nas paredes da
fábrica. "O tempo não passa. É desesperador", conta a mulher que
trabalhou infiltrada.
"Nós tínhamos de trabalhar
durante a madrugada, durante oito horas. O turno terminaria às 5h da manhã, mas
daí eles decidiram acrescentar mais duas horas de trabalho. Nós tivemos apenas
uma pausa, mais ou menos às 23h. E o trabalho é sempre repetir o mesmo
gesto", conta o outro infiltrado.
Dormitórios
insalubres
Depois do trabalho, todos
retornam ao dormitório, diz ele, "mas não conversam uns com os
outros". São oito pessoas por quarto, equipados com beliches sem colchões.
Há uma sala de TV – um pequeno aparelho pendurado na parede – com fileiras de
bancos de madeira. Alguns dos dormitórios ainda estão sendo construídos, mas já
estão ocupados por trabalhadores da Foxconn, mesmo sem haver eletricidade ou
elevadores.
O salário, de cerca de 220
euros (cerca de R$ 605), é bem maior do que esses trabalhadores conseguiriam
trabalhando em suas províncias de origem. "Mas não chegamos a receber
isso. Descontam 14 euros do dormitório, 50 da refeição e mais dinheiro do
seguro", diz a mulher infiltrada.
A reportagem conclui que as más
condições de trabalho tem como origem o atendimento à demanda de produção do
iPhone 5. O smartphone é tido como mais difícil de ser produzido quando
comparado aos seus antecessores – tão difícil que a Foxconn tem de contratar
novos funcionários "incansavelmente" para substituir os trabalhadores
que deixam, "frustrados", a linha de montagem.
A Foxconn não quis comentar as
imagens feitas pelo canal de TV francês. A Apple informou ao programa que
"as empresas subcontratadas são obrigadas a fornecer condições de trabalho
seguras, dignidade e respeito aos funcionários".
Fonte: Tecnologia.UOL
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