por Apio Gomes, no portal do PDT,
via Amilcar Brunazzo Filho
publicado em 11 de dezembro de 2012 às 19:57
Um novo caminho para fraudar as
eleições informatizadas brasileiras foi apresentado ontem (10/12) para as mais
de 100 pessoas que lotaram durante três horas e meia o auditório da Sociedade
de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1,
no decorrer do seminário “A urna eletrônica é confiável?”, promovido pelos
institutos de estudos políticos das seções fluminense do Partido da República
(PR), o Instituto Republicano; e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a
Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.
Acompanhado por um especialista
em transmissão de dados, Reinaldo Mendonça, e de um delegado de polícia,
Alexandre Neto, um jovem hacker de 19 anos, identificado apenas como Rangel por
questões de segurança, mostrou como — através de acesso ilegal e privilegiado à
intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro, sob a responsabilidade técnica
da empresa Oi – interceptou os dados alimentadores do sistema de totalização e,
após o retardo do envio desses dados aos computadores da Justiça Eleitoral,
modificou resultados beneficiando candidatos em detrimento de outros – sem nada
ser oficialmente detectado.
“A gente entra na rede da
Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a
totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos.
Modificamos resultados mesmo quando a
totalização está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas
gerais como atuava para fraudar resultados.
O depoimento do hacker –
disposto a colaborar com as autoridades –
foi chocante até para os palestrantes convidados para o seminário, como
a Dra. Maria Aparecida Cortiz, advogada que há dez anos representa o PDT no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) para assuntos relacionados à urna eletrônica; o
professor da Ciência da Computação da Universidade de Brasília, Pedro Antônio
Dourado de Rezende, que estuda as fragilidades do voto eletrônico no Brasil,
também há mais de dez anos; e o jornalista Osvaldo Maneschy, coordenador e
organizador do livro Burla Eletrônica, escrito em 2002 ao término do primeiro
seminário independente sobre o sistema eletrônico de votação em uso no país
desde 1996.
Rangel, que está vivendo sob
proteção policial e já prestou depoimento na Polícia Federal, declarou aos
presentes que não atuava sozinho: fazia parte de pequeno grupo que – através de
acessos privilegiados à rede de dados da Oi – alterava votações antes que elas
fossem oficialmente computadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
A fraude, acrescentou, era
feita em benefício de políticos com base eleitoral na Região dos Lagos – sendo
um dos beneficiários diretos dela, ele o citou explicitamente, o atual presidente
da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado Paulo
Melo (PMDB). A deputada Clarissa Garotinho, que
também fazia parte da mesa, depois de dirigir algumas perguntas a Rangel - afirmou que se informará mais sobre o assunto
e não pretende deixar a denúncia de Rangel cair no vazio.
Fernando
Peregrino, coordenador do seminário, por sua vez, cobrou providências:
“Um crime grave foi cometido
nas eleições municipais deste ano, Rangel o está denunciando com todas as
letras – mas infelizmente até agora a
Polícia Federal não tem dado a este caso a importância que ele merece
porque ele atinge a essência da própria
democracia no Brasil, o voto dos brasileiros” – argumentou Peregrino.
Por ordem de apresentação,
falaram no seminário o presidente da FLB-AP, que fez um histórico do voto no
Brasil desde a República Velha até os dias de hoje, passando pela tentativa de
fraudar a eleição de Brizola no Rio de Janeiro em 1982 e a informatização total
do processo, a partir do recadastramento eleitoral de 1986.
A Dra. Maria Aparecida Cortiz,
por sua vez, relatou as dificuldades para fiscalizar o processo eleitoral por
conta das barreiras criadas pela própria Justiça Eleitoral; citando, em
seguida, casos concretos de fraudes ocorridas em diversas partes do país –
todos abafados pela Justiça Eleitoral. Detalhou fatos ocorridos em Londrina
(PR), em Guadalupe (PI), na Bahia e no Maranhão, entre outros.
Já o professor Pedro Rezende,
especialista em Ciência da Computação, professor de criptografia da
Universidade de Brasília (UnB), mostrou o trabalho permanente do TSE em
“blindar” as urnas em uso no país, que na opinião deles são 100% seguras. Para
Rezende, porém, elas são “ultrapassadas e inseguras”. Ele as comparou com
sistemas de outros países, mais confiáveis,
especialmente as urnas eletrônicas de terceira geração usadas em algumas
províncias argentinas, que além de imprimirem o voto, ainda registram
digitalmente o mesmo voto em um chip embutido na cédula, criando uma dupla
segurança.
Encerrando a parte acadêmica do
seminário, falou o professor Luiz Felipe, da Coppe da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, que em 1992, no segundo Governo Brizola, implantou a Internet
no Rio de Janeiro junto com o próprio Fernando Peregrino, que, na época,
presidia a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj). Luis
Felipe reforçou a idéia de que é necessário aperfeiçoar o sistema eleitoral
brasileiro – hoje inseguro, na sua opinião.
O relato de Rangel – precedido
pela exposição do especialista em redes de dados, Reinaldo, que mostrou como
ocorre a fraude dentro da intranet, que a Justiça Eleitoral garante ser segura
e inexpugnável – foi o ponto alto do seminário.
Peregrino informou que o
seminário será transformado em livro e
tema de um documentário que com certeza dará origem a outros encontros sobre o
mesmo assunto – ano que vem. Disse ainda estar disposto a levar a denuncia de
Rangel as últimas conseqüências e já se considerava um militante pela
transparência das eleições brasileiras: “Estamos aqui comprometidos com a
trasnparência do sistema eletrônico de votação e com a democracia no Brasil”,
concluiu. (OM)
Fonte: Vi
o Mundo
Aqui veja entrevista com o engenheiro
Amílcar Brunazo Filho, especialista em urnas eletrônicas.
Um comentário:
Realmente em Saquarema-RJ aconteceu um fato muito estranho que deixou toda a população perplexa e estarrecida. Antes das eleições era só andar pelas ruas e perguntar em quem o eleitor iria votar que a resposta era unânime: Pedro Ricardo, candidato da oposição. Pois bem, o rapaz perdeu em todas, eu disse todas as 173 urnas da cidade. Perdeu e perdeu de muito. O mais estranho é que hoje, dois meses após as eleições, você vai às ruas e os eleitores continuam unânimes em dizer que votaram em Pedro Ricardo. Seria muito mais cômodo para o eleitor dizer que votou na candidata vitoriosa. Mas não, o eleitor bate o pé afirmando que votou no outro. Curiosamente, é difícil encontrar alguém que confirme que votou na candidata vencedora, que coincidentemente é a esposa do deputado estadual Paulo Melo, presidente da ALERJ. Existem vários relatos da internet e inclusive vídeos no YOUTUBE atestando a vulnerabilidade das urnas eleitorais. Está lá pra quem quiser assistir. Esse triunvirato: Sérgio Cabral, Luiz Zveiter e Paulo Melo atenta contra a democracia. Todos os poderes encontram-se de um lado só da balança, prejudicando a alternância do poder, principal filosofia democrática. O fato é que não adianta espernear, pois o TSE, por mais que existam evidências que comprovem, jamais irá admitir fraudes em suas 'caixas pretas'. O ideal seria que a urna eletrônica emitisse, também, um cupom onde mostrasse em quem o eleitor votou. E que esse cupom fosse colocado numa urna tradicional ao lado dos mesários, para fins de comprovação posterior. Uma coisa é certa: nenhum outro país no mundo, depois de examinar, quis comprar nosso ‘avançadíssimo, rápido e moderno' método de escrutínio, nem o Paraguai.
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