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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Europa: o escandaloso apoio aos bancos

Imagem de Beppe Giacobbe
31 de janeiro de 2014
 

Nos quatro anos pós-crise, 1,3 trilhão doado à oligarquia financeira. Recursos são vinte vezes maiores que “ajuda” destinada a Portugal

 
Na Esquerda.net
 
Um relatório do eurodeputado belga Philippe Lamberts, dos Verdes, antecipado pela revista Visãoonline, chegou à conclusão de que a política da União Europeia de conceder aos bancos auxílios para impedir a sua falência, foi acompanhada de “ajudas implícitas” no valor de 1,3 trilhão de euros, em quatro anos. Este valor representa nada menos do que 10% de toda a riqueza produzida na Europa, ou quase 20 vezes mais que o empréstimo da troika a Portugal.
 
O relatório explica como os bancos se beneficiaram destas “ajudas implícitas” para obter enormes lucros, e aponta para os bancos da Alemanha, da França e do Reino Unido como os principais beneficiários.
 

Impedir os bancos de falir, custasse o que custasse

 
Para explicar a origem destes subsídios não contabilizados, o relatório lembra as ajudas dadas pela UE aos bancos depois da falência do Lehman Brothers, com o objetivo de enviar aos chamados “mercados” a mensagem de que a Europa não deixaria os bancos falirem. Foram atribuídos auxílios à banca no valor de 634 mil milhões de euros (oito vezes mais do que o valor do empréstimo da troika a Portugal), na forma de ajudas à liquidez, de empréstimos para a recapitalização e compra de ativos “tóxicos”, e ainda 492,2 mil milhões de euros em “garantias”.
 
Acontece que estes auxílios e garantias fizeram com que os ratings dos bancos fossem melhores que os dos próprios países, devidos a todos os auxílios e salvaguardas. Beneficiando-se disso, os bancos obtiveram dinheiro a custo mais baixo, e puderam especular à vontade com os títulos da dívida soberana dos Estados em maiores dificuldades, que pagavam juros mais altos. Isto significou um ganho extra aos bancos, o tal subsídio implícito que o eurodeputado belga contabiliza no valor de 1,3 bilião de euros. Esses ganhos foram tanto maiores quanto era menor o risco do respetivo país, o que fez com que os bancos alemães, franceses e britânicos se beneficiassem mais.
 
Sem esses subsídios, bancos teriam tido perdas
 
O relatório afirma, segundo a Visão, que “sem estes subsídios as grandes instituições bancárias na União Europeia estariam a declarar perdas substanciais.” Mas com este apoio estatal os grandes bancos europeus declararam lucros de 16,2 mil milhões em 2012. Isto é: os europeus, com os seus impostos, pagaram os auxílios aos bancos, e estes lucraram apesar – e por causa – da crise.
 
Fica também implícito no relatório que convem aos bancos que os Estados tenham os juros das suas dívidas públicas o mais altos possível – e os juros sobem quanto mais alta for a dificuldade de financiamento do país. Assim, os bancos, provocando dificuldades ao financiamento dos Estados, sobretudo dos mais fracos, lucram mais.

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