Com fuga de usuários jovens,
plataforma envelhece. Estudo prevê declínio semelhante ao das epidemias. Não
estará na hora de uma rede mais livre?
Por Gabriela Leite
Publicado em 3 de fevereiro de 2014
O quanto o Facebook já faz
parte de nossas vidas, e por quanto tempo isso ainda vai durar? Há grandes
chances de você ter chegado até este texto ou ter conhecido este site através
da rede social de Mark Zuckeberg — que já é utilizada por mais de um bilhão de
pessoas. Mas antes dela, houve outras: o Orkut, famoso principalmente entre os
brasileiros, o MySpace, mais comum nos EUA e diversas outras, mais segmentadas
ou não. Com base na vida e morte destes sites populares na internet, algumas
pesquisas começam a tentar prever quando será o fim do novo gigante das redes
sociais, cuja ética parece cada vez mais questionável.
Alguns fatos concretos indicam
que, sob algumas perspectivas, o Facebook já está caindo: desde 2011, 25,3% dos
adolescentes de 13 a 17 anos desativaram suas contas apenas nos Estados Unidos.
Isso fez a rede envelhecer sensivelmente: hoje, também nos EUA, a faixa etária
com mais usuários é entre 35 e 54 anos — e a de mais de 55 é a que mais cresce.
O motivo para os jovens abandonarem a
rede é exatamente este: a necessidade de privacidade em relação aos adultos,
que, uma vez integrados à plataforma, podem “vigiar” seus filhos e parentes.
Por isso, estes migram para redes sociais mais específicas, de compartilhamento
de fotos e imagens, por exemplo.
Outra previsão sombria (e
curiosa) sobre o futuro do “Face” partiu de dois cientistas da Universidade de
Princeton — John Cannarella e Joshua Spechler. Eles compararam a ascensão e
declínio da rede mais popular do planeta a uma similar, hoje esquecida (o
MySpace) e a outro fenômeno humano relacionado a contágio: a expansão e
posterior recuo das doenças infecciosas… Ao fazê-lo, chegaram ao gráfico abaixo
(a curva de popularidade do Facebook foi construída em função de número de
buscas pela rede no Google). Sua conclusão é: a rede de Zuckenberg já atingiu
seu pico e começou a recuar; é provável que perca 80% de seus atuais usuários
entre 2015 e 2017.
Mas há quem seja mais cético,
diante das teorias catastrofistas. Para o site de tecnologia TechVibes, o Facebook
é grande demais para cair num futuro próximo. Segundo eles, por mais que haja
uma queda em seus usuários, economicamente falando, a empresa continua a
crescer. Estima-se que sua receita para 2013 tenha sido de 7 bilhões de
dólares, o que significa um crescimento de 50% a cada ano. Com tanto poder,
afirmam, Zuckeberg pode facilmente comprar qualquer nova iniciativa que ponha
em risco seu reinado. Pensa que estagnação do número de buscas pelo Facebook
não é relevante — ele teria se tornado tão popular que já não é preciso
procurálo, assim como você nunca vai ouvir alguém falando “prove essa bebida,
Coca Cola, é uma delícia!”. O “Face” não estaria ameaçado de morte por já fazer
parte do dia-a-dia de um sétimo da população mundial — por isso, plenamente
estabelecido em nossas vidas.
Apesar de fortemente presente e
viciante, o Facebook é a rede que queremos para o mundo? Não são poucos os
casos como o desta semana, em que os administradores do Facebook tiraram do ar
uma página contra a Copa do Mundo, a “Operation World Cup”. Semanas atrás,
haviam sumido com os eventos de “rolezinhos” em diversos shoppings do Brasil.
Durante os protestos de junho, conteúdos de revolta também desapareciam do dia
para a noite. Em casos mais absurdos, a rede já tirou do ar obras de artistas
como Gustave Courbet e ensaios de mulheres com seus bebês recém nascidos. Além
disso, a rede sofreu diversas críticas por vender os dados de seus usuários
para empresas. Em tempos de risco da liberdade da internet, uma rede menos
mercadológica e mais livre viria a calhar.
Fonte: Outras
Palavras
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