Segunda-feira, 27 de
janeiro de 2014
O custo dos estádios para a
Copa do Mundo já supera em mais de três vezes o valor informado pela CBF à Fifa
quando o Brasil apresentou seu projeto para sediar o Mundial. Cópia do primeiro
levantamento técnico da Fifa sobre o País, fechado em 30 de outubro de 2007 e
obtido pelo Estado, informava que as arenas custariam US$ 1,1 bilhão, cerca de
R$ 2,6 bilhões. A última estimativa oficial, porém, dá conta de que o valor
chegará a R$ 8,9 bilhões.
O informe foi produzido e
assinado por Hugo Salcedo, que coordenou a primeira inspeção no País entre
agosto e setembro de 2007. Na época, a Fifa considerou que o orçamento havia
sido "bem preparado’’ e que "não havia dúvidas" sobre o
compromisso do Brasil de atender às exigências da entidade.
"A CBF atualmente estima que
os investimentos relacionados com a construção e reformas de estádios estão em
US$ 1,1 bilhão", escreveu a Fifa em seu informe. Curiosamente, a entidade
esteve em apenas cinco das 18 cidades que naquele momento brigavam para receber
a Copa. Das que acabariam escolhidas, não foram visitadas Fortaleza, Recife,
Salvador, Natal, Curitiba, Cuiabá e Manaus.
A Fifa, já na época, não
disfarçava que o trabalho de reforma e construção dos estádios seria um
desafio. "Os padrões e exigências da Fifa vão superar em muito qualquer
outro evento realizado na história do Brasil em termos de magnitude e complexidade.
Nenhum dos estádios no Brasil estaria em condições de receber um jogo da Copa
nos atuais estados", alertou em 2007. "A Fifa deve prestar uma
especial atenção nos projetos."
O time de inspeção ainda fez um
alerta sobre o Maracanã. "Não atende às exigências. Um projeto de
renovação mais amplo teria de ser avaliado."
AEROPORTOS
O relatório elaborado antes de
o Brasil ganhar o direito de sediar a Copa é, hoje, verdadeira coleção de
promessas quebradas e avaliações duvidosas. "A infraestrutura de transporte
aéreo e urbano poderia atender de forma confortável as demandas da Copa",
indicou. "O time de inspeção pode confirmar com confiança que a
infraestrutura de aeroportos poderia atender a um grande número de passageiros
indo a jogos em viagens de ida e volta no mesmo dia." O transporte urbano
também seria "suficiente" e a Fifa garantia, em 2007, que um
"serviço de trem de alta velocidade vai ligar Rio e São Paulo".
Considerava a infraestrutura hoteleira "suficiente’’ e, ao avaliar o
sistema de saúde do País, fez elogios aos hospitais, apontados como
"referência internacional". A referência, porém, não foram os
hospitais públicos.
Veja também:
Jamil Chade
O Estado de S. Paulo
Fonte: Folha
Política
Nenhum comentário:
Postar um comentário