Josias de Souza
Nos cem municípios brasileiros
com os piores Índices de Desenvolvimento Humano, os candidatos a prefeito
estimam gastar na temporada eleitoral de 2012 uma fábula: R$ 97,2 milhões.
Escrito de outro modo: condenados à escassez, os quase 900 mil brasileiros que
residem nesses pedaços miseráveis do mapa do Brasil assistirão ao espetáculo da
fartura eleitoral.
Auxiliada por três colegas, a
repórter Juliana Castro levou às páginas notícia apinhada de dados intrigantes.
Por exemplo: dividindo-se o orçamento dos comitês pela quantidade de eleitores,
descobre-se que o voto de um miserável brasileiro custa, em média, R$ 110,84.
Em dois municípios do Maranhão,
Estado dominado pelo clã dos Sarney, o inusitado roça a fronteira do paraxismo.
Na cidade de Governador Newton Bello, falta de tudo –de asfalto nas ruas a
esgoto nas casas. De cada dez moradores com mais de 15 anos, quatro são
analfabetos. Ali, os eleitores são contados em 7.837. Os candidatos à
prefeitura local orçaram suas campanhas em R$ 3,6 milhões. Quer dizer: cada
voto custará a bagatela de R$ 459,35.
No município maranhense de
Presidente Juscelino, onde 59% dos domicílios não dispõem nem de água na
torneira, jorrarão dos comitês eleitorais R$ 3,25 milhões. Os eleitores
cadastrados somam 8,8 mil pessoas. Cada voto sairá a R$ 368,64.
Entre o riso dos candidatos
perdulários e a lágrima dos eleitores paupérrimos há o nariz. Acionando-o, os
brasileiros desassistidos perceberão que a democracia que lhes oferecem cheira
mal. Em vez de votar, talvez preferissem que helicópteros lhes despejassem
sobre as cabeças as arcas dos comitês.
Fonte: Blogosfera
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