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domingo, 15 de julho de 2012

Corrupção e educação


Charge:  midiaindependente.org


Se as denúncias começam a aflorar por ordem alfabética, o próximo Estado a ser explicitado na mídia será a Bahia, que os professores do Estado tanto denunciam. O governo recebe verbas do FUNDEB e não presta conta dos gastos – insiste em negar-se a prestar contas. A Lei do Piso não é cumprida pelo Estado, mas, incompreensivelmente, o Governo Federal continua a enviar recursos para isto. Espera-se que o Ministério (Mistério?) Público se dê conta das milhares de denúncias que os professores têm postado nas redes sociais, nas mesas de negociação e nas ruas, e cumpra a função a que é destinado. 


Por Fabiano Angélico
Sex, 13 de jul de 2012

O Ministério da Educação gastou R$ 15,2 bilhões em repasses aos municípios em 2011 para melhorar a educação básica, mas em muitas regiões o objetivo não vem sendo atingido. Na região amazônica, onde os dados sobre desempenho escolar são desanimadores, os recursos estão indo pelo ralo da corrupção e do desperdício.
Agora, a Pública analisou relatórios de auditorias da CGU (Controladoria Geral da União) em 32 cidades nos estados da região Norte entre 2010 e 2011. Os dados compilados a partir dos relatórios revelam indícios de corrupção e problemas na gestão do dinheiro da educação. Em vez de chegar às escolas, a verba repassada pelo governo federal se perde em irregularidades diversas. A Pública organizou essas irregularidades em 5 tipos: má administração, despesas irregulares, falta de prestação de contas, ausência de controle social e casos de desvios de finalidade.

Após as visitas a essas 32 cidades do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, os técnicos da CGU registraram 619 irregularidades, o que resulta numa média de quase 20 por município. Do total de problemas detectados, quase 40% se referem a má gestão; cerca de 30% indicam despesas irregulares (que podem ser fraudes em licitação e superfaturamento, por exemplo); e 17% apontam ausência de prestação de contas – um forte indício de corrupção.
A falta de controle social, principal mecanismo para fiscalizar a aplicação das verbas, foi detectada em vários municípios. Os relatórios apontam 57 irregularidades nesse campo, indicando que os Conselhos Municipais de Educação – criados para que a sociedade possa monitorar as políticas públicas em Educação – não estão funcionando.
Problemas na gestão: falta de profissionalismo e de controle
Os relatórios analisados pela Pública indicam um quadro de despreparo dos funcionários em diversas cidades: foram 241 irregularidades por falta de controle administrativo, uma média de 7,5 por cidade.
Mas de que irregularidades estamos falando? Os relatórios trazem casos de ineficiência de controle de estoque e de distribuição de alimentos; recursos aplicados fora do prazo; erros na contratação de responsáveis por obras, falha na elaboração de projetos básicos pra creches; falta de controle sobre dados dos veículos e dos condutores nos programas de transporte; inadequação ou ausência de ficha de matrícula dos alunos; e falta de conhecimentos técnicos para alimentar o sistema informatizado de distribuição de livros – o que resulta em erros na distribuição de livros didáticos.
Isso significa que mesmo os sistemas criados para melhorar a gestão dos recursos estão sendo mal utilizados ou subutilizados em algumas prefeituras da Amazônia.
“Um dos grandes desafios do país nas próximas décadas é criar burocracia de qualidade nos estados e municípios”, afirmou, em entrevista recente, o cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, referindo-se ao corpo de funcionários que administra os programas de Educação em cada município. Para o pesquisador, tem havido inovações em matéria de políticas públicas, mas ainda falta “criar uma estrutura burocrática que dê conta do longo prazo”.
Fonte: Br.notícias

Um comentário:

Juliana Brito disse...

Enquanto tivermos "política de governo" ao invés de "política de estado" esse quadro não muda não, ainda mais porque os gestores são considerados "cargos de confiança", sua indicação raramente é técnica e sim pessoas fiéis aos seus padrinhos políticos e não ao serviço público.