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Por VINÍCIUS BOPPRÊ
29/01/13
Segundo o Ibope Media de 2012,
o Brasil é o 5o país mais conectado do mundo com mais de 94 milhões de
internautas. De toda essa gente, mais de 90% estão em redes sociais. A palestra
Social Good: uso da tecnologia para mobilização e engajamento, que acontece
hoje, a partir das 11h no Palco Principal da Campus Party, vai discutir as
outras funções das redes, que, além de matar as saudades e encurtar as
distâncias, podem servir para transformar a sociedade. “As redes não são
ambientes que estão ali ao lado, que você entra e sai, com funcionamento
independente do ‘mundo real’. Não! Elas são o mundo real, são o modo como a
maioria das pessoas se comunica e um dos modos mais efetivos de pressionar
poderosos, sejam quais forem”, diz Lucas Pretti, jornalista e ativista da
Change.org, que vai participar da discussão. Reais também foram as mudanças que
outra palestrante, a estudante Isadora Faber, 13, autora do Diário de Classe,
conseguiu provocar na sua escola.
A página no Facebook criada por
ela, em julho de 2012, conseguiu atingir mais de 500 mil pessoas. Foi por meio
de seus textos, vídeos e fotos que Isadora conseguiu dar maior visibilidade aos
problemas da Escola Municipal Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis. Apesar de
ter sofrido pressão de membros da escola e até mesmo de seus colegas, as
denúncias surtiram efeito, ganharam espaço na grande imprensa e a instituição
começou a ser reformada. Para Lucas Pretti, são essas histórias comuns,
injustiças que aconteceram com um conhecido que motivam os usuários a se engajarem.
“As pessoas juntas são mais apaixonantes que organizações as representando”,
diz. Um exemplo de como a união pode fazer a diferença está justamente na rede
que ele participa. O Change.org é uma plataforma com mais de 25 milhões de
usuários em 192 países, que disponibiliza abaixo-assinados sobre diversos
temas, que vão desde a proteção dos animais até a permissão das mulheres
sauditas a dirigir. Ao acessar o site, o usuário pode deixar sua assinatura em
uma das campanhas e até criar seu próprio abaixo-assinado.
Patrícia Santin, gerente de
infância e adolescência da Fundação Telefônica Vivo, também será uma das
palestrantes. Um dos trabalhos que desenvolve é a Rede Pró-Menino, que desde
2003 tem conseguido ganhar mais espaço para a causa das crianças e adolescentes
por meio da internet. “Há 10 anos, o acesso era mais complicado, os conteúdos
eram mais estáticos e as pessoas nem sempre tinham computador em casa. Hoje,
além de produzir conteúdo multimídia, a rede está em vários lugares, como no
Facebook, por exemplo”, explica. Um dos benefícios que as redes sociais podem
trazer pôde ser notado no ano passado, durante a campanha É Da Nossa Conta, que
luta contra o trabalho infantil. Em quatro meses de trabalho, compartilhando vídeos
sobre o tema, inclusive dos artistas que participaram da mobilização, a página
da Fundação no Facebook subiu de 5.000 para 170 mil usuários, sendo que quase a
metade (cerca de 80 mil) era de um público engajado, que compartilha, se
posiciona e escreve sobre o tema. “A gente agora vive, de verdade, a potência
do que pode ser o trabalho em rede, porque as pessoas estão repassando o
conteúdo, compartilhando o conhecimento”, diz.
Virtual x vida real
Uma das questões mais debatidas
é o impacto que as pessoas podem causar de suas casas, clicando em um link,
compartilhando uma vídeo. Será que uma mobilização virtual tem o mesmo efeito
que um protesto presencial? Para Lucas Pretti, não há competição entre a rede
social e a manifestação pública, já que “ambas são formas de se comunicar”.
“Uma coisa ajuda a outra. Ter várias cores para combinar (podendo escolher
umas, tirar outras) é mais garantia de que um quadro pode ser uma obra
artística relevante. A mesma coisa acontece com a ‘arte’ da mobilização”, afirma.
Patrícia Santin concorda com o ponto de vista de Lucas e vai além. Para ela, as
cidades não comportam mais manifestações públicas, o que acaba gerando uma
certo incômodo com a causa. “Gosto quando as duas se complementam. Acho que no
futuro teremos mais mobilizações não-presenciais”.
Patrícia acredita que entre as
causas que mais têm gerado frutos por meio das redes sociais são aquelas de
proteção aos animais. O Amigo Não Se Compra, site que ajuda a conectar doadores
à pessoas que querem adotar um cão, é um projeto que começou no Catarse e
conseguiu a implementação graças ao apoio das redes sociais. Otimista, ela
acredita que, com o passar dos anos, “vamos olhar para trás e perceber o
impacto das redes na história”, afinal o momento é de potencialização da
visibilidade. “Hoje, as pessoas precisam mostrar o tempo todo o que estão
fazendo, como uma vitrine. No futuro, acho que a preocupação será o grupo como
um todo e não mais o indivíduo”, afirma Santin.
Fonte: Porvir
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