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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Jorge Julio López: O desaparecido da "democracia" argentina

Jorge Julio López saiu de sua casa no dia 18 de setembro de 2006 e nunca mais apareceu. Alguns dias antes, havia deposto como testemunha em um processo contra o ex-comissário de polícia e repressor Miguel Osvaldo Etchecolatz, acusado dos crimes de tortura e desaparições durante a última ditadura militar argentina. Cinco anos se passaram desde seu desaparecimento e seus familiares e organizações de direitos humanos continuam à sua procura.

Jorge Julio López saiu de sua casa no dia 18 de setembro de 2006 e nunca mais apareceu. Segundo seus familiares, este pedreiro de 77 anos se dirigia pela manhã ao Palácio Municipal da cidade de La Plata onde ocorria a apresentação da acusação no julgamento contra o ex-comissário de polícia e repressor Miguel Osvaldo Etchecolatz pelos crimes de tortura e desaparições durante a última ditadura militar argentina (1976-1983). López era um dos acusadores.
Jorge López havia testemunhado dias antes diante desse mesmo tribunal. Em seu relato, havia detalhado, passo a passo, sua experiência na unidade de detenção n° 9 e os procedimentos ilegais de que foi objeto quando, em outubro de 1976, foi detido por um grupo a mando do ex-policial Etchecolatz. Naquela operação foram detidas também outras 12 pessoas, todos membros da unidade básica militante “Juan Pablo Maestre”, pertencente à organização de esquerda peronista, Montoneros. A sede da organização foi crivada de balas e queimada, e López ficou desaparecido durante 180 dias. Alguns de seus companheiros foram liberados posteriormente. Outros permanecem desaparecidos.
Com suas declarações, López envolveu uma grande quantidade de ex-policiais repressores nos processos abertos na cidade de La Plata pelo desaparecimento e torturas no denominado “Circuito Camps”, uma rede de centros de detenção que envolvia grande parte de Buenos Aires, e que era dirigida pelo general Ramón Camps, chefe da Polícia da província de Buenos Aires durante a ditadura militar. O ex-comissário Etchecolatz era sua mão direita e um dos agentes repressores mais conhecidos.
Por que Julio López desapareceu? Em agosto de 2003, o Congresso da Nação aprovou a lei 25.779, que provocou a anulação das leis de impunidade que, desde a chegada da democracia, estavam em vigor na Argentina, leis como a de Obediência Devida e Ponto Final. Posteriormente, em 2005, a Corte Suprema de Justiça revolveu que tais leis não só eram nulas como também inconstitucionais e inválidas. Esse fato possibilitou a reabertura de casos de desaparições que envolviam ex-membros dos aparatos de segurança da ditadura.
Para ler a matéria na íntegra, clicar Carta Maior

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