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sábado, 22 de outubro de 2011

Copa para quem?

Frente às violações de direitos humanos, o Comitê Popular da Copa leva o debate às ruas durante semana de mobilizações em São Paulo
 
Faltam 968 dias para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. A esta altura, é comum ouvir pelas esquinas da cidade pessoas perguntando-se como será o evento, se o país estará preparado para receber os jogos e os turistas, se a infraestrutura e os estádios ficarão prontos a tempo. Em outras esquinas há ainda os que se perguntam quem vai pagar a conta e a que custo se realizará a festa do futebol, para quem a Copa vai trazer benefícios e quais serão seus legados para as cidades.
Entre uma esquina e outra, organizações populares, movimentos sociais, torcedores, pesquisadores e habitantes, que já sentem os efeitos dos megaprojetos, têm se organizado para discutir com a sociedade os impactos urbanos e socioambientais da Copa-2014 no Brasil. Nas 12 cidades-sede, Comitês Populares foram formados com o objetivo de questionar a maneira como a preparação para este evento tem legitimado uma série de violações de direitos humanos da população, como remoções forçadas de moradores, restrição e perseguição a trabalhadores informais do comércio ambulante, falta de transparência nos projetos e contas públicas, ausência de participação popular e as diversas ameaças de suspensão de direitos até então consolidados na legislação do país.
Em São Paulo, cidade que acaba de ser anunciada pela FIFA como sede da abertura da Copa, o Comitê Popular local preparou uma série de atos e debates públicos para a semana de 23 a 29 de outubro, e pretende levar às ruas o debate sobre os impactos e violações que tem se multiplicado.
A Semana de Mobilização por uma Copa com Participação Popular se inicia no domingo, 23, com o ato “Para além do Fora Ricardo Teixeira”, organizado pela Associação Nacional dos Torcedores, nas proximidades do estádio do Morumbi, a partir das 13h. Na segunda-feira, 24, haverá o seminário “Os Impactos Sociais da Copa 2014 em debate”, na Rua Boa Vista, sede da Defensoria Pública de SP, das 9h às 18h, visando aprofundar o debate sobre a Lei Geral da Copa, as remoções e o direito à moradia, e avaliar estratégias de resistência e luta dos movimentos populares frente às violações.
Em seguida, na terça-feira de manhã, o Comitê levará o debate para as ruas, em uma grande manifestação na Praça da Sé com intervenções culturais e futebol na rua, para que a voz das populações atingidas pelas obras seja ouvida.
Quarta-feira será o dia de discutir os efeitos do megaevento para os trabalhadores informais. Lideranças de Camelôs das 12 cidades, articulados internacionalmente com movimentos de outros países onde já ocorreram megaeventos espotivos irão participar do Fórum “Campanha Cidades de Classe Mundial para Todos”. Os vendedores ambulantes tem sofrido perseguições e violência e nesta atividade poderão pensar a articulação política e colaboração mútua em rede para ações conjuntas frente às violações de direitos.
No dia 27, quinta-feira, a Defensoria Pública, no projeto Defensoria Volante, fará o atendimento in loco das famílias da Favela do Caititu, atingidas pelas obras da Copa. Para encerrar a semana, o Comitê Popular preparou uma oficina que ocorrerá dia 29, sábado, dentro da programação do Fórum Social São Paulo, com o tema: “Copa pra quem? Resistência e Luta dos Movimentos Populares Frente aos Impactos da Copa de 2014″, na Faculdade Zumbi dos Palmares.
O futebol mobiliza paixões, bem sabemos nós brasileiros(as). Por isso mesmo, é importante que a sociedade participe e se faça ouvir, antes que o jogo termine com a população perdendo de goleada. A mobilização, que ocorrerá também em outras cidades-sede na mesma semana, são mais um passo dos Comitês Populares para questionar: Copa para quem?  E neste sentido afirmar qual o seu projeto de cidade:
Pelo fim dos despejos e das remoções, da violência policial e da perseguição aos trabalhadores informais. Por transporte público, barato e de qualidade para toda a população. Por uma Copa com verdadeiro legado social, com transparência e acesso à informação. Pelo fim da elitização do futebol!

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