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domingo, 11 de setembro de 2011

Pós-11/09 na América Central significou escalada da presença militar dos EUA

Carlos Latuff (cartunista brasileiro)
A onda de choque no cenário político internacional, gerada logo após os atentados de 11 de Setembro de 2001, atingiu em cheio a América Central. E seus reflexos ainda são muito sentidos nos últimos dez anos. De acordo com analistas e pesquisadores consultados por Opera Mundi, esse evento influenciou a agenda política, econômica e social da região que, historicamente e de forma pejorativa, sempre foi conhecida como o "quintal dos fundos" dos Estados Unidos.
Embora a resposta militar norte-americana tenha se voltado para o Oriente Médio, a América Central não escapou dos efeitos da crise. Diante da condição imposta às nações do mundo pelo presidente George W. Bush logo após o ataque – "Ou vocês estão conosco ou estão contra nós" –, os presidentes das nações centro-americanas na época não demoraram em se reunir e condenar os atentados. Posteriormente, deram total respaldo a todas as ações militares norte-americanas.
Poucos dias após o atentado, governos centro-americanos de seis países (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Belize) divulgaram a declaração "América Central unida contra o terrorismo". Mais do que uma carta de boas intenções, os líderes da região firmaram acordos de segurança visando ações de cooperação contra o terrorismo, segurança e migração. Também aderiram à "Coalizão da Vontade", articulada por Washington para justificar a invasão do Iraque em 2003. Naquele ano, El Salvador, Honduras, Nicarágua, além da República Dominicana, no Caribe, enviaram tropas ao Golfo Pérsico.

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Terrorismo e narcotráfico

Esta renovada relação entre os EUA e a América Central foi se consolidando nos anos seguintes aos atentados do 11 de Setembro, com uma escalada da presença militar norte-americana na região. Trata-se de uma ofensiva baseada em dois eixos: contra o terrorismo e o narcotráfico. Aparentemente, um terceiro elemento, talvez o mais importante, se manteve oculto: o econômico.
"O 11 de Setembro não desencadeou nada que não estivesse previsto [na região] e foi um pretexto para impulsionar algo que já vinha sendo planejado. O apoio servil oferecido pelos governos centro-americanos permitiu que esse plano de militarização, controle econômico e saque de recursos fosse levado a cabo com mais impunidade e legalidade", disse ao Opera Mundi Bertha Cáceres, coordenadora do Copinh (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras).

Militarização

Segundo dados do Pentágono, em 2008, os EUA tinham 865 instalações militares em mais de 40 países, com uma mobilização de mais de 190 mil soldados em mais de 46 países e territórios.
"Em Honduras, temos a base de Palmerola/Soto Cano, a maior da região. E foram instaladas mais duas bases em Caratasca e na Ilha de Guanaja. Há patrulhas e manobras militares conjuntas em toda a região leste do país e não podemos esquecer a reativação da Quarta Frota, o impulso da Iniciativa Mérida (tratado de Segurança envolvendo EUA, México e América Central) e a intensificação de exercícios militares", explicou Cáceres.
Depois de cumprir 58 anos de sua dissolução (1950), a Quarta Frota da Armada dos EUA voltou a operar em 2008. Sob a chefia do Comando Sul e formada por 21 navios e seis esquadrões de helicópteros, a frota tem como território de intervenção a superfície da América do Sul, América Central e Caribe.
Para acessar ao Especial de 10 anos do 11 de Setembro do Opera Mundi, clicar Aqui.

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