Ato em memória aos Sem-Terra de Carajás |
Por Alessandro de Moura, terça, 13 de setembro de 2011
A história do Brasil foi construída a base de massacres de indígenas, africanos, imigrantes e seus descendentes. Também nos últimos 50 anos, neste país que permanece semi-colonial, abundam as chacinas e massacres policiais. Durante a ditadura militar burguesa centenas são assassinados e torturados. Ainda em outubro de 1963, no município de Ipatinga, em Minas Gerais, a POLICÍA MILITAR, com metralhadoras giratórias fuzila dezenas de trabalhadores que protestavam na USIMINAS. Este ficou conhecido como o Massacre de Ipatinga. Em 1970 torturam até a morte o operário metalúrgico e militante trotskysta Olavo Hansen, dois anos depois, em 1972, a POLÍCIA MILITAR produz a Chacina do Quintino (RJ), quatro anos depois, em 1976, a Chacina da Lapa (RJ). Em 1979 o operário Santo Dias será assassinado em um piquete. Também na CSN, em Volta Redonda, frente a uma greve dos trabalhadores, novos assassinatos são protagonizados em 1988. Neste ano 2.000 mil soldados avançam contra os grevistas, três metalúrgicos sofram assassinados, centenas são brutalmente espancados.
A saída pactuada da ditadura militar-burguesa, articulada entre partidos, centrais sindicais e sindicatos reformistas, com setores dissidentes da ditadura, impediu a punição dos torturadores e de seus patrocinadores, permitiu ainda manter estruturas e o modus operandi brutalmente repressivo contra a classe trabalhadora e a população pobre brasileira. Exemplo disso pôde ser observado em 2 de outubro de 1992, quando a POLICÍA MILITAR, coloca em evidência para quem trabalha e produz o Massacre do Carandiru, 111 internos são fuzilados.
No ano seguinte, em 23 de julho de 1993, POLICIAIS MILITARES, em uma operação de “higienização social” pró-burguesa e pró-patronal, com várias viaturas fazem um cerco à Igreja da Candelária (RJ), e disparam contra 70 crianças e adolescentes que dormiam nas escadarias da Igreja. Esta operação ficou conhecida como a Chacina da Candelária. Dezenas ficaram gravemente feridos, oito foram assassinados, destes, seis eram menores. No mês seguinte, também no Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto de 1993 cinqüenta de dois POLICIAIS MILITARES invadem casas em Vigário Geral e executam 21 moradores. A polícia produz a Chacina de Vigário Geral.
As forças repressivas estatais também são utilizadas para reprimir a greve dos pretoleiros em 1995. Apenas na primeira quinzena de maio de 1995 havia 350 mil trabalhadores e trabalhadoras em greve. Médicos, professoras e professores, previdenciários, aeroportuários, eletriciários e servidores de universidades federais, motoristas e cobradores de ônibus, ferroviários e metroviários aderem a greve, uma grande união por melhores condições de vida. No dia 24 de maio de 1995, por meio de determinaçãodo governo FHC, o Exército foi mobilizado para conter os trabalhadores. Na ocasião o Exército ocupou quatro refinarias para forçar os trabalhadores e trabalhadoras a voltarem para os postos de trabalho.
Também no campo a repressão policial é brutal. Em 9 de agosto de 1995 a POLICÍA MILITAR, em parceria com pistoleiros e jagunsos, protagoniza um ataque voraz contra 600 trabalhadores e trabalhadoras sem terra que ocupavam um LATIFUNDIO IMPRODUTIVO em Corumbiara, no Estado de Rondônia. A POLICÍA MILITAR produz o Massacre Corumbiara. Os manifestantes denunciam que cerca de 100 trabalhadores foram assassinados. No ataque pelo menos 50 trabalhadores ficaram gravemente feridos. Os laudos atestavam execuções sumárias. A polícia apresenta o número oficial de 16 mortos, entre estes uma criança.
Meses depois, em 17 de abril de 1996, a POLICÍA MILITAR bloqueia uma marcha de trabalhadores e trabalhadoras sem terra em Eldorado do Carajás. Nesta operação 150 policiais disparam contra 1500 manifestantes. 19 manifestantes são mortos, destes, pelo menos 10 foram executados a queima roupa, outras dezenas ficam feridos. A POLICIA MILITAR produz o Massacre de Eldorado do Carajás.
No dia 27 de julho de 2007 a POLICÍA MILITAR protagoniza o Massacre no Morro do Alemão, 1.350 policiais, entre civis, militares e soldados da Força Nacional. Contando com execuções sumárias foram assassinadas 19 pessoas, entre estes havia três menores, entre os feridos, pelo menos 5 eram menores. A POLICÍA MILITAR produz o Massacre no Complexo do Morro do Alemão.
O que há de comum entre todos estes processos? A defesa incondicional e violenta dos interesses dos industriais e dos grandes proprietários de terra, do patronato do campo e das cidades. Por eles, a polícia, esse raivoso cão de guarda, estraçalha trabalhador que nem papel.
Não esquecemos a ditadura, assassinatos, chacinas, massacres e torturas. O aparato policial é parte imprescindível da
dominação burguesa. É utilizado pelo patronato do campo e das cidades, pelos latifundiários e pela burguesia para reprimir e assassinar brutalmente os trabalhadores e trabalhadoras. As UPPs constituem táticas de uma estratégia de
dominação de classe trabalhadora e da população empobrecida. É parte elementar dos mecanismos de manutenção da subalternização dos despossuidos de meios de produção. Constituí parte fundamental da manutenção do latifúndio e da superexploração do trabalho.
Desemprego se combate com a criação de planos de obras públicas nacional que atenda toda a demanda, redução da jornada de trabalho e divisão do trabalho para todos os capazes de trabalhar. Fome se combate com a criação de restaurantes públicos gratuitos com alimentação de qualidade para toda população. Chega de transformar problemas sociais em caso de policia e em massacres!
Pela dissolução da policia! Pela auto-organização comunitária! Os trabalhadores e trabalhadoras precisam confiar em suas forças e a partir de sindicatos, organizações de moradores (não cooptadas pelo Estado burguês) garantir sua segurança e liberdade! Fora PM! Fora UPPs!
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