Por Assis Moreira
09/03/2014
GENEBRA - O
total global de títulos de dívida (emissões locais e internacionais) já
supera os US$ 100 trilhões, numa alta de 42% desde o começo da crise
financeira global, revela o Banco Internacional de Compensações (BIS),
espécie de banco dos bancos centrais.
Em meio à crise global, com recessão e desemprego, governos
procuraram pegar mais emprestado para tirar as economias da recessão, e
empresas também procuraram captar com os juros ultra baixos nos mercados
desenvolvidos.
Investidores foram atraídos pelo rendimento mais elevado com títulos
de emergentes. A fatia de títulos de dívida de mercados emergentes
detida por estrangeiros chegou a 12% do total, dobrando em relação a
2008.
Conforme o BIS, os mercados globais de títulos de dívida totalizaram
cerca de US$ 100 trilhões em meados de 2013, ante US$ 70 trilhões na
metade de 2007. As emissões por governos e empresas não financeiras
elevaram a fatia de papéis lançados nos mercados locais.
A dívida mundial total, incluindo os setores público e privado e
diferentes tipos de compromissos, alcança US$ 223 trilhões, ou 313% do
PIB mundial, segundo estimativas do Instituto Internacional de Finanças
(IIF), que representa os maiores bancos do mundo.
Segundo o BIS, diante da significativa expansão de gastos
governamentais nos últimos anos, governos centrais e locais se tornaram
os maiores emissores de títulos de dívida. O total desses papéis nos
mercados domésticos atingiu US$ 43 trilhões em junho de 2013, sendo 80%
maior do que metade de 2007. As emissões por empresas não financeiras
cresceram no mesmo ritmo e o estoque superou US$ 10 trilhões nos
mercados nacionais.
Bancos e empresas não financeiras têm sido os mais tradicionais
emissores de títulos no mercado internacional. O montante da dívida
colocada por essas instituições cresceu 19% desde metade de 2007.
Os investidores que absorveram o vasto montante de novas emissões de
dívidas têm sido, sobretudo, investidores estrangeiros, detendo US$ 27
trilhões do estoque global, como ativo de reserva ou na forma de
investimento de portfólio. Ou seja, cerca de um quarto dos títulos de
divida está nas mãos de investidores não residentes no país de origem do
papel, com investidores domésticos detendo os outros 75%.
A substituição de financiamentos bancários tradicionais com
financiamento por titulo de divida ocorreu em meio a apetite de
investidores por ativos com melhor rendimento que as taxas ultra baixas
de títulos soberanos nos mercados desenvolvidos.
Apesar de considerar positiva essa diversificação de fontes de
financiamento, o diretor-geral do BIS, Jaime Caruana, alertou na semana
passada que essa situação pode também trazer novos riscos “pobremente
compreendidos”.
Para ele, o recente rápido crescimento em emissões de bonds sugere
que a próxima tensão pode bem se originar nos mercados de capitais em
vez dos bancos'.
Fonte: Valor Econômico
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