"Como a dívida do Estado
se respalda nas receitas do Estado, que precisam cobrir os juros e demais
pagamentos anuais, o moderno sistema tributário tornou-se um complemento
necessário do sistema de empréstimos nacionais. Os empréstimos capacitam o governo
a enfrentar despesas extraordinárias, sem que o contribuinte o sinta
imediatamente, mas exigem, ainda assim, como consequência, elevação de impostos.
Por outro lado, o aumento de impostos causado pela acumulação de dívidas
contraídas sucessivamente força o governo a tomar sempre novos empréstimos para
fazer face a novos gastos extraordinários. O regime fiscal moderno, cujo eixo é
constituído pelos impostos sobre os meios de subsistência mais necessários
(portanto, encarecendo-os), traz em si mesmo o germe da progressão automática.
A supertributação não é um incidente, porém muito mais um princípio. Na
Holanda, onde esse sistema foi primeiramente inaugurado, o grande patriota de
Witt o celebrou por isso em suas máximas, como o melhor sistema para manter o
trabalhador assalariado submisso, frugal, diligente e (...) sobrecarregado de
trabalho."
MARX. A assim chamada
acumulação primitiva de capital. In: O Capital - Livro I vol. 2.
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