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terça-feira, 6 de março de 2012

A morte de Marcus Fleury, ex-chefe do SNI em Goiás

Mais um torturador morre impune. O que nos falta no Brasil e o que sobra das experiências  das ditaduras no cone Sul: Argentina e Uruguai punem os torturadores, enquanto aqui reina a eterna impunidade.

Fonte: Advivo
Seg, 05/03/2012 - 11:25
Ex-chefe do SNI em Goiás morre aos 75 anos

Capitão do Exército Marcus Antônio Brito de Fleury foi um dos nomes mais temidos pela esquerda no Estado durante a ditadura militar

Gabriel Lisita 04 de março de 2012 (domingo)

Capitão Marcus Fleury: o maior nome da repressão em Goiás
Morreu ontem em Goiânia, aos 75 anos, o capitão da Infantaria do Exército Marcus Antônio Brito de Fleury, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) em Goiás. Conhecido durante a ditadura militar como Capitão Marcus Fleury, dirigiu também a regional da Polícia Federal em Goiás, a Metago e a antiga Companhia Telefônica de Goiás (Cotelgo), onde se aposentou do serviço púbico.
Marcus Fleury se sentiu mal pela manhã e sofreu um ataque cardíaco enquanto era levado ao hospital. Seu corpo está sendo velado no cemitério Jardim das Palmeiras, onde será enterrado.

Considerado o maior nome da repressão em Goiás, Fleury teve atuação marcante durante os anos da ditadura militar (1964-1985), quando integrou o 10º Batalhão de Caçadores, em Goiânia, e foi um dos fomentadores regionais do processo que desencadeou no golpe de 1964. Temido até por militares de alta patente pela grande influência na Inteligência, participou das operações mais conhecidas contra grupos de esquerda no Estado, a principal dela o desaparecimento de Marco Antônio Dias Baptista, o mais novo desaparecido político do Brasil.

Em maio de 1970, o grupo de Fleury prendeu Marco Antônio Dias Baptista, estudante de apenas 15 anos, integrante da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). O jovem, conhecido pelos amigos como Chinês, fugiu após uma visita à família e nunca mais foi visto. A família de Marco Antônio foi indenizada pela União em R$ 137 mil.

Outro caso de repercussão em Goiás foi a morte de Cassimiro Luís de Freitas, organizador da VAR-Palmares na cidade de Pontalina. Cassimiro foi levado para o 10º BC, onde foi torturado e espancado pelos militares. Morreu 48 horas depois.

Durante o governo biônico de Irapuan Costa Júnior (1975-1979), quando foi secretário de Governo, se envolveu em outro caso polêmico. Acusado de espionagem pelo governador, foi exonerado do cargo de secretário. Fleury teria suspeitas de que Irapuan estivesse aderindo ao movimento de abertura e instalou diversas escutas em seu gabinete. O caso marcou o rompimento entre eles.

Já nos anos 1990, Marcus Fleury revelou ao POPULAR um documento que comprovava que, nos anos 1960, o então governador Otávio Lage pediu aos militares a cassação do então prefeito de Goiânia Iris Rezende. Lage sempre negou tal pedido.

Apesar da imagem de perseguidor cultivada durante a ditadura militar, Marcus Fleury, que era engenheiro elétrico, também ficou conhecido como um notório nacionalista e um grande visionário nas áreas de exploração mineral e na área de telecomunicações.

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